04 • Still Into You

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Depois de quase três anos sem poder tocar ou ver Jimin pessoalmente, e até mesmo sem poder sentir seu cheirinho de amaciante de bebê, já era esperado que eu me derretesse todo ao vê-lo materializado a minha frente outra vez.

Entretanto, eu não pude prever quão surreal isso pareceria, assim como não consegui calcular o tamanho da minha felicidade ao vê-lo novamente, bem aqui, tão perto de mim.

Ele, por outro lado, não pareceu nem um pouco contente em me ver naquele aeroporto junto de Sora. Por isso, antes mesmo de cumprimentar qualquer um de nós, Jimin simplesmente mudou o trajeto e caminhou até o ponto de ônibus mais próximo com suas 348 malas arrastando no chão granuloso.

E quando finalmente paramos ao seu lado no banquinho do ponto, depois de segui-lo durante todo o caminho até lá, fomos duramente ignorados como se nem mesmo existíssemos.

Esse é o jeito dele de dizer 'uau, dois traidores vieram me buscar... mas cadê os meus amigos?'.

De qualquer forma, não demorou muito tempo para que eu ganhasse seu perdão, ainda que sob algumas condições.

Condição número um: ele dormiria ao lado da parede durante toda a semana que passaria em minha casa. Dois: eu seria obrigado a assistir a todo e qualquer filme pelo qual Jimin se interessasse. E três: nada de apertar suas bochechas gordinhas por, pelo menos, 48 horas.

Agora, já deitados em meu colchão mediano e de qualidade questionável, meus olhos vagueiam pelo rosto absolutamente perfeito do garoto que, a despeito da minha presença, não para de digitar no celular um segundo sequer.

- Minha mãe! Preciso avisar minha mãe que cheguei - ele resmunga sozinho, concentrado nas mensagens que escreve sem parar. - Meu deus do céu, ela vai me matar quando descobrir que eu quebrei o fone de ouvido sem fio que ela me emprestou...

Eu dou uma risada fraca, ainda hipnotizado pelo rostinho mais lindo desse mundo.

Sora tinha razão, Jimin está indiscutível e absolutamente ainda mais bonito do que antes.

- Por que não liga pra ela? - pergunto ao me ajeitar sobre os lençóis.

- Mamãe deve estar ocupada agora... Jihyun rouba todo o tempo que ela tem pra descansar.

Roubar.

Minha cabeça imediatamente voa para algum canto distante demais de onde estou. Sem querer, meus pensamentos acabam pousando sobre os ponteiros do relógio, que giram no sentido anti-horário e me levam para o dia anterior, no restaurante de Minyoung. Com Jungkook.

Eu estive evitando pensar nele durante as últimas horas, e não foi nem um pouco difícil esquecer de sua existência ao ver Jimin surgir naquele aeroporto lotado. Entretanto, o verbo 'roubar' faz tudo isso ir por água abaixo em questão de milissegundos.

Como uma panela de pressão, minhas preocupações envolvendo Jungkook voltam a explodir em minha cabeça outra vez. E a frustração espeta meu peito enquanto me lembro do quanto esperei que ele aparecesse mais cedo. Talvez eu tenha criado expectativas altas demais para alguém como ele.

- Tae? - Jimin dissolve meu devaneio com um estalar de dedos. - O que aconteceu? 

Eu solto a respiração enquanto fujo dos olhos miúdos ao meu lado, mas sou obrigado a pensar em uma resposta quando Jimin me chama mais uma vez, preocupado. Ele se ajeita melhor na cama, vira seu corpo de frente para o meu e puxa o lençol até cobrir metade de seu rosto enquanto mantém seus olhos curiosos sobre mim.

Rose-Colored Boy ❧ TaekookOnde histórias criam vida. Descubra agora