#21

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Vejo Henri dobrar no fim do corredor, e eu continuo ali...estática. Se eu fosse seguir o meu lado Safira louca, eu provavelmente teria o seguido e agarrado ele no meio do corredor, agora o meu lado Safira normal, manda que eu entre no meu quarto e durma.
Tem ideia de como é difícil achar um equilíbrio?. Bom... vou culpar os hormônios.
Fecho a porta do quarto com força, fazendo um barulho alto.

Esse é o seu "haja naturalmente" sua tonta?!

Fecho as cortinas e vou direto para a cama. Já deitada, sinto vergonha em admitir que pensamentos um tanto eróticos tomam conta de mim. O que estava acontecendo?.

- Safira... controle-se! - digo baixo para mim mesma balançando a cabeça.

Ok... foi só um selinho, nada demais. Eu tenho tudo sob controle. Eu acabei de sair de um "relacionamento", se é que posso chamar assim... não posso me apegar a outra pessoa!.
Já que não conseguiria dormir tão cedo,ocupo minha mente com os possíveis acontecimentos de amanhã.
Bom... Daniel está dando início aos primeiros passos para a guerra, agora, com a assistência de Henri. Segundo Dani, o plano era dividir o exército em dois, um para lutar com a linha de frente dos vampiros, e o outro para invadir o castelo, e matar o rei.
Assim... os lobos teriam todo o poder, e administrariam as questões dos vampiros da melhor forma.
Agora que os exércitos estão sendo preparados, ficaria bem mais complicado para sair do castelo.
E é pensando nesse assunto, que minhas pálpebras começam a pesar...

(...)

Acordo com o vento frio que balançava as grandes cortinas do quarto. Com preguiça, me livro das cobertas e sento na cama. Um cheiro doce toma conta do meu quarto, fazendo meu estômago roncar. Olhando em volta pude ver que a mesa que fica no centro do meu quarto, estava o meu café da manhã.
Certamente Daniel e Heitor estavam atolados em tarefas ou dormindo até mais tarde devido terem virado a noite trabalhando.
Não vou negar que sinto falta deles as vezes no meu cotidiano, mas eu entendo...

Depois de tomar café, sigo para o banheiro, onde eu faço as minhas higienes e preparo um banho quente.
Após o banho,visto uma roupa quente, a estação de frio havia chegado. Opto por uma meia calça mais grossa e coloco uma saia branca que ia até o meio das minhas coxas, visto uma blusa rosé gola alta e calço botas de cano baixo.
Nosso mundo é dividido do mundo dos humanos por uma barreira. Temos acesso livre ao mundo deles, mas eles não tem do nosso... seria realmente perigoso. No mundo nos humanos, predominam diferentes estações,isso é invejável já que no nosso só temos um calor forte que vai do início ao meio do ano, e um frio tenebroso que vai do meio do ano até o final. Mas há uma coisa boa nisso... logo meu aniversário estaria chegando.

(...)

Depois das minhas entediantes aulas matinais, ando pelo castelo procurando meus amigos.
Ao dobrar o corredor, vejo Daniel, Heitor e Henri conversando, e pelo semblante de Daniel, era algo sério.
Fico em dúvida se dou meia volta para não atrapalhar ou se simplesmente vou cumprimenta-los. Espera... mas com que cara eu iria falar com Henri. Tudo bem foi só um beijo... mas não quero corar na frente de Heitor, isso já seria o bastante para que ele ficasse mais de olho em Henri.
Escolho dar meia volta, mas em um momento de descuido eu tropeço em uma armadura que ficava encostada na parede e a desmonto, fazendo um barulho realmente grande.

Muito bem Safira,muito bem!

- Safira...?- Daniel pergunta me olhando por cima de seus óculos, enquanto Heitor me olhava com tédio, como se que já esperasse isso de mim.

Eu não o culpo,sou realmente desastrada,principalmente quando estou nervosa.

- ah... oi! - aceno de costas para a armadura desmontada no chão.

- você esta bem...?- Daniel pergunta tirando os óculos e dando os papéis que segurava para Heitor.

- ela está bem em algum momento?- Heitor ironiza.

- sim... foi só um descuido - digo sorrindo envergonhada.

- bom, já terminamos com você por hoje... -Heitor diz para Henri.

- não saia do castelo hoje, Safira - Daniel sussurra no meu ouvido.

Arregalo os olhos. Uma parte de mim sabia que ele sempre estava ciente das minhas fugas desses muros.
Daniel e Heitor se viram para sair, e é quando Henri me encara. Busco algo de interessante para olhar em volta, somente para não me fixar em seus olhos. Meu objetivo agora é não corar...

- e então... o que vamos fazer hoje? - ele pergunta com colocando as mãos dentro de seu sobretudo.

-eu não sei...- digo desviando o meu olhar da parede,desta vez eu olhava uma joaninha subindo na parede.

- está tudo bem...? - ele pergunta se abaixando, tentando acompanhar o meu olhar.

- sim...sim! - digo olhando enfim para ele.

- e então... quais os planos? - ele pergunta.

-na verdade, eu tenho um compromisso, mas podemos nos ver depois! - digo tentando ser natural.

Acho que não estou me saindo muito bem...

- mas as suas aulas não foram de manhã? - ele pergunta com uma sombrancelha erguida.

- sim, mas eu tenho uma coisa para fazer... até logo! - digo me virando. Escuto Henri rir baixo atrás de mim.

Atitude infantil eu sei, quer dizer... foi só um beijo. Mas é que agora é como se uma pequena porta estivesse sido aberta, sabe?. E eu posso afirmar, que não é a a porta da amizade.

(...)

Sem absolutamente nada para fazer, vou para a estufa do castelo. Fazia tempo em que eu não ia lá.
Já que o jardim estava cheio de neve, não seria má idéia ir lá. Caminhando dentre os jarros de planta e de vários canteiros de flor, sento em um banco,e fico olhando os flocos de neve cairem sobre o vidro da estufa.

- está fugindo de mim...? - uma voz diz atrás de mim, me fazendo dar um pulo.

- É claro que não - respondo para Henri.

- se te deixou mal... eu não faço novamente - ele diz se sentando ao meu lado.

- faz o que...? - pergunto para ele.

- o beijo - ele responde normalmente.

- não foi isso, Henri - coro quase de imediato.

- o que é então? - ele toca o meu queixo, me fazendo olhar para ele - olhe pra mim.

- tenho medo de me envolver demais, e depois...- faço uma pausa - ...me magoar...

- eu não sou ele, Safira - Henri diz olhando nos meus olhos- mas não vou te forçar, sei que está com medo.

- eu não quero... - digo baixo.

- o que? - ele pergunta.

- eu não quero sentir mais medo - digo determinada.

Em um gesto rápido, me aproximo mais de Henri, e colo enfim os nossos lábios. É como se eu estivesse ardente por isso...




 É como se eu estivesse ardente por isso

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