Eu (não) sou um psicopata. Capítulo 14. Memórias.

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As palavras de Harry me deixavam cada vez mais impactada. Aquilo que ele me contava cada vez mais me assustava e me deixava mais tensa. Tento não demonstrar reações ao ouvi-lo, mas era quase impossível.
Quando ele fala sobre esse Petterson e as memórias eu preciso pará-lo.

- Harry, você pode me contar oque ele fez?

Ele não me olha, mas seus olhos despedaçam em pequenas lágrimas até ele começar a falar.

- Ele abusou de mim.

Como eu suspeitei.

- Uma vez?

- Não. - Ele faz uma pausa, a raiva retorna à sua voz. - Foram várias vezes... depois que o primeiro ano de confinamento terminou ele se aproximou de mim...

As suas mãos limpam as lágrimas.

- Ele se aproximou de mim e me forçou a... me forçou a...

Eu sabia o que vinha a seguir.

- Ele me forçou a masturbá-lo, chupá-lo e fazer o que ele queria. Quando me dei conta que aquilo era errado ele já tinha me manipulado, já tinha me feito gostar do perigo, gostar daquilo, gostar dele. Petterson começou a me transformar. Nós passávamos horas conversando e conversando. Ele me dizia exatamente oque eu queria ouvir. Até que as coisas mudaram.

- Como assim Harry?

- Ele tinha me contado que já tinha matado pessoas ali dentro. Por prazer. Quando eu vi ele levando o corpo da cozinheira embora eu usei aquele segredo a meu favor. Eu estava cansado dele e então eu o manipulei. Eu tentei virar o jogo para mim.

A raiva em sua voz era algo que me deixava intrigada.

- Ele me trazia coisas, me levava para sair e em troca eu dava para ele oportunidades... para que ele matasse mais.... me usasse mais...

Eu queria perguntar o porque, queria ouvir mais, mas ele já estava cansado. Se mostrava cansado.

- Muito bem Harry, acho que avançamos muito por hoje. Podemos continuar amanhã?

Ele responde que sim com a cabeça.

- Lembre-se, você pode confiar em mim. Sempre.

Sorrio amigávelmente para ele. Abro a porta e o policial entra para levar ele de volta para a cela. Eu precisava de calma para pensar em tudo que ouvi. Estou tremendo. Com medo. Tranquei a porta e me sentei. Minhas mãos percorreram meus cabelos e eu me escorrei sobre os braços em cima da mesa.

- Harry... Harry....

Suspirei, as palavras dele estavam vagando pela minha mente em loop. Ele me contou tanta coisa e ao mesmo tempo ainda não me falou nada. Porque ele não me contou sobre o reformatório ainda? Oque aconteceu lá dentro que ele está negando a si mesmo? Distraio os pensamentos ao ver o relógio, já era tarde e eu precisava ir embora. 

Eu (não) sou um psicopata. [VERSÃO REVISADA]Onde histórias criam vida. Descubra agora