23

3.1K 316 908
                                    

A água gelada sob meus pés me dava um certo conforto

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

A água gelada sob meus pés me dava um certo conforto. Era tão familiar e refrescante que, se eu não estivesse morta de fome, teria mergulhado. O dia estava quente e abafado, nem mesmo meu vestido mais leve era capaz de aliviar o calor que sentia.

Com o cabelo preso, nenhum fio atrapalhava minha visão e, portanto, podia ver cada movimento da minha vítima. Permaneci parada, em estado de alerta, esperando a hora certa de atacar.

Em minha mão direita, eu segurava uma lança, comprida e afiada, que eu mesma havia feito. O braço já doía levemente por ficar tanto tempo na mesma posição e não pude evitar um suspiro aliviado quando, enfim, lancei o objeto.

Agarrei minha arma, dessa vez com a mão esquerda, já que a direita ainda estava dolorida, e a levantei. O peixe estava preso em sua ponta, imóvel. Morto.

- Desculpa - murmurei, fechando os olhos, rapidamente, em um pequeno agradecimento.

Molhei meu rosto, apenas para que a volta fosse um pouco mais suportável, e caminhei até onde havia deixado minhas coisas. Calcei minhas botas e andei apressadamente por entre as árvores.

Meu caminho foi embalado pelo doce e bonito som dos pássaros, que se agitavam logo acima de minha cabeça. Quando achei que desmaiaria de tanta fome, pude ver minha casa, ainda um pouco distante, mas foi o suficiente para me dar o resto de força que faltava.

Eu havia trabalhado demais por hoje e quando, finalmente, percebi que não havia comido ainda, meu estômago já estava dolorido e clamando por alimento.

Preparar o peixe foi uma tortura à parte. O cheiro estava delicioso e minha barriga reclamava.

Depois de ter comido, agora com a noite já chegando, resolvi que não trabalharia mais por hoje. Deitei em minha cama, decidida a dormir mais cedo e descansar meus sofridos pés. Mas, antes que eu pudesse, de fato, concluir meus desejos, alguém bateu em minha porta.

Meu corpo inteiro se retesou. Minha mente trabalhava com uma rapidez alucinante.

Quem poderia ser?

Eu morava no meio da floresta, isolada de qualquer pessoa. E, em todos esses anos, jamais havia recebido uma visita.

Andei de forma cautelosa e quieta até minha faca e a agarrei, com tanta força que os nós de meus dedos ficaram esbranquiçados. Fiquei parada em posição de ataque, pronta para me defender do que fosse preciso. As batidas eram incessantes, e a pessoa parecia que não desistiria, mas eu não me movi.

- Red, eu sei que está aí. Eu preciso falar com você. - Ouvi, e, por causa da voz grossa e rouca, pude perceber que era um homem.

A simples menção ao meu sobrenome me deixou ainda mais nervosa.

Haviam descoberto onde eu morava.

Largar minha casa não era uma opção. Eu não poderia deixar o lugar onde nasci e cresci, onde minha mãe viveu seus últimos e mórbidos anos.

RedOnde histórias criam vida. Descubra agora