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Cambaleando, fui até o meio do lugar, parada bem de frente para o portão, e encarei os guardas

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Cambaleando, fui até o meio do lugar, parada bem de frente para o portão, e encarei os guardas. Respirando fundo, comecei a gritar insultos destinados ao novo rei e, enquanto os malditos homens vieram me pegar, falei quem era.

Tudo ao meu redor congelou: as pessoas, que haviam parado para observar a cena que eu protagonizava, pararam com os cochichos, seus olhos arregalados e as bocas escancaradas mostravam que não esperavam encontrar a bastarda do Rei George completamente bêbada e fazendo escândalo; os guardas paralisaram, o que foi um descuido terrível da parte deles já que, se eu quisesse, teria conseguido fugir.

No meio da zona que eu provocava, pude ver a mulher da Taverna me olhando em choque, como se não pudesse acreditar em minha burrice. Ela sabia que eu não estava alcoolizada, sabia que eu havia deixado seu estabelecimento completamente sóbria e ciente de meus atos, mas ela havia se perdido no meu raciocínio de me entregar de mão beijada para meu inimigo.

Quando os homens pareceram, enfim, despertar do transe, me agarraram com força pelos braços, me arrastando para dentro dos portões. Me debati, fingindo que não queria ser levada para o castelo, e eles me apertaram ainda mais forte. Eu podia jurar que seus dedos atravessariam minha pele.

Ainda gritando descontrolada, não pude deixar de observar o que antes era o lar de meu pai, o que deveria ter sido meu lar.

O castelo era enorme, demonstrava uma imponência capaz de assustar qualquer um que ousasse se aproximar. As altas torres, repletas de arqueiros, possuíam detalhes dourados, o que era, na verdade, apenas uma ostentação do ouro da família real e, em seu topo, gárgulas completavam o cenário assustador, com suas garras de fora e os olhos esbugalhados.

Se eu achava que as ruas eram repletas de rosas, não pude deixar de ficar surpresa por ver que no jardim do castelo tinham ainda mais. E foi com o cheiro doce das rosas vermelhas e a visão da bandeira com o símbolo da realeza, que eu entrei pelas portas do lugar.

Por dentro, o castelo era completamente diferente da riqueza que eu havia imaginado. Havia passado todos os anos de minha vida imaginando como seria o interior desse lugar, sempre imaginei como algo bem iluminado, coberto de cores e flores; com quadros da família real pendurados pelas paredes, para mostrar os feitos de todos os ancestrais; com vasos e obras de artes espalhadas.

Mas não imaginava nada do que eu via.

As paredes de pedra eram vazias, não existiam quadros, nem mesmo de alguma paisagem, não existiam tochas ou qualquer outro tipo de iluminação além das grandes janelas. Com certeza, quando anoitecesse, seria impossível enxergar qualquer coisa ali. O lugar era apenas triste e frio, e eu me peguei pensando se era obra de Nighy ou se já era assim quando meu pai ainda era vivo.

Torci para que isso não fosse uma representação de seus últimos anos.

Chegamos em uma porta alta, que brilhava onde o sol batia por causa dos detalhes em ouro, era a única coisa que trazia uma cor ao lugar, e um dos sentinelas que vigiavam o cômodo entrou, avisando que estávamos ali.

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