Eu (não) sou um psicopata. Capitulo 13. Uma longa viagem.

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O dia amanhece rapidamente. Parece que as horas estão passando mais rápido. Acordei cedo junto com as meninas, mas ainda finjo estar sonhando.

- E esse tanquinho gato? – Lucy me cutuca.

- Eu sei... não precisa nem comentar. – Me sento. - Eu sei que está ótimo.

O calor da região me incomoda, andar sem roupa me incomoda. Tomo café apenas de calção e ainda sim me sinto suado. Decidimos faltar aula e ir visitar minha mãe hoje à tarde. Meu carro está finalmente limpo depois que tirei todas as bugigangas e o lavei. Fomos ao banco retirar dinheiro que meu pai depositou e partimos. A viagem não demora muito. Na entrada da cidade há um velho restaurante onde eu e papai vinhamos almoçar. É ali que paramos. O cheiro de fritas e bifes daqui reconforta meu pulmão.

Por volta das duas da tarde buzino na casa de meus pais. Minha mãe logo aparece na porta e me cumprimenta. Enquanto a abraço vejo Annie surgir na porta. Já é o quarto aniversário dela que perco. Corro em sua direção e ela me abraça, sorridente, depois de muito tempo. Quase me sinto perdoado, como se algo tivesse sido tirado de mim.
Quase como se instantaneamente alguém surge por trás de Annie. Observo o garoto dos pés à cabeça. O calção jeans, o peito definido sem camisa, o corte de cabelo moderninho, a franja é característica de Richard.

Minhas pupilas dilatam e paralisam meu rosto ao encarar seus olhos. Ele sorri e estende a mão. A imagem da noite passada invade a minha mente. Não acredito que era este animal. Não acredito que ele estava aqui. Não vejo meu pai. 

Entramos e nos sentamos no sofá da casa, eu estava com saudade.

- Onde está papai?

- Ele... Ele... - Mamãe parece não saber.

- Papai foi comprar... - Annie faz uma pausa e olha para Richard naquele momento. - foi comprar umas coisas...

- Annie onde você estava ontem? - Questiono, gratuitamente, todos me olham pela pergunta aleatória. 

- Annie estava em casa, não é filha? - mamãe me responde - nós assistimos TV a noite toda...

Richard está com a minha irmã, e está traindo ela. Ele parece ver minha demonstração de desconforto e não demora a ir embora, dando tchau apenas para mamãe e Annie.

Passamos uma tarde muito boa após a saída de Richard. Conto a minha mãe sobre nossa vida, excluindo as partes criminosas para ela. Quando a noite chega nos despedimos e voltamos para casa, sem ver papai. Jantamos a torta que minha mãe nos deu e dormimos, estou decidido a ir para a escola na manhã seguinte.

Dormimos os três na mesma cama até algo atingir nossa porta. Coloco o roupão para esconder minha nudez e desço até a origem do som. Mais um estrondo. Prendo o gancho da porta e a abro. Uma sensação de estranheza me escora, outro calafrio.

- Senhor Peterson... – falo quase assustado.

- Anda logo garoto. A polícia está atrás de mim.

Sua voz está assustada assim como eu, quase sem pensamentos. Retiro o gancho e abro a porta.

- Entra, senta aí...

Me viro para fechar a porta.

- Você sempre teve uma bela bunda Harry... – Sinto um tapa e reviro os olhos. – Harry... – seu tom muda. – Preciso de uma ajudinha...

Ele se aperta contra a parede...

- Está tudo bem? Descobriram o que você fazia com a gente?

Laura e Lucy surgem pela escada.

- Garoto... quando você saiu de lá aconteceram alguns acidentes... Pitter caiu da escada e acabou morrendo... – Minha garganta se fecha. Como assim Pitter caiu da escada? – Como já haviam algumas suspeitas sobre mim e sobre o lugar... e isso já tinha acontecido antes tivemos que nos livrar do corpo. Os pais dele sumiram... ele iria ser transferido... desde que isso aconteceu a polícia me persegue... e agora encontraram a Pop's morta...

O que Petterson fez o Pitter? Tudo que ele largou sobre mim me deixaram com essa pergunta. Pitter foi uma das únicas pessoas importantes para mim dentro daquela merda e agora ele estava morto por culpa de Petterson.

- Mas porque... se está fugindo, está culpado?

- Porque eu o matei... graças a esse maldito transtorno... – Isso me atinge como um soco. A confirmação que eu precisava. Foi ele. – Eu acabei me apegando a isso...

- Ao que? A matar? A acabar com a vida de todo mundo que fica lá dentro? 

- A ter essa segunda realidade....

- E no que eu te ajudo? Você acabou de conversar ter matado meu melhor amigo...

- Me esconda... nós dois sabemos que você está sendo descuidado, essas suas atitudes estão sendo aos poucos descobertas.... E eu acho que podemos nos ajudar...

- Porque eu aceitaria? Porque Petterson?

- Porque você sabe que não tem cura para isso dentro de você... – ele coloca seu dedo em meu peito.

Aceitá-lo talvez seja mesmo o melhor, eu posso usar ele ao meu favor.

- Isso não é um abrigo, é um favor... – me afasto. – Onde estão suas coisas?

- Abandonei meu carro na entrada da cidade, minhas mochilas estão no seu quintal. – Ele aponta para os fundos.

Óbvio que ele tinha se planejado.

Ele tira a camisa. Eu não me lembrava de como ele mantinha seus músculos definidos. Uma visão do reformatório passa por meus olhos. Acabo o encarando. Tudo que eu vejo me lembram coisas, toda essa informação.

- Eu sei que sou bonito... agora pode parar de encarar. – Ele se aproxima e coloca a mão no meu queixo. Viro meu rosto.

- Onde é o banheiro?

- Lá em cima... – ele beija meu rosto e me solta com força.

Subo logo atrás dele e aponto o quarto de visitas. Me jogo ao lado das meninas. Eu não sei quais são as reais intenções dele, mas eu preciso descobrir."

Eu (não) sou um psicopata. [VERSÃO REVISADA]Onde histórias criam vida. Descubra agora