REFÚGIO: Você irá encontrar a paz e o amor no improvável.

Capítulo 13

13 - Miguel

Há pouco mais de cinco anos o sol se pôs e não nasceu novamente. Vivo na escuridão que se mantém dia após dia, minha vida foi arrancada de mim bruscamente. Um estúpido matou a minha família. Enterrei meu filho e a única mulher que amei e junto com eles foi para o túmulo toda a minha alegria e vontade de viver.

Pego o porta-retratos dos dois, passo a mão sobre seus rostos alegres e lembranças de uma vida perfeita invadem a minha mente.

— Grávida? — questiono sem acreditar. Há tempos estávamos conversando sobre aumentar a família, mas Júlia dizia que ainda estava cedo.

Eu sempre quis uma família grande, tenho apenas uma irmã.

Hoje de manhã, quando Júlia disse que tinha algo para me contar, não imaginava que seria essa a notícia.

Durante o dia tentei descobrir do que se tratava, mas ela não deu nenhuma pista, apenas que iria dizer antes de dormir, quando estivéssemos apenas nós dois.

— Sim — afirma com um sorriso no rosto. — Aqui — coloca as mãos em seu ventre, ainda plano —, cresce mais um pedacinho nosso — reafirma, fazendo meu coração transbordar de felicidade.

Aproximo-me da Júlia e ajoelho aos seus pés, levanto sua blusa e beijo sua barriga.

— Papai já te ama, que você seja bem-vindo a esse mundo. — Levanto-me e tomo a boca da minha mulher. — Te amo. Você acaba de me fazer o homem mais sortudo e feliz desse mundo. — A beijo mais uma vez.

— Eu também te amo, Miguel — diz, quando encerramos o nosso beijo. — Amo você, amo nossa família.

— Linda. — A pego no colo e carrego até a cama. Deito o seu corpo com cuidado e a cubro com o meu, então nos perdemos em nossa paixão.

Depois de fazermos amor, Júlia se aconchega em meu peito o fazendo de travesseiro, a abraço.

— Precisamos contar para o Matheus que ele vai ganhar um irmão ou irmã — Júlia diz com a voz grogue de sono.

— No fim de semana, quando formos para a fazenda, a gente conta — sugiro.

— Gostei da ideia.

— Sempre sou bom em ideias — brinco.

— Meu marido é bom em tudo. — Sorri. — Sorte a minha que ele é meu enquanto vida eu tiver.

— A minha esposa que faz de mim o homem que sou. Sem ela não sei o que é vida.

— O meu marido que faz de mim a mulher que sou.

— Está roubando minha fala, espertinha.

— Eu te amo tanto que dói em meu peito — confessa. — Amo acordar e dormir todos os dias ao seu lado, Miguel.

— Sabe que sinto o mesmo por você, não sei como pode existir uma vida sem você ao meu lado.

— A noite passada tive aquele pesadelo de novo.

— Está muito cansada, por isso esses pesadelos, ou talvez seja os hormônios da gravidez. Não vai acontecer na vida real.

— Estou grávida de poucas semanas, isso vem se repedindo há um bom tempo.

— Não vai acontecer — afirmo —, é só um sonho ruim.

— Eu queria pedir uma coisa para você. — Levanta a cabeça e me olha. — Queria muito que fizesse isso por mim, por nosso amor.