13 • Last Hope

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O final de semana se estendeu feito tortura.

Mesmo não tendo ousado colocar os pés para fora da cama de Jimin durante os dois longos dias que passei em sua casa, eu estive ciente a cada mísero segundo de minhas responsabilidades.

Por isso, ainda que eu usasse o sono como refúgio em meio ao turbilhão em minha mente, nada foi capaz de me manter suficientemente distraído a ponto de deixar que eu esquecesse meu compromisso com Jungkook.

Eu queria esquecer. Porque, acima de qualquer outra coisa, esse era o único motivo pelo qual ainda precisaria voltar naquela loja e, como consequência inevitável, encarar meu pai.

Então, quando o frio da manhã me arrastou para fora das cobertas e me forçou para bem longe do calor de Jimin, não foi difícil coroar aquela segunda-feira como a pior de todos os tempos.

- Jimin, tô indo - avisei baixinho enquanto ele ainda dormia e ganhei um muxoxo rouco em resposta. - Eu volto perto das onze, ok?

Ele resmungou novamente, dessa vez deslizando os braços e pernas até aconchegar a coberta ainda mais contra seu corpo.

Não tentei repetir. Sei que o sono de Jimin é tão pesado que qualquer tentativa de comunicação é absoluta e completamente inútil.

Por isso, decidi que mandaria uma mensagem mais tarde, e passei o trajeto inteiro até minha casa me preparando psicologicamente para o que estava por vir.

Talvez ele estivesse dormindo. Talvez não me visse chegar. Talvez eu não precisasse olhar para sua cara no curto caminho até meu quarto.

Seria simples. Eu entraria, faria minha pequena mala para passar os próximos dias acampado no quarto de Jimin, e então esperaria o início do expediente de Jungkook para finalmente esclarecer os detalhes omitidos em sua contratação.

No entanto, meu plano perfeito caiu por terra no exato instante que coloquei meus pés para dentro de casa.

- Taehyung?

A voz grave e tão inconfundível se fez ouvir antes mesmo que eu conseguisse dar o primeiro passo, e meus pés travaram no chão.

- Filho... a gente pode conversar?

Olhei para cima, na direção do extenso corredor.

Incapaz de escutar qualquer nova palavra do homem que já me disse tantas coisas horríveis, especialmente em um momento tão delicado, não fiz menção de parar quando, apressado, andei até meu quarto.

Mas então, sua voz me alcançou outra vez, e seu braço interditou a brecha entre o batente e a porta antes que eu a fechasse.

- Taehyung, por favor... - ele pediu, sua entonação cansada e com resquícios da angústia que semeamos em nossa última conversa.

Ele estava arrependido, e isso era evidente na forma como seus olhos se mantiveram baixos o tempo todo.

Por isso, e só por isso, resolvi permitir que ele entrasse, mas não dei chances para que se aproximasse um único centímetro de mim.

Com um nó pesado na garganta e o desconforto tomando conta do espaço entre nós, deixei que ele falasse.

- Taehyung, eu... eu sinto muito... - tentou, com o nervosismo dominando cada um de seus gestos.

Ele passou a mão pelo rosto e eu desviei meus olhos para baixo, mirando meus próprios pés e torcendo para que ele tirasse o band-aid de uma única vez. Sem mais delongas, sem mais feridas.

Ouvi seu suspiro pesado.

- Eu não sei bem o que dizer... - declarou. - E eu não queria ter que dizer nada, porque não queria ter feito o que fiz, para começo de conversa.

Rose-Colored Boy ❧ TaekookOnde histórias criam vida. Descubra agora