Quando criança, Cassie nunca entendeu o porquê de ser obrigada a viver tão longe do castelo. Ela odiava o silêncio, a sensação de isolamento, a falta de crianças para brincar. O lugar era lindo, isso era verdade, mas isso não adiantava de nada sem que tivesse alguém para dividir.
Sua mãe estava sempre trabalhando em alguma coisa. Colhendo frutas, caçando algum animal, consertando problemas no casebre, costurando roupas para elas. Vivia cansada e desgostosa, chorando pelos cantos. Nunca tinha tempo para brincar e estava sempre assustada.
Cassandra se esgueirava e corria pela floresta que circundava seu lar, adorava subir nas mais altas árvores e tentar roubar uma visão do castelo. Tão distante e tão bonito. Ela suspirava, agarrada ao tronco da árvore, sentindo o vento lhe tocar o rosto e as elevações da madeira em seus pés descalços.
Conforme foi crescendo, sua mãe decidiu que já era hora de contar-lhe a verdade. Cansada de guardar tudo para si e de ver sua filha confusa, chamou a menina para uma conversa e, quando terminou, viu a filha correr para a mata sem olhar para trás.
Sabia que a filha iria demorar para voltar, já que tinha a terra como sua moradia e as plantas como suas amigas. Andou até o fundo falso, abaixo do piso de madeira, e retirou a pequena caixa vermelha de lá.
Abriu apenas para contemplar a delicadeza da corrente e o brilho do pequeno rubi. Com os olhos ardendo de lágrimas e a vista embaçada, fechou a tampa e depositou o objeto em cima da cama de Cassie, dando o presente que, há muito, George havia mandado fazer.
A menina se encontrava sem rumo, podendo entender, agora, o motivo da mãe estar sempre melancólica. Ela havia se apaixonado pelo rei. Uma plebeia. E viveu o sonho que muitas mulheres do reino gostariam de viver, embora criticassem sua mãe.
Ela era uma Red, uma bastarda. Uma pária. E a mãe se isolou para que ela não precisasse passar pela rejeição de ser quem é. De ser maltratada e ignorada pelo simples fato de ter nascido. E seu peito se encheu de carinho e amor por aquela mulher, um sentimento mais forte do que jamais havia sentido.
Não ficou com raiva, como sua mãe achava, não a odiou e, muito menos, desprezou seu pai. Ambos haviam sofrido, ambos estavam separados e sendo obrigados a viverem infelizes para o resto de suas vidas. E isso simplesmente partiu seu coração.
Cassie não conseguiria evitar o choro e não quis que a mãe a visse dessa maneira, tão frágil e fraca. Ela correu para que pudesse gritar, se descabelar e chorar tudo que precisava. Para que conseguisse engolir o veneno que era sua própria história, mas este estava entalado em sua garganta e parecia não querer descer tão cedo.
Ao retornar, sua mãe já estava dormindo, a mão esquerda no peito mostrando o singelo anel de rubi. Como ela era tola! A mulher vivia com esse anel, mas ela nunca se perguntou como uma plebeia poderia ter uma joia tão valiosa.
Andou, ainda rindo de sua própria estupidez, até sua cama, franzindo o cenho ao se deparar com a caixa.
Agora, aos 21 anos, a menina se via realmente sozinha. Seu pai, que nunca chegou a conhecer, morreu de forma súbita e sua mãe logo em seguida. A verdade é que a única coisa que mantinha a mulher viva, era a esperança de um dia poder ficar com seu amado e quando ele se foi, não durou muito para que ela o seguisse.
Cassie nunca mais procurou saber algo sobre o reino, pouco se importava com o que acontecia ou deixava de acontecer.
Se você não aguenta mais essa enrolação e quer começar a ler a história logo, vá para o capítulo 23.
Se você ainda não se sente preparada para começar e gostaria de respirar um arpuro, em um local arejado e bonito, vá para o capítulo 14.
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Red
FantasyLivro interativo, você faz escolhas pela personagem. Primeiro livro da série Escolhas. Conteúdo adulto. Cassandra sabia do enorme peso que era carregar o sobrenome Red. Já que, por causa dele, ela havia sido forçada a viver reclusa por muitos anos...