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A caverna era o lugar mais bonito que eu já tinha visto, apesar de quase sempre estar submersa na escuridão

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A caverna era o lugar mais bonito que eu já tinha visto, apesar de quase sempre estar submersa na escuridão. Mas hoje não era um desses dias. O teto possuía algumas aberturas, e a luz da lua adentrava por ali, iluminando as paredes rochosas e fazendo a água cristalina brilhar.

Passei as mãos por entre as pedras, sentindo sua textura, me despedindo. Berryan caminhou até próximo do lago e, em uma rapidez assustadora, ele já estava despido e dentro d'água.

Ainda sentindo a umidade das paredes sob a palma de minha mão, deixei meu olhar se perder por entre as estalactites que pairavam logo acima da água; que, à primeira vista, pareciam assustadoras e prestes a despencar em nossas cabeças, mas, depois, tudo o que era possível notar era que elas pareciam uma cachoeira transformada em pedras.

O ar ali dentro era mais escasso, mas isso nunca me incomodou. Pelo contrário, me lembrava da época onde a coisa mais perigosa que eu fazia era desafiar meus pulmões a aguentarem só mais um pouquinho e mais um pouquinho e mais um pouquinho, embaixo do rio. Me lembrava da época que minha mãe me arrastava para fora da água, em desespero, enquanto gritava comigo por assustá-la.

- Ei, você não vem? - Berryan perguntou, no meio do lago.

A pele dourada brilhava ainda mais bonita sob a luz da lua e com os reflexos da água batendo em seu corpo. O cabelo encharcado estava grudado em seu pescoço, e os cachos estavam quase desfeitos pelo peso.

Assenti, vendo um sorriso se abrir em seu bonito rosto. Tirei minhas vestes, vermelhas como de costume, e entrei, sentindo as pernas quase congelarem pela temperatura.

Titus, percebendo que eu pensei em recuar, jogou água em minha direção, me ensopando dos pés à cabeça. Meus pelos se arrepiaram, e eu, instantaneamente, comecei a tremer. Ele riu e se aproximou, me puxando para ele.

- Se você ficar quietinha aqui embaixo da água, vai se acostumar e vai parar de sentir frio - murmurou, sorrindo. Prendi minhas pernas em sua cintura, causando um novo arrepio em meu corpo que, dessa vez, nada tinha a ver com o frio, e abracei seu pescoço. - Bem melhor, não?

Assenti novamente, olhando em seus olhos, me perdendo no mar castanho que existia ali. Suas mãos se fecharam em minhas coxas, e, inconscientemente, as pressionei em seu corpo; o ar fugiu de seus pulmões, e seus dedos fizeram pressão em minha pele.

Deitei a cabeça em seu ombro, sendo incapaz de continuar olhando para suas feições que pareciam esculpidas pelo mais talentoso artista, e deixei a boca entreaberta, o provocando com minha respiração.

- Queria que você não tivesse que ir... - falou, a voz rouca transparecendo dor. - Você é a melhor coisa que me aconteceu.

Levantei minha mão esquerda, acariciando seu peito, enquanto assistia o rubi brilhar. Passei a unha levemente em sua pele, querendo gravar cada pequeno detalhe.

- Vocês salvaram a minha vida - respondi, baixinho. - Se não fossem por vocês, eu ainda estaria vivendo aquela vidinha de merda.

- Ou estaria morta por causa dos guardas de Nighy - rebateu, e eu gargalhei.

- Ou estaria morta por causa dos guardas de Nighy - repeti, concordando. - Não sei quem eu seria sem vocês, mas sei que teria uma vida medíocre.

- Sinto muito. - Sem entender o motivo para ele estar se desculpando, ergui a cabeça, o olhando com o cenho franzido. - Sinto muito por tudo que foi obrigada a passar, por fazer parte da sociedade que te forçou a viver no meio de uma floresta, sem nunca ter visto outra pessoa que não fosse sua mãe. Sinto muito por, antes de precisar de você, nunca ter ao menos pensado no quanto vocês duas sofreram e ainda sofriam, sinto muito por ter sido cego e egoísta por tantos anos. Você não merecia nada disso.

Meus olhos arderam pela vontade de chorar, mas eu não deixei que as lágrimas viessem, era um momento tão lindo e tão importante que não deveria ser manchado ou salgado por elas.

- A culpa não é sua - sussurrei, passando a encarar seus lábios.

Umedeci o meus, por puro instinto, e me aproximei, o beijando.

O beijo, ao contrário do nosso primeiro, que também havia sido o meu primeiro, era marcado por nossa sincronia. Nossas línguas se encontravam de forma tão doce e precisa, que mais parecia uma carícia. O sabor de despedida deixou tudo ainda mais gostoso, embora o grau de dor também estivesse aumentado.

Apesar da água gelada, seu corpo fervia em contato com a minha pele. Pressionei ainda mais seu quadril, apertando minhas coxas com mais força. Ele gemeu em minha boca, nos grudando ainda mais, e seu gemido me esquentou até que eu tivesse certeza de que entraria em combustão.

Subi minha mão, saindo de seu peito, passando por seu pescoço, até que chegasse onde eu queria: o topo de sua cabeça. Embrenhei meus dedos na raiz de seu cabelo, puxando com certa força, e um novo som saiu de sua garganta. Eu explodiria.

Berryan caminhou pelo lago até que estivesse próximo de uma das paredes da caverna, e eu só percebi quando senti minhas costas baterem na superfície nada lisa. Deixei que minha cabeça tombasse, partindo o beijo e deixando o caminho livre para que ele passeasse sua boca em meu pescoço.

Voltei a pressioná-lo com minhas coxas, mostrando que eu queria mais, que mesmo com toda essa proximidade, ainda estávamos distantes demais. Suas mãos abandonaram minhas pernas e passaram a segurar minha cintura, com força e precisão, e eu senti meu corpo tremer. Foi a minha vez de gemer, o que o fez perder de vez a cabeça.

Sua mão direita agarrou minha nuca e me puxou em sua direção, voltando a me beijar com fome e sede. Presa entre seu corpo e a estrutura lateral da caverna, eu sentia que o mundo podia acabar naquele momento e que eu nem ao menos perceberia.

Quando, enfim, ele nos juntou, Berryan sussurrou:

- Eu te amo, Cassie.

E tudo que eu consegui fazer foi tremer novamente em seus braços.

Quis manter meus olhos abertos para que pudesse sorver todas as suas feições, mas era impossível não os manter fechados. Era impossível fazer qualquer coisa que não fosse apenas senti-lo.

 Era impossível fazer qualquer coisa que não fosse apenas senti-lo

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Vá para o capítulo 30.

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