Epílago

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Epílogo

Alguns anos atrás, éramos apenas Gael e eu. O meu maior medo sempre foi não dar conta de cuidar do meu filho sozinha, ainda tinha uma louca que me assombrava, dizendo coisas absurdas e se achando no direito de tomar o meu filho. Com o tempo ela foi presa e foi constatado que era literalmente louca, um perigo para a sociedade e para ela mesma.

O destino me fez encontrar uma pessoa maravilhosa que tinha medos e estava tão quebrado quanto eu. Juntamos nossos caquinhos e construímos uma bela família.

O destino também fez Gael virar um belo homem, muito parecido com Ryan, seu pai de sangue, e, por incrível que pareça, também possui alguns traços de Miguel, seu pai de coração. Nunca escondi nada do Gael, ele cresceu sabendo quem era seu pai, da sua doença e sua família paterna de sangue.

Tenho orgulho do meu filho ter decidido ser médico, justamente para cuidar de pessoas com doenças semelhantes a doença do seu falecido pai. O destino também fez uma paciente com problemas de cabeça cair em suas mãos, essa paciente é nada mais nada menos que Rosana. Ela acabou sendo tratada pelo neto, que um dia queria tomar para si, ela não o reconheceu, já estava com a idade avançada e além da loucura ainda estava com um câncer de pulmão, coincidentemente a mesma doença que o filho, que ela negou ajuda. A mesma doença tirou a vida de ambos.

— Não fique assim, Gael, você fez o que pode — digo, enquanto caminhamos para fora do cemitério. Hoje foi o enterro da Rosana, apesar de todo o mal que ela nos fez, Gael sentiu por não ter conseguido curá-la.

Ela teve um fim triste, sozinha e sem ninguém, as únicas pessoas presentes no seu enterro foram Gael e eu. Claro que só vim para auxiliar o meu filho. Miguel não tinha condições psicológicas para vir e a nossa filha ficou fazendo companhia a ele.

— Sei o que fiz o que pude, mãe, mas me entristece ver pessoas com um coração tão cruel. Ela não sabia quem eu era, ficou sozinha, sem as próprias lembranças — lamenta.

— Ela fez suas escolhas e esses são os resultados delas — constato, Gael assente e seguimos. Quando olho para frente, vejo minhas outras duas vidas. — Olha lá quem veio nos buscar e te dar o apoio que precisa.

Miguel e Analú estão nos esperando do outro lado da rua. Gael abre os braços, Analú vem correndo ao seu encontro e o abraça.

— Estou aqui por você, maninho. Te amo.

— Também te amo, maninha.

Miguel se aproxima e dá dois tapinhas nas costas de Gael.

— Estou aqui, filho.

— Obrigado, pai. — Gael sabe que Miguel fez um tremendo esforço para estar aqui, mesmo que só na porta para nos buscar.

— Por você sou capaz de tudo — Miguel diz.

— O que acha da gente tomar um sorvete? — Analú sugere. — Ninguém fica triste tomando sorvete.

— Sorvete é uma boa — Gael concorda.

Abraçamos uns aos outros e caminhos lado a lado. Nesse momento a família é o bem mais precioso que temos. O nosso refúgio.

Fim!

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REFÚGIO:  Você irá encontrar a paz e o amor no improvável.Onde histórias criam vida. Descubra agora