Eu (não) sou um psicopata. Capitulo 19. Caso 213.

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No começo da noite meu tio me entrega o oficio. A ordem era clara, eu deveria comparecer ao tribunal da cidade e procurar o juiz responsável pelo caso 213. Estou sendo acusado pelo desaparecimento de Carlos Daniel. Minha espinha arrepia. O plano ainda assim era fácil, chegar, dizer que apenas o vi na padaria e ir embora.

Conto as meninas durante o jantar e peço carona, Lucy me nega e tenta se explicar, para evitar novas discussões apenas aceito e vou deitar.

Ao amanhecer tomo banho e caminho até o tribunal com um copo térmico de café. Estou com a roupa menos apropriada possível, tênis, calça moletom e um casaco. O lugar é amedrontador, os corredores são largos e lotados de criminosos e advogados, me sento e aguardo ser chamado. Não demora muito e o juiz me chama.

- O senhor Carlos Daniel está desaparecido a mais ou menos umas duas semanas, a investigação nos trouxe até você que, segundo algumas fontes, o viu ontem pela manhã na padaria da 7ª Avenida. Por sorte estávamos relacionando as últimas pessoas que viram o indivíduo no momento que recebemos a ligação do departamento de vigilância. Algumas câmeras os seguem por uns 3 quarteirões e simplesmente isso é tudo que temos. Para onde você foi Senhor?

- Eu fui para minha casa.

- O que vocês dois conversaram durante da padaria?

- Nada demais, conversamos um pouco sobre café e de um projeto que ele tinha.

- O livro?

- É eu acho que sim.

- Você acha?

- É, eu achei bem curioso no início, mas foi só isso, fui para casa e não o vi mais.

- Você disse que foi para casa. Nossos dados informam que o senhor mora na cidade vizinha.

Fico pálido, frio.

- Na verdade eu estou passando um tempo na casa que pertencia aos meus avós.

- Desde quando?

- Umas 3 semanas – fico trêmulo.

- Tudo bem então. – Ele se levanta e me cumprimenta. – Seja bem-vindo a cidade Harry. – Sorri.

Retribuo o sorriso.

- Muito obrigado. É so isso?

- Assim que necessário você será chamado para repetir o depoimento.

Saio da sala um pouco nervoso, mas aliviado. Corro direto para o bosque. Caminho um pouco por ali e decido entrar no lago. O lugar está como eu gosto, vazio. Apesar de estar um pouco fresco, a água me relaxa, mergulho um pouco e me sento nas pedras. Por alguns minutos fico pensando nas coisas que eu já fiz, algumas memórias do reformatório, da minha casa e de tudo que me restou. Fico ansioso ao lembrar das meninas e de como elas reagem a tudo isso, a mim. Volto para o bosque e visto minha roupa. Caminho para casa.

Eu (não) sou um psicopata. [VERSÃO REVISADA]Onde histórias criam vida. Descubra agora