#16

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Assim que acordei, observei pela janela, e já não chovia mais como antes. Dava para sair.

- ah, bom dia! - Henri entra no quarto carregando um saco.

- bom dia - respondo suavemente.

- trouxe o café da manhã... ou sei lá...um lanchinho - ele diz tirando um coelho morto do saco.

- okay, eu não sou muito de sobrevivência, não sei como preparar isto - digo cutucando o coelho com um graveto.

- ah fala sério... vai me dizer que nunca preparou um coelho - ele diz pegando uma faca.

- não...- digo pensativa.

Meus irmãos me mantinham sempre tão ocupada com aulas de latim e de boas maneiras(não que tenha funcionado muito, é claro) que nunca tive tempo para atividades comuns, como a culinária básica.
Quer dizer, o máximo que eu sabia fazer, é biscoitos. E não é como se eu fosse encontrar um saco de farinha e gotas de chocolate pela floresta.

- pode comer...- ele diz me entregando um saco com frutas.

- a chuva parou... você vai embora...? - pergunto.

- creio que devo passar mais algumas noites nesta casa. Ela parece abandonada...- ele diz olhando em volta.

- então... eu já vou...- digo terminando de comer mais um punhadinho de frutas.

- está bem...- ele diz largando o coelho em um balde, dava para ver o sangue todo escorrendo.

Ele limpa as mãos em um balde com água, e puxa um pano de seu bolso, as secando em seguida.

- foi um prazer - digo estendendo a mão.

- igualmente, lobinha - ele diz apertando a mesma.

Sorrio de volta e vou em direção a porta.

- Henri...?.

- sim...?.

- vai ficar aqui por quanto tempo...? -pergunto ainda com a mão na maçaneta.

- por algumas semanas... preciso de provisões para partir - ele diz calmo.

- que bom... - digo saindo rápido do quarto.

Ok, talvez eu tenha achado ele atraente.
Mas espera, é um vampiro... Heitor e Daniel o matariam se soubessem. E acho que Henri não gostaria de saber que sou irmã dos lobos mais fortes do sobrenatural.

(...)

Vou andando pela floresta, deixando que o meu extinto me guie. A quanto tempo eu não me transformava...?
Sem demoras, assumo a minha forma lupina, e corro pela floresta.
Logo, sinto um cheiro familiar. Havia outro lobo no território.

Quem sabe um dos guardas do castelo!!

A altura em que me aproximo, sinto que o cheiro não é mais tão familiar assim... na verdade, era quem eu menos queria ver agora. Um lobo consegue sentir o cheiro de outro, mas um vampiro não consegue sentir o cheiro de um lobo. Isto deixa a disputa um tanto mais perigosa, quer dizer poderia ter um lobo ao lado de um vampiro, que ele nem iria desconfiar.
Me  transformo novamente, e me abaixo atrás de algumas pedras. E escuto os galhos se quebrando mais próximos a mim.

Era Nate.

Ele deveria estar indo a casa para  deixar comida.

Desgraçado!!

Mas espera... Henri estava lá!.

Um desespero grande me domina. E se ele fizesse algo com Henri. Mas seria o tempo de eu fugir, ou deixar que algo acontecesse ao vampiro.

Dois mundosOnde histórias criam vida. Descubra agora