Livro interativo, você faz escolhas pela personagem.
Primeiro livro da série Escolhas.
Conteúdo adulto.
Cassandra sabia do enorme peso que era carregar o sobrenome Red. Já que, por causa dele, ela havia sido forçada a viver reclusa por muitos anos...
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Minhas canelas queimavam e eu sentia que meu joelho podia fraquejar a qualquer momento.
Louise ofegava alto, parecia que estava incapacitada de respirar. Chegava a ser cômico, se eu também não estivesse exausta e irritada com Berryan estalando os dedos e Hawk assobiando sem parar. Fedore, vez ou outra, tropeçava, seja em raízes ou, até mesmo, em seus próprios pés, o que fazia com que ela soltasse um palavrão frustrado e raivoso.
- Gente, eu preciso descansar, por favor - implorou a ruiva, quase sendo impossível de entender o que ela dizia.
Berryan afirmou com a cabeça e, em um suspiro, me joguei no chão ali mesmo onde estava. Já havia escurecido e parecia que ainda estávamos longe da tal cabana.
Agarrei a garrafa de água que eu carregava e joguei um pouco de seu conteúdo em meu rosto, buscando alívio do calor que sentia. Hawk se aproximou de mim e, sem pedir, sentou ao meu lado, parecendo constrangido.
- Posso falar com você? - perguntou, a voz grossa um pouco mais baixa para que seus amigos não ouvissem a conversa.
Eu não queria, mas confirmei com a cabeça. E esperei até que ele, enfim, começasse a falar.
- Quero me desculpar com você. - Virei o rosto, cravando meus olhos nos seus. - Eu estou magoado e com raiva. Sei que não é justificativa para tratá-la mal, mas... - Deixou a voz morrer, dando de ombros.
Não respondi. Não sabia o que dizer, na verdade. Permaneci apenas calada e o olhando, até que, incomodado com o silêncio, ele voltou a falar:
- Perder Rei George foi... Foi um baque terrível. - Suspirou. - Não conheci meus pais, vivi em uma casa onde os adultos adotavam crianças para tratá-las como escravas e, na primeira oportunidade que tive, fugi de lá. Passei a vagar pelo reino e, de vez em sempre, furtava os feirantes. Não me orgulho disso, não me entenda mal - explicou, parecendo desesperado para que eu não o julgasse de forma errada. - Até que fui pego. Não sei se você sabe, mas a punição para furto é a perda da mão dominante.
Ofeguei, surpresa.
- Mas seu pai não deixou que isso acontecesse. - Ele sorriu enquanto as palavras abandonavam seus lábios, parecendo lembrar com precisão da cena. - Ele era um homem bom, sabe? Ele me tirou das ruas e impediu que eu tivesse a mão amputada. Me deu um lugar para morar, me deu comida, roupas limpas e educação. Ver Nighy governar de forma tão injusta e cruel me deixa puto da vida, entende? É contra tudo o que Rei George acreditava, é um retrocesso gigantesco.
- O que ele fez de tão ruim?
- Milhares de famílias estão morrendo, Red. - Seu semblante passou a ser dolorido e receoso. - Por qualquer coisa. Os impostos estão altíssimos; crianças estão sendo obrigadas a trabalharem, as meninas que têm sorte trabalham na cozinha no castelo, as outras estão tendo que se prostituir para ajudar os pais a se sustentarem, os meninos estão sendo enviados para guerrear contra reinos que Nighy quer tomar; pessoas morrendo de fome ou sendo sentenciadas à mortes horrendas por terem roubado um pedaço de pão.