Dois mundos

#7

Assim que acordo, logo me vem uma grande dor de cabeça. Demora alguns minutos para que eu me situe, mas logo lembranças invadem minha mente com brutalidade, me assumindo um grande desespero.
Me movo, mas sinto um peso em minha cintura.
Quando viro para o lado, meu coração dispara.

Céus...!

- não...- sussurro quase sem voz me levantando rápido.

O que foi que eu fiz?!

Nate se move, porém não acorda. Pulo na cachoeira e nado até a margem desesperadamente, com uma aflição que rasgava o meu peito.
Assim que chego, me transformo e corro o mais rápido possível para o mais longe.
Sinto o vento nos meus pelos, os galhos se partindo. Flashbacks da noite anterior vem em minha cabeça e não param, era como um baque a cada lembrança.

Como pude deixar isso acontecer?!.
Daniel mataria ele...

____________ Nate narrando _____________

Escuto um estrondo na água e acordo assustado.

O que houve...?

Algumas lembranças da noite anterior me vem a cabeça. Olho para todos os cantos, e procuro Safira, mas não a acho.

Já era...

Saio pela floresta e trato logo de me transformar e procurá-la. Deixamos nos guiar pela influência da lua, mas confesso que me entreguei mesmo podendo parar. Balanço a cabeça tentando tirar esses pensamentos e me concentro em achar Safira.

Eu sinto o cheiro dela...

___________ Safira narrando ____________

Assim que corro para canalizar um pouco o turbilhão de emoções dentro de mim, me transformo novamente e me abaixo, me encolhendo perto de uma árvore. Precisava respirar, meu coração estava batendo tão rápido que parecia que ia sair pela boca.
Encosto a cabeça nos joelhos e permito que as lágrimas quentes e salgadas sejam enfim liberadas, dessa vez eu me permito chorar.
Perder a virgindade era importante para mim...
E perder a virgindade com o Nate...? Não é muito reconfortante. Quer dizer, ele é lindo, atlético, mas... não sei se é confiável, e parece meio galãnzinho.

Acho que tudo que penso sobre ele é influenciado pelo ódio que há em nossas famílias.

Perdida em meio aos meus pensamentos, não escuto o lobo que acabara de parar na minha frente, e agora, me olhava fixamente nos olhos. Seu olhar penetra na minha alma.
Contudo, o lobo vai tomando a forma humana.

- eu... eu sinto muito - Nate chega perto de mim e tenta tocar meu rosto.

- não toque em mim! - afasto-me antes que ele toque em mim.

- não conte a ninguém...- ele sussurra escutando galhos se partindo, havia lobos por perto - precisa manter em segredo!

- medo de manchar a sua imagem, "mini alfa"? - pergunto amarga com os olhos ardendo em lágrimas.

- a sua imagem também está em risco...- retruca - eu não te estuprei, Safira!

- não falaremos mais sobre isso - digo tentando controlar os soluços.

- eu jamais faria isso, estou com minha consciência intacta - ele cospe as palavras e sai.

Eu só quero sumir...

Vejo Nate se transformar e correr para longe, o que por algum motivo só me desperta ainda mais desespero, não sei se é pelo fato de ter permitido que isso acontecesse, ou o medo de alguém estar me vendo nesse estado.