Calliope Torres.
Não era nem nove da manhã e eu já estava exausta, queria minha casa, queria sumir daquele hospital. Era tanta responsabilidade encima de mim de ter a vida das pessoas nas minhas mãos que as vezes eu só queria desistir de tudo. Havia acabado de perder um paciente, jogador de basquete de apenas dezessete anos, eu estava arrasada. Me arrastava pelos corredores procurando pela única pessoa que poderia me consolar, meu marido.
— Saturação tá muito baixa. – ouvi a voz dele vindo de uma sala do trauma, aparentemente ele estava ocupado. – Omaley, preciso de você aqui.
Estava uma correria, enfermeiras andando de um lado para o outro, internos tentando prestar atenção no que Owen fazia. Havia uma mulher encima da maca, aparentemente trinta anos, havia se jogado de um prédio de vinte e dois andares. Por um milagre, ela estava viva. Inconsciente e com tantas fraturas que eu nem conseguia contar. Eu iria entrar, se não fosse pelo meu page vibrando, era um dos meus pacientes e pela quantidade de vezes que Wilson havia me chamado, era algo sério.
Pedi ao Owen que me esperasse alguns minutos, tentasse segurar a barra sozinho para que eu olhasse o que estava acontecendo. Peguei o elevador de pressa, desci no corredor da pediatria e comecei a correr, só parei quando senti um impacto, eu havia batido em alguém e consequentemente caído no chão. Estava prestes a xingar a pessoa de todos os palavrões possíveis quando vi que ela também havia caído, estava com o lábio cortado e a testa arranhada, os olhinhos estavam se enchendo de lágrimas, fiquei com muita dó.
— Oh, me desculpe. Você está bem? – perguntei me arrastando para perto dela, ajudei ela se levantar.
— Claro, foi só um susto. – ela sorriu. E eu me perdi.
Nunca havia visto ela naquele hospital. Ela era loira de olhos azuis e tinha um sorriso extremamente marcante, eu iria me lembrar daquele sorriso com toda certeza. Fiquei alguns segundos olhando-a fixamente, por algum motivo desconhecido eu não conseguia desviar o olhar.
— Posso te fazer um curativo? – me olhou confusa ainda sorrindo, apontei para a boca dela e então ela percebeu que estava machucada.
— Eu aceito.
Peguei algumas gases, soros e curativos e levei ela até uma sala de descanso. Enquanto eu limpava lentamente a boca dela, sentia uma sensação estranha no meu estômago, eu nunca havia sentido aquilo antes.
— Me desculpe, de verdade. – pedi novamente, quase como um sussurro, eu ainda não entendia as minhas reações.
— Tranquilo. Não é sua culpa, eu devia prestar mais atenção. – novamente ela me ofereceu um sorriso e eu derreti. Parecia uma gelatina de tão mole. – Sou Arizona. É o meu primeiro dia. – esticou a mão para me cumprimentar.
— Callie, muito prazer e seja bem vinda. – segurei a mão dela sentindo uma eletricidade passando pelo meu corpo, como se nosso contato tivesse dado choque. Fiquei nervosa.
Terminei de fazer o curativo dela, estava um pouco desconfortável, não por ela, claro que não. Estava incomodada com o meu corpo, com o meu estômago virando cambalhota, com as minhas mãos suando, com meus pensamentos frenéticos. Eu estava confusa, precisava sair logo dali.
— Prontinho. Agora podemos voltar ao trabalho. – avisei me afastando.
— Muito obrigada. – ela sorriu e mais uma vez, me fez suspirar. Que sorriso lindo.
Eu poderia ficar ali por todas, admirando aquele sorriso perfeito, não me importaria de olhar para aqueles olhos da cor do oceano, sentir o cheiro dela, a presença dela. Eu até gostaria na verdade. Sai daquele lugar rápido, não estava gostando de como meu corpo estava reagindo, eu estava estranha. Me afastei, contrariada. Eu estava tão confusa que não sabia se queria ficar ali ou ir embora.
Andei em passos largos até o quarto com Wilson estava, demorei tanto que até me questionava se o paciente já havia morrido nesse meio tempo.
– Onde você estava? Estou desesperada aqui. – Wilson perguntou assim que entrei no quarto.
— Hmm.. – pensei um pouco, eu não diria que cai no corredor e machuquei uma mulher. Era melhor não dizer nada. – Isso nem é da sua conta. – respondi, ela sorriu sem graça.
— Credo, cê tá muito nervosa. – ela murmurou, ignorei.
— Então?
— É o James, o menininho que caiu do carro em movimento e fraturou as duas pernas. Ele acabou de pegar uma infecção no pós operatório, está com 40° graus de febre e vomitando. – ela explicou. – Ele é paciente da doutora... – parou por uns segundos para ler o prontuário. – Robbins.
Nossa, que maravilha. Era quem eu mais queria ver no momento. Só que não.
Meu corpo tensionou. Minha boca secou e minhas mãos começaram a suar. Eu estava nervosa, e estava muito surpresa com isso. Logo ela chegou ali com um sorriso no rosto, impressão minha ou essa mulher só anda sorrindo?
Ela já sabia de tudo, eu não precisei dizer nada, ela conversou com a mãe do menino, explicou que teríamos que fazer uma cirurgia e que ela não tinha motivos para se preocupar. Precisávamos esperar até o outro dia para estabilizar o quadro dele mas que faríamos logo pela manhã. Eu estava paralisada olhando para ela, como ela conversava bem, não tremia ou ao menos gaguejava, já eu, estava irreconhecível. Não era muito seguro que ficassêmos próximas em uma cirurgia já que por algum motivo eu ficava nervosa perto dela, minha voz nunca saiu tão falha e eu nunca gaguejei tanto na minha vida. Só ela tinha esse efeito em mim.
Passei o restante do dia no laboratório, estudando e aperfeiçoando a minha pesquisa. Precisava ficar sozinha para entender o que ela estava fazendo comigo, eu não consegui me concentrar em nada, o sorriso dela não saía dos meus pensamentos, a voz, o jeito, o carisma. Absolutamente tudo, eu só pensava nela e aquilo era assustador, eu mal a conhecia, havia trocado meia dúzia de palavras e estava irreconhecível.
Eu sei o que aquilo parecia, e eu não queria acreditar nem um pouco, mas... E se... Eu estivesse interessada naquele par de olhos azuis? Aquilo era loucura, claro que era. E eu precisava dar um jeito de tirar Arizona dos meus pensamentos antes de entrar naquela sala de cirurgia amanhã.
🐻
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Com amor, Robbins. ~ Em Revisão ~
FanfictionOnde Callie se apaixona perdidamente pela novata da pediatria. Torres é casada com o chefe do trauma, conhece Arizona que acabou de chegar em Seattle com a nova namorada. +18 . . . . . . Livro em revisão. Início: 04/04/22