05 • Don't Make Me Laugh, I'll Choke

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Existem poucas coisas no mundo capazes de me tirar do sério.

Meu pai é uma delas, apesar de eu sempre tomar um cuidado extra para não precisar bater de frente com ele. E até mesmo quando ele exigiu que eu trabalhasse na loja por algumas semanas como uma punição a minha iniciativa 'radical' de pintar os cabelos, não ousei questioná-lo ou sequer desafiá-lo.

A verdade é que, mesmo não concordando com praticamente nenhuma de suas convicções, prefiro preservar meus próprios ideais em vez de mergulhar com ele numa maré de discussões que, na grande e esmagadora maioria das vezes, saem do nada e chegam a lugar nenhum.

Seria o bom e velho choque entre gerações. O único problema é que meu pai é tão bruto e intolerante que qualquer choque com ele poderia reduzir tudo o que eu sou a poeira. Por isso, tento me esforçar ao máximo para fazer desses episódios uma exceção bastante rara em minha vida.

No entanto, hoje é um desses dias.

- Já disse que não vou registrar esse moleque! - ele grita pela centésima vez, ignorando deliberadamente toda e qualquer coisa que saia pela minha boca.

É como se ele nem mesmo conseguisse me ouvir!

- Você sabe muito bem que eu só aceitei ele aqui porque não tenho que pagar nada em troca - ele diz enquanto anda de um lado para o outro em sua pequena saleta, fervendo de raiva.

- Mas pai, eu já disse que não vamos precisar pagar mais do que um salário mínimo! Você iria gastar muito mais contratando outra pessoa, sabe disso - rebato, com as unhas no meio dos dentes enquanto rezo para Jungkook não estar prestando atenção nessa confusão do lado de fora.

Ele olha para mim como se finalmente cogitasse a possibilidade, mas seu orgulho grita mais alto e no instante seguinte sua expressão se contorce em um misto de deboche e incredulidade.

Mas que homem difícil!

- Pai, paizinho, por favor... Tudo o que eu te peço é pra dar uma chance pro Marv... Ele é bom com os clientes! - minto descaradamente. - E só vamos precisar pagar o mínimo necessário estabelecido pela lei, não é como se fosse muita coisa!

- Taehyung, eu não sei de onde você tirou esse garoto, mas eu não confio em alguém que nem sequer cheguei a entrevistar para trabalhar na minha loja. Essas são as regras. Fim de conversa.

- Mas pai, você ainda pode entrevistar o Jungk... Marv. - Tento, mas ele simplesmente me olha decidido, como se nada mais pudesse mudar sua opinião.

E com um olhar duro sobre mim, ele repete devagar, sílaba por sílaba:

- Fim. De. Conversa.

Frustrado, eu expulso o ar pela boca ao passo que me levanto da cadeira em que estive sentado durante toda a discussão, e não olho para trás uma única vez ao caminhar para fora dali.

Quando fecho a porta atrás de mim, Jungkook está a apenas alguns metros de distância, sentado sobre a poltrona giratória detrás do balcão enquanto atende um freguês da maneira mais educada que consegue. E eu preciso admitir que, é, ele consegue se sair muito bem quando se dedica de verdade.

Um sorriso pequeno delineia seus lábios assim que o cliente agradece pela ajuda, e eu espero até ouvir os sininhos que anunciam sua saída para finalmente caminhar até Jungkook. Ele parece distraído, sem sequer perceber que eu estou aqui, e me pergunto quanto da conversa desastrosa com meu pai ele foi capaz de ouvir através da porta.

- Ei... - chamo e encosto o corpo no balcão, sem saber como dar a notícia.

Ele me olha sem expectativa, me dando a certeza de que ouviu o suficiente. Mesmo assim, eu garanto:

Rose-Colored Boy ❧ TaekookOnde histórias criam vida. Descubra agora