Eu (não) sou um psicopata. Capitulo 7. Psicopatia, Pedro.

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Passamos a noite no hospital, Lucy e eu ligamos para nossos pais e dormimos aqui. A poltrona foi desconfortável mas foi suficiente. O sol nos acordou aos poucos, me levantei e me arrumei. Meus olhos vaguearam pela maca de Pedro. Eu poderia matar ele agora mesmo. Mas fui interrompido.

- Onde está Laura? – Questiona Lucy ainda sem se vestir na poltrona.

- Eu não sei, ela ia até em casa pegar umas roupas...

- Então ela volta logo - Diz ela vestindo sua calça.

- É pode ser - Observo os aparelhos de Pedro, - o laudo diz que isso não foi automutilação.

- Então, logo, saberão que foi você. ?!

- Não sei, mas... - Laura abre a porta interrompendo meu raciocínio.

Ela bate à porta.

- Obrigada Harry.

- Pelo que ? – Encaro Lucy por um momento.

-  Já faz tempo que ele ferrou comigo, então, obrigada por colocá-lo no hospital.

Balbucio alguma coisa enquanto tento ligar as coisas, Laura e Pedro se amavam, alguma coisa muito intensa aconteceu com eles para Laura pensar assim.

- Vamos tomar café? – Lucy piscou pra mim.

- Claro - Pego meu casaco e abro a porta.

º___________º

Enquanto as meninas caminham até o banheiro, termino meu café. O banheiro de uso público fica no térreo do hospital, cinco andares abaixo, tenho tempo suficiente para pensar na morte de Pedro. Os enfermeiros do andar se concentram na sala de cirurgia, ainda é cedo, só os plantonistas estão por aqui. Caminho rapidamente até o quarto de Pedro, sem vigilância, entro e tranco a porta. Pedro está com os respiradores, eu perfurei um pedaço de seu pulmão, oportunidade perfeita. Vou até o lado direito dele, onde estão os equipamentos, desligo o som dos monitores como aprendi nos filmes que eu assistia, pressiono o tubo que conecta seu nariz. 10 segundos, 11, ele abre os olhos, abre a boca, meche as pernas, braços, seguro sua boca, sua pupila dilata, ele está desesperado, 20 segundos, seu monitor cardíaco estaria gritando se eu não o desligasse, 23, 24, ele se limita a movimentos pequenos, seus dedos diminuem a velocidade, 25.

Seus curativos se abrem com seus movimentos bruscos, 26, seu pulmão contrai fazendo seu tórax diminuir de tamanho, 27, uma onda de calor percorre todo meu corpo, um arrepio, uma excitação, 29, 30, tudo nele agora se movimenta devagar, a sua fragilidade auxilia o processo. 35, 36, sorrio lentamente ao vê-lo debilitado daquele jeito, entregue a mim, entregue a morte. 41, 42, 43, ele já não pisca, alguns de seus membros se movimentam, sua boca suga minha mão desesperada por ar. O tão poluído ar, cheio de bactérias e sujeira hospitalar. 50, 51, essa sensação prazerosa vai me tomando e eu não quero mais larga-lo. As agulhas que conectavam suas veias ao soro e aos medicamentos agora machucam seus braços e o deixam sangrando. 60, 61 ele para e somente sua boca se movimenta na tentativa de puxar o ar.

Meus olhos percorrem seu corpo e seu peito nu está lambuzado com o sangue dos ferimentos. Meus dedos tremem para toca-lo. Deslizo minhas digitais pelo seu abdômen definido e penetram seus rasgos. Ele treme ainda mais a boca em minha mão. 70, 71, meus dedos invadem ainda mais seus ferimentos, sua boca para de movimentar minha mão e então o monitor indica a sua morte. 75. Solto seu corpo e limpo a mão no lençol manchado. Logo os médicos invadiram a sala. Corro do quarto e volto para a lanchonete limpando os resquícios de sangue de meus dedos com o guardanapo. Termino meu café, as meninas voltam.

- Ainda aí?

 -Eu não sairia daqui por nada...

Vejo os funcionários correrem pelo corredor.

- Meninas, tenho uma proposta para vocês... – apoio meu braço na mesa-  o que vocês acham de morarmos sozinhos? Minha...

Sou interrompido por uma enfermeira.

-Laura, você poderia me acompanhar?

Elas caminham até um dos pilares, Laura solta algumas lagrimas,uns gritos, a enfermeira coloca a mão em seu ombro e se afasta. Laura retorna até a mesa com a maquiagem borrada. Lucy se levanta.

- O que houve Laura?

- Pedro... – Ela cobre o rosto e se deita no ombro de Lucy dando socos - o Pedro...

Finalmente eu me completo.

Fomos dormir na casa de Laura, ela está inconsolável, não sinto pena. Lucy usa heroína no quarto. Laura, depois de tomar banho vai ao quarto de Pedro, deita em sua cama e chora.

- Laura, não adianta ficar assim. – me escorro na porta.

- Ah, o fato de ele ter morrido por falta de ar não tira a sua culpa.

- O que você quer dizer?

Ela se levanta. Não estou a entendendo, deve ser a heroína.

- Sei que não foi você - ela me beija.

Alguns segundos e ela sai. Fico ali parado, conectando informações, fecho a porta e saio. Derrubo o aquário do corredor e me deito em minha cama.

Eu (não) sou um psicopata. [VERSÃO REVISADA]Onde histórias criam vida. Descubra agora