11 • Low-key, no pressure, just hang with me and my weather

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Saí daquele táxi com o coração ainda apertando dentro do peito.

- Eu já volto, só um instante - avisei meio desnorteado ao taxista antes de caminhar para dentro de casa.

Logo que entrei em meu quarto, olhei o celular e reli o histórico de mensagens que troquei com Jungkook durante todo o trajeto.

eu preciso de você...|


|onde você está?
|quer vir pra cá?
|posso te mandar a localização

eu tô indo pra casa|
tenho que fazer algumas coisas primeiro|
não vou atrapalhar?|


|claro que não vai atrapalhar, tae
|tô te esperando
|[localização]

Eu estava mesmo aliviado por Jungkook não ser o tipo de pessoa que faz perguntas demais.

Apesar de desejar sua companhia feito um louco, eu não queria ter que explicar o que havia acontecido ou sequer mencionar o nome de meu pai. Era tudo muito recente e, por isso, tocar no assunto seria o mesmo que colocar o dedo numa ferida aberta.

Acho que esse é um passo importante para deixá-la cicatrizar; evitar tocá-la.

Ciente do compromisso com o motorista, eu me apressei para limpar o corte da melhor forma que consegui em tão pouco tempo, mas não me preocupei com o restante de minha aparência acabada por saber que, naquele momento, nada poderia suavizar a angústia estampada em meu rosto.

Eu ainda fiz questão de trocar meu sobretudo e minha blusa de mangas longas por algo mais simples, algo que não me lembrasse a todo momento dos dedos grosseiros de meu pai segurando a gola de meu casaco com tanto ódio e ressentimento.

Depois, eu fui até a cozinha com a única intenção de encher uma sacola com pacotes de macarrão instantâneo, mas não pude me controlar ao ver, no mesmo compartimento do armário, uma garrafa da bebida mais forte que meu pai guardava em estoque para seus dias mais sombrios.

Sem pensar duas vezes, eu girei a tampa e virei o gargalo até sentir o líquido incendiar minha garganta, e apertei os olhos com força quando a devolvi ao seu lugar de sempre, sentindo o gosto amargo se alastrar por toda a minha boca.

Eu honestamente nunca gostei tanto de bebidas tão agressivas. Sempre preferi algo mais natural e suave, ou então algo que destoasse completamente da sensação violenta do álcool puro. Mas, desta vez, eu preferi passar por cima de minhas preferências em nome de meu emocional e bem-estar psicológico.

Além disso, eu não queria que Jungkook precisasse me ver aos cacos, completamente cinza por tudo o que aconteceu há pouco. Eu gosto das minhas cores, e gosto de mostrá-las a ele mesmo que isso signifique também apelar para uma pequena ajuda externa.

Entretanto, a bebida não me deixou colorido outra vez; pude notar quando, alguns minutos mais tarde, passei pelo portão novamente e me olhei pelo reflexo do vidro.

Ela apenas amenizou a amargura, mas não foi capaz de trazer felicidade. É uma anestesia, jamais uma solução.

Entreguei ao motorista a localização que Jungkook me enviou, mas ainda tomei a liberdade de pedir ao homem que parasse uma última vez no caminho para que eu pudesse comprar o vinho mais vagabundo que consegui encontrar.

E então, com alguns pacotes de macarrão instantâneo balançando para cá e para lá dentro da sacola e uma garrafa da bebida, eu atravessei a cidade em direção à casa de Jungkook.

Quando o motorista finalmente parou em sua rua, não fiquei surpreso ao perceber a simplicidade das casas com suas pinturas descascadas, já tão antigas e torturadas pelos anos.

Rose-Colored Boy ❧ TaekookOnde histórias criam vida. Descubra agora