Eu (não) sou um psicopata. Capítulo 8. Jantar, a morte.

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No dia seguinte ao velório vamos jantar na casa de Lucy. A mãe dela preparou frango com molho de laranjas, arroz vegetariano e cebolas fritas. Começamos a comer em silencio, Laura está em minha frente, a mãe de Lucy ao seu lado e ela ao meu lado. Por alguns minutos é assim, calmo, quieto até que a mãe de Lucy quebra o gelo.

- Então... Harry... porque mesmo você foi preso, digo, ao reformatório?

- É... - começo a responder, sem nenhuma vontade.

- Ei mãe! Porque? Porque a gente não vai buscar a sobremesa?

- É cedo meu bem!

- Porque não vamos buscar a sobremesa?

Elas se levantam, a Sr. Meruim larga o guardanapo sobre a mesa e de repente Lucy pega o garfo que servia o frango e golpeia sua mãe no olho esquerdo. Um golpe profundo o suficiente para atingir seu cérebro. Laura entra em choque e derruba o vinho. Me levanto a tempo de tirar a arma das mãos de Lucy, o corpo de sua mãe cai, ainda gemendo um pouco e Laura corre chorando.

- Oque foi isso Lucy?

- Ela já estava chata a muito tempo. Só gritava, era falsa e depois que papai morreu todas as coisas aqui dentro só pioraram.

- E você acha que pode fazer isso assim? Quando quiser? Com quem quiser?

O corpo para de se movimentar em meio a todo aquele sangue.

- E não foi isso que você fez? Simplesmente matou? Acha que é melhor que eu por isso?

Fito seus olhos. Ela me encara e se vira em direção a sala. Balanço a cabeça questionando.

Vou até a sala onde Laura chora no sofá. Me sento e dou-lhe um abraço, após um tempo Lucy aparece com uma seringa e a injeta em Laura. Laura a encara sem dizer nada. As lágrimas em seu rosto respondem a todas as perguntas.
Pego o braço de Lucy e pergunto.

- Quando foi que ela pediu isso?

- Depois que Pedro morreu.

Laura se escorra no encosto e continua a chorar. Aperto mais forte sua mão, ela acaba dormindo alguns minutos depois, eu e Lucy começamos a organizar a casa.

Colocamos o corpo de Meruim no banheiro e decidimos colocar o garfo novamente.

Quando Laura acorda ligamos para a polícia, até fingimos um choro. Passo a noite ali,os delegados levaram Laura para casa após os questionamentos, pegamos o sorvete e assistimos a um filme. O final perfeito para esta noite. No dia seguinte Lucy vai ser questionada.

- O que foi que realmente aconteceu entre vocês nos últimos anos?

- Eu acho que foi só a puberdade.

- Não foi não.

- Por onde eu começo? - ela suspira - quando eu fiz 16 nós fomos a ShootFlies, sabe? Aquela festa. Bebemos muito e também foi a primeira vez que eu chapei. Só que eu não sabia que meu pai ia estar lá. Ele nos empurrou para dentro do carro e a gente discutiu muito aquela noite, teve uma hora que ele nem olhava para a frente. – Ela suspira - Ele nem notou que a gente ainda estava no carro, eu gritei para ele voltar a dirigir e calar a boca mas foi tudo muito rápido, a gente capotou. – Ela lacrimeja - Foi muito sem querer, o carro amassou muito – ela limpa com a manga - de repente tudo começou a pegar fogo, quando eu consegui sair eu só via fogo e minha perna sangrando.

- A cicatriz...

- Consegui gritar até Pedro sair, ajudei ele a tirar Laura, mas, mas... – ela chora.  - o carro rolou mais um pouco sem o nosso peso...

- Seu pai... - algo prende minhas palavras finais.

- Ele ainda estava lá dentro.

Ela chora mais um pouco. Ficamos em silencio um tempo.

- Uns dias depois, Laura ficava tentando me distrair, a gente passava muito tempo
junto, ela pediu ajuda quanto ao primeiro beijo. Harry... eu não sabia onde estava
minha cabeça, a gente se beijou, Pedro surtou, ele me xingou e até me bateu.

- Como assim? - Me reviro.

- No rosto. - Ela se senta e fita a tela - ficamos semanas sem nos encarar até um dia que
ele veio me pedir desculpas... A gente se beijou...- ela me olha e ri. -  depois disso nada ficou como antes. Nada. Você fez muita falta Harry.

Dou um sorriso baixo e a abraço de lado beijando sua testa.

- Muita... - ela conclui

- Obrigado por me falar essas coisas...

Nos abraçamos e dormimos no sofá.

Na manhã já era o dia de sábado. Minha ideia de ir para outro lugar nunca foi tão
certa.

- Hey, Lucy, eu acho que eu vou embora.

- Que história é essa? Como?

- É, isso mesmo. Eu vou embora. Vou morar em Mountain Falls. Papai e mamãe me
apoiaram e acham que é o melhor eu me afastar daqui.

- Mas e a gente Harry? Eu e Laura?

- Venham juntas ora!

Ela balbucia algumas coisas e com as mãos na cintura me responde.

- É, quer saber, eu topo, vai ser bom! – Ela sorri e me abraça. – Você avisa Laura? Já
temos onde morar?

- A casa dos meus avós. Abandonada a meio século eu acho – Exagero, a casa foi
deixada após minha vó falecer e meu vô se internar, meus pais não a venderam e me
deixaram como herança.

Vou até a casa de Laura, seu quarto está todo bagunçado, os pôsteres rasgados,
moveis no chão e a cor rosa da parede agora está coberta por um cinza escuro. Laura está pintando o rodapé de seu guarda-roupa de roxo, seu cabelo, agora meio avermelhado foi cortado até os ombros e suas roupas curtas confirmam toda essa mudança.

- Ei Harry...

- Oi Laura... – me agacho - está tudo bem?

- É claro – ela se levanta e fecha a porta - veio ver o que causou?

Por um momento achei que iriamos discutir ou coisa parecida. Ela tira a camiseta, seu sutiã desapareceu.

- É, Laura... – começo a levantar, ela me interrompe me beijando, me empurra contra o chão, tira sua calça e caímos em meio a tinta, rimos, ela volta a me beijar tirando minha calça. Sua respiração está acelerada, quente, me entrego aquele momento, a coloco de costas para o chão e tiro o restante de minha roupa. Suas mãos aranham minhas costas com o aumento dos acontecimentos.

Horas e um banho depois conto a Laura sobre minha ideia e ela aceita, de primeira, acho que sua tentativa de fugir de tudo isso está ficando cada vez mais clara. Seus pais discordam no início, mas aceitam, seu pai nos dá seu carro, já que estava comprando um novo para Laura. A mãe de Laura me entrega uma carta que guardo no bolso. Vamos para a casa de Lucy e pegamos as coisas, sem muitas despedidas ligo para meus pais, Annie não fala comigo. Sinto que a perdi. Após a janta partimos.

Eu (não) sou um psicopata. [VERSÃO REVISADA]Onde histórias criam vida. Descubra agora