Capítulo 9

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09 - Clarice

Depois de várias portas fechadas, uma se abre. Uma luz no fim do túnel, aquela que eu não tinha mais esperança que aparecesse. Mesmo sem fé e desanimada, ela se acendeu, dando-me uma nova chance de seguir minha vida. Para muitos um emprego não significa nada, mas para mim significa muito.

— Erika, obrigada — agradeço chorosa, sem acreditar no que ela acaba de dizer. — Um emprego é tudo que eu mais desejo nesses últimos meses. Você está salvando a minha vida.

— Calma. Eu não disse qual o cargo.

— É um emprego, eu aceito. Estava doida por um, não importa qual será a função, meu salário caindo todo início do mês na minha conta é o que importa. — Levanto-me e começo a andar pela sala, emocionada, nervosa e aliviada ao mesmo tempo.

Um emprego vai me ajudar muito, não precisarei entregar a minha casa para o banco, nem voltar para a casa dos meus pais. Um emprego não vai resolver todos os problemas da minha vida, mas vai sanar as coisas mais urgentes, com o tempo tudo vai se encaixando no seu devido lugar.

— Senta, Clarice, me deixa explicar — Erika pede, dando três tapinhas ao seu lado do sofá. Sento-me. — Calma, espero que continue com essa empolgação toda quando eu disser como será seu emprego.

— Pode dizer — incentivo, afinal está me olhando com desconfiança. O motivo não faço a mínima ideia.

— Olha, já vou dizendo que eu amo você, que estou oferecendo esse emprego mesmo sabendo que vai parecer que sou amiga da onça, mas não sou, eu amo você e Gael.

— A gente também te ama, você sabe o quanto é importante na minha vida e o quanto sou grata por você ser a minha amiga, não só na alegria como na doença também.

— Vocês são importantes para mim e eu não aguentava mais ver o seu desespero, então eu dei um jeitinho. — O seu olhar é apreensivo. — Estou até tremendo só de pensar em falar desse emprego. — Mostra as mãos trêmulas. — A foda tinha me acalmado, mas agora já estou nervosa de novo e você bebeu todo o vinho.

— Estou ficando com medo.

— Não precisa ter medo, mas eu estou com medo de você desistir antes mesmo de começar. E, se começar, desistir na primeira semana.

— Eu quero muito o emprego, dificilmente você ou qualquer outra pessoa me fará desistir.

— Deus queira que sim, será bom para todo mundo.

— Eu não vou desistir — volto a afirmar. Esse emprego significa muito para mim.

— Eu sei que você é formada, mas o emprego é de empregada.

— Era esse seu medo? — indago. — Eu aceito sem nenhum problema, não me importa fazer atividades domésticas. O emprego é meu — digo firme.

— É faz tudo, lava, passa, cozinha, limpa chão, atende telefone, tipo pau para toda obra.

— Sem problemas.

— O salário é bom, tem plano de saúde, moradia e todos os seus direitos garantidos.

— Perfeito — digo animada, já pensando no plano de saúde para Gael, que vai ser muito bom. Criança do nada fica doente.

— O emprego em si é muito bom. Você vai ficar responsável pelo serviço da casa principal e lá só tem um único morador, eu sei que não terá dificuldade de executar as atividades propostas.

REFÚGIO:  Você irá encontrar a paz e o amor no improvável.Onde histórias criam vida. Descubra agora