Eu (não) sou um psicopata. Capitulo 5. Mais uma morte na minha cabeça.

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Estávamos na cozinha, todos os meus "colegas" do reformatório, eu estava sentado próximo a porta, sozinho. Alguns garotos chegaram até a mesa e sentaram-se.

- E ai?

Levantei os olhos para a dupla que estava na minha frente.

- Eu sou Pitter - Disse o garoto de blusa azul.

- Eu sou o Samuel... - Disse o outro de preto.

- Harry, meu nome é Harry... - gaguejo.

- E o que você fez? - Pitter me questionou sentando na minha frente.

- bem... eu... - Eu não sabia como responder aquilo.

- Eu fui pego vendendo maconha na escola... - interrompeu Samuel.

- Eu roubei... roubei um supermercado... - completou Pitter.

- Eu tentei matar um cara... e matei outro... - falei rapidamente encarando os garotos

- Nossa - responderam em coro.

- É... isso é bem ruim...

- Na verdade é normal - Samuel me surpreendeu.- Tá vendo aquele menino? O de boné? Ele matou os pais dele...

Pitter olhou para ele e revirou os olhos.

- Pelo menos, é oque dizem... - terminou Samuel

- Você tem amigos?

- Tenho... bom... eu acho que eu tenho

- Mas e aqui dentro?

- Não... com certeza não...

- Qual que é o seu quarto ?

- Acho que é o 9...

- 8... só tem até o 8... é o nosso quarto...

- Sério?

- Bem vindo ao inferno Harry... - Samuel riu.

- Subam todos! A hora do lanche acabou ! - gritou Sr.Petterson da porta. Seus olhos rigidos percorreram o salão e pararam no meu.

- Vamos... - Samuel levantou e deu tapas na mesa.

Subi com os garotos até o quarto. Eu estava me sentindo cansado. As lágrimas ainda estavam no meu rosto, secas. Fui até o banheiro para tomar banho. Haviam alguns garotos tomando banho, um de frente para o outro. De um lado da parede: pias, na frente os vasos, no fundo, dos dois lados da parede: os chuveiros divididos em casinhas, no centro bancos e no fundo os mictórios. O vapor subia pelas aberturas deixando aquele lugar quente, úmido, nojento. Fui até o banco, tirei a roupa, me enrolei numa toalha e fui em direção ao chuveiro.

- Ui... o novato é bem dotado - Disse um garoto do lado esquerdo.

Ignorei e entrei no box. Eu fiquei muito tempo lá dentro, sozinho. 

º____________ _____________º

Depois do banho coloquei a roupa e fui escovar os dentes. Eu tinha trazido coisa demais pro banheiro, além das roupas trouxe os primeiros socorros que mamãe preparou para mim. Eu não entendi o porque ter trazido pro banheiro. Abri e observei as coisas que eu tinha trazido. Fui interrompido com o som de uma descarga. Um menino apareceu no reflexo.

- Fiquei sabendo de você! O novato...

- Qual seu nome?

- Não interessa para você... você só precisa saber que eu mando aqui dentro.

- Ahn?

- Esquece...

- Tá... - Eu esperava esse tipo de coisa aqui. Ele chegou perto de mim e me empurrou contra a pia com o quadril, eu conseguia sentir uma ereção na minha bunda. Joguei espuma da minha escova nele.

- Seu... Seu...

Empurrei ele contra o meu corpo, ele acabou escorregando e caiu perto de mim. Coloquei meu pé sobre o seu peito e peguei do meu estojo a tesoura que trouxe num kit de primeiros socorros.

- Você não tem coragem.

- Você quer ver?

- Quero ver você tentar !

Me abaixei e cravei a tesoura no estomago dele, ele gemeu, cuspiu sangue, me ajoelhei perto do seu rosto.

- Você viu? Você viu? - foi como se eu tivesse me libertado, me libertado de mim mesmo, da culpa e dos olhos alheios. Desfiro alguns golpes em seu corpo deitado.

Ele não respondeu mais. Seus olhos negros me encaram fixamente, tirei a tesoura e coloquei sobre a pia, deixei seu corpo no chão, bem próximo a pia. Parecia suicídio? Eu não sei. Lavei minhas mãos e sai dali como se nada tivesse acontecido.

Guardei as coisas com pressa e me deitei cobrindo o corpo, Samuel e Pitter me chamaram:

- Oque foi cara?

- Está frio né?

- É.. um pouco.

Relaxei... lembrei dos meus amigos, lembrei do menino no banheiro, eu gostei, realmente eu gostei. Ouço algumas coisas no corredor e durmo.

Eu (não) sou um psicopata. [VERSÃO REVISADA]Onde histórias criam vida. Descubra agora