Dois mundos

#24

Alguns minutos depois,fizemos de novo... e de novo... e de novo...
Ok, transamos mais 4 vezes.

Desde que eu e Henri nos aproximamos mais, sinto algo de diferente. É o famoso "clichê". Do tipo, "ah ele é diferente", "ele será diferente". Mas o que eu quero dizer com isso exatamente? Fácil. Só o fato dele não ser um psicopata como o Nate já é um ponto positivo. Na verdade, com o Henri eu me sinto livre,uma sensação que eu achei que tinha com o Nate, mas que na verdade era uma grande ilusão.
Olhando Henri dormindo serenamente, pude admirar os raios prateados da lua em sua pele pálida. Mas não um pálido feio, mas um pálido que por incrível que pareça, o deixava mais vivo.
Posso estar me precipitando, mas eu sinto algo...mas o que pode ser?. Não me atrevo a dizer que é amor, quem sabe o começo de uma atração.
Ok, na verdade nem eu sei o que é, mas sei que é algo, sei que sinto algo.

Um vento frio entra no quarto, fazendo a porta da sacada abrir, e a cortina balançar. Me enrolo em um lençol e vou trancar a porta.
De canto, olho o calendário em cima de uma pequena mesa, meu aniversário está mais perto do que eu lembrava. Minha rotina tem sido tão movimentada que nem me preocupo em saber que dia é, muito menos que me aniversário seria daqui a dois dias.
Meus 18 anos eram muito esperados por meu pai, lembrar dele nessas circunstâncias não é nada confortável, na verdade, sinto um grande aperto no peito. Só a lembrança de que não terei mais ele para me dar feliz aniversário, e fazer aquele mesmo discurso de como eu cresci, e de que sempre serei a sua menininha me deixam tristes.
As coisas jamais voltaram a ser como eram.
E com os tempos de hoje, meus irmãos não estariam muito preocupados com isso. Na verdade, eu também prefiro assim, chamar atenção é o que eu menos preciso agora.

- você está bem? - me assusto com o toque de Henri em minhas costas nuas.

-sim...- me viro para ele - só estava observando os flocos de neve.

Era perceptível que um inverno rigoroso de aproximava.

- está pensativa - ele diz com certeza me olhando.

- não...- sorrio de leve - vamos dormir.

Fecho as cortinas antes de ir dormir,e me ajeito ao lado de Henri.

- boa noite - sussurro.

- boa noite - Henri responde beijando o topo da minha cabeça.

(...)

Acordo com algumas empregadas entrando o quarto, e preparando uma mesa de café da manhã.

- bom dia, senhora. Infelizmente...- interrompo o mordomo.

- eu sei, eu sei... meus irmãos estarão muito ocupados e não poderão me acompanhar no café - digo com desânimo me cobrindo até a cabeça.

- seus irmãos andam bem ocupados, querida. Tome seu café e faça algo para se distrair hoje...- Nina diz depois que todos saem do quarto.

- acho que vou dormir mais um pouco - digo.

- tudo bem - ela diz dócilmente e então eu escuto ela sair.

Olho para o quarto e vejo que Henri não irá sair do closet ou do banheiro aliviado por não terem suspeitado que ele estava aqui. Bom... ele deve ter ido para o seu quarto, antes que alguém entrasse aqui e visse ele.

Quando a preguiça atinge o seu ápice e me domina por completo, decido voltar a dormir e deixar a aula de latim para outro dia. Sinto como se eu tivesse corrido uma maratona.

(...)

- Safira...? - sinto alguém me balançar.

Acordo assustada, sem a menor noção de que horas são.

-oi, o que? - pergunto rápido.

- calma, somos nós! - Dinah ri.

- ficamos preocupados quando você faltou a aula - Luka ri se sentando na cama.

- esta tudo bem, eu só estava cansada - bocejo sentando na cama e puxando o lençol rapidamente.

Quase me esqueci que estou nua.

- Sah... você está nua?! - Sarah pergunta de olhos arregalados.

- pela Deusa! - Luka tampa os olhos rapidamente.

- é que eu estava com calor essa noite e...- Dinah me interrompe.

- calor? Está o maior frio!! - ela aponta pra janela, que estava cheia de flocos de neve.

Parece que nevou a noite toda.

- Sah... você dormiu com alguém...? - Sarah faz a pergunta um tanto temerosa.

Começo a ficar nervosa, tentando pensar em alguma desculpa, mas nada me vem a cabeça. Sinto medo de falar neste assunto, porque se chega aos ouvidos de Daniel, não sei o que ele faria...
Eu não tive culpa! Perdi a minha virgindade na lua cheia, não foi por vontade própria.
Seria um grande desgosto para o meu irmão.

- por favor não contem a ninguém...- imploro já vendo que eu não conseguiria esconder.

- estará seguro conosco - Luka me abraça de olhos fechados devido ao fato de eu não estar com as minhas devidas vestes.

- você não foi a única...- Dinah diz olhando para baixo.

- Dinah? - indago sem acreditar.

- foi com aquele guarda...- Sarah explica.

- ele não queria nada comigo afinal... mas conseguiu algo importante para mim - ela diz cabisbaixa.

- esse segredo nunca poderá sair daqui, esta bem...? - digo a eles.

- está bem - Luka diz e as meninas assentem positivamente.

- que segredo...? - Heitor pergunta entrando no quarto.

Qual é o problema dessa gente em bater na porta?