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- Tudo bem - respondi, mesmo temerosa -, eu vou com você

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- Tudo bem - respondi, mesmo temerosa -, eu vou com você.

Ele soltou um suspiro aliviado e passou as mãos nos cabelos, seus leves cachos ficando um pouco amassados.

- Mas, caso isso seja uma armadilha, fique sabendo que não hesitarei em matá-lo - ameacei, e ele sorriu.

Corri para meu baú, onde guardava as poucas roupas que possuía, e joguei o que dava na bolsa que minha mãe havia costurado. Depois de fechada, a arremessei para o homem, que pegou desajeitadamente.

Ele andou até a porta, mas parou quando percebeu que eu não havia me mexido. Estava olhando para minha casa, em despedida. Esperando que, um dia, eu pudesse voltar.

Caminhei até um armário e de lá retirei meu arco, algumas de minhas facas e a enorme lança que havia usado para pescar.

Coloquei as facas presas em minhas botas e o arco e a bolsa com flechas nas costas. A lança serviria para auxiliar meu caminho pela mata. O rapaz me olhava de forma impossível de interpretar.

- Já estou pronta - anunciei.

- Estou começando a ter medo de você, Red. - Abriu a porta e chegou para o lado, me dando passagem. - Talvez não seja uma boa ideia me embrenhar em uma mata escura com você armada até os dentes. Sabe-se lá o que você fará comigo - brincou.

- Eu já falei o que vou fazer. E eu não estava blefando - garanti, enquanto passava por ele.

O ar gelado da noite bateu em meu rosto, mas não pude aproveitá-lo uma última vez.

Havia um homem ali. À espreita. Levantei a mão, preparada para jogar minha lança em seu peito.

- Ei, ei, ei, ei, ei - Berryan se desesperou, correu até onde eu estava e segurou meu braço. - Pelo amor de Deus, Red. Ele está conosco - falou, me olhando, mas não ousei desviar os olhos. Então, ele se virou e berrou: - Hawk, qual o seu problema? Eu pedi para que me esperasse lá.

- Eu vim para te ajudar - defendeu-se, a voz grossa reverberando pelo ambiente. - Precisava garantir que nada aconteceria com você.

- Não fez um bom trabalho - afirmei, fazendo com que os dois me olhassem confusos. - Visto que, há alguns minutos atrás, eu tinha uma faca apontada para a garganta de seu amigo.

Berryan riu e apontou, com seu dedo indicador, para mim, afirmando com a cabeça.

- Isso é verdade. Eu poderia ter morrido lá dentro, e você nem perceberia.

O homem deu de ombros e caminhou até nós, abaixando o capuz da capa que usava, idêntica à de Berryan.

Sua pele negra contrastava com o vermelho da roupa, mas não foi isso o que mais me chamou atenção. Com seu movimento, pude notar o bracelete que ele usava no pulso esquerdo. Era dourado e possuía uma singela pedra vermelha.

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