Capítulo 26

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26 - Clarice

— Graças a Deus. — Junto minhas mãos em oração. O meu filho é meu, apenas meu, ninguém vai tirá-lo de mim.

— Eu te disse que a lei estava ao seu lado. — Sou amparada por Miguel, que pega minhas mãos e as beija.

— Impossível — vocifera Rosana, batendo na mesa —, o meu neto tem que ficar comigo, eu tenho condições de dar uma vida digna a ele.

— Acalme-se, senhora Rosana — um dos seus advogados a aconselha.

— Se tem tantas condições, pode ajudar financeiramente a mãe do menor — a juíza sugere.

— Nunca que essa mulher vai ver o meu dinheiro, quero apenas o meu neto e nada mais.

— Jamais iria querer o seu dinheiro — acabo falando. — Gael é o meu filho, é comigo que ele tem que ficar e não com uma descontrolada como você.

— Clarice, se acalma, a guarda é sua, não caia no jogo dela — Miguel me aconselha. Ele segura a minha mão e leva até a boca, depositando um beijo.

Você é patético! — Rosana grita dentro da sala, apontando o dedo para Miguel, ela está visivelmente alterada. — Quer cuidar dessa mulherzinha ridícula e ainda fingir ser o pai do meu neto? Não soube nem cuidar da mulher grávida e do filho, agora quer se redimir por seus erros. Para completar essa juíza de merda ainda ajudou vocês. Quanto você pagou para ela?

— Senhora Rosana, a senhora está desacatando uma autoridade — a Juíza alerta. — Peço que se contenham, estão na minha sala e exijo respeito.

Miguel está paralisado ao meu lado, ele me olha fixamente e depois se vira para Rosana, algo em suas palavras o deixaram assim.

— O que disse? — indaga.

— Quanto pagou para a juíza, me responde? — Aponta para a juíza, que se levanta e não parece nada feliz com a cena. — Eu pago o dobro.

— Senhora Rosana... — a juíza começa, mas Miguel a interrompe.

— O que disse sobre a Júlia? — Miguel pergunta novamente.

— Que você não foi capaz de cuidar dela. Deixou sua mulher grávida dirigir pela estrada sozinha e por sua culpa ela e seus filhos estão mortos, agora vem atrapalhar a minha vida ajudando essa aí a tomar o meu neto. Ela acabou com a vida do meu filho, agora quer acabar com a vida do meu neto.

— Foi você. — Miguel passa a mão pelos cabelos. — Foi você — repete. — Passa a mão no rosto, visivelmente nervoso. — Você os matou.

Miguel ameaça ir para cima de Rosana e fico desesperada.

— Miguel, calma — peço, com as mãos em seu peito. — Não sei o que ela aprontou, mas você não é homem de fazer justiça com as próprias mãos.

— Senhores, peço que se acalmem, isso é uma sala de audiência. Senão se acalmarem serei obrigada a prendê-los — a juíza tenta intervir novamente.

Vejo dor nos olhos de Miguel. Essa naja fez algo de muito ruim para deixá-lo assim.

— Eu? — Rosana gagueja. — Está louco. — Desvia o olhar. — E você, juizinha de porta de cadeia, quanto você quer para dar a guarda do meu neto para mim e manter essa coisa — aponta o dedo para mim — bem longe do meu neto?

— Já chega, senhora Rosana, a...

— a juíza começa, mas o grito do Miguel a impede de continuar.

REFÚGIO:  Você irá encontrar a paz e o amor no improvável.Onde histórias criam vida. Descubra agora