Capítulo 21

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21 - Clarice

Estou sentada na escada que dá acesso à casa grande, Gael brinca sozinho com uma bola, corre de um lado para o outro, ele está feliz.

— Ele está crescendo rápido. — Sem me virar reconheço a sua voz, é macia e suave. Olho para o lado para confirmar; Ryan não está debilitado, está sadio, lindo, como quando nos casamos.

— O tempo passa rápido, nem parece mais aquele pequeno bebê que um dia peguei no colo.

— Nós prometemos cuidar e guiar seus passos. — Senta ao meu lado e observamos o nosso filho.

— Estou tentando. — Suspiro. — Logo ele será um homem.

— Um homem com várias qualidades, ele está sendo criado por uma mãe maravilhosa.

— Tenho medo — confesso. — Tenho tanto medo, Ryan.

— Do quê?

— De não dar conta de cuidar dele sozinha — explico e começo a chorar.

— Não chore.

— Tem tanta coisa acontecendo. Têm dias, como hoje, que o medo de perder o nosso filho me consome — digo, aflita.

— Não tenha medo, está fazendo um bom trabalho.

— Sinto sua falta, Ryan — confesso. — Sinto tanto, queria tanto que você estivesse comigo.

— Eu estou aqui. — Sorri.

— Ela pode tomar meu filho.

— Ela não vai.

— Preciso de você — choro —, tenho medo, não vou conseguir sozinha. Preciso da sua ajuda, volta para mim? — peço. — Volta para mim.

— Calma — pede, com a voz suave de sempre.

— Ryan... — digo seu nome com pesar, eu sei que ele não pode voltar, sei que é apenas um sonho como todos os outros que tive desde que partiu, meu subconsciente sabe. Abaixo a cabeça.

— Clarice — toca meu ombro, levanto a cabeça para olhá-lo —, você não está sozinha, não precisa ter medo. Já estamos trabalhando, uma amiga e eu, já tem uma pessoa além de mim que está cuidando de você e Gael, ele está aprendendo junto com vocês. Em breve os três formarão uma bela família, logo Gael ganhará uma irmã, uma menina linda com os mesmos olhos da mãe. Essa menina irá curar a ferida aberta no coração do pai e completar a sua vida e do Gael. Uma nova família está prestes a se formar, mas para isso você precisa deixá-lo entrar. Ele também sofre.

— Quem?

— Olhe. — Aponta para onde nosso filho estava brincando. Agora Gael não brinca mais sozinho, ele chuta a bola e Miguel a pega, depois sai correndo, pega Gael e o gira no ar, ambos estão rindo e felizes.

— Ainda está cedo — digo.

— Nunca é cedo para amar. Viva, eu vou estar aqui cuidando de vocês. — Volto a olhar para Miguel e Gael brincando. — Ele está curando a sua dor, você e Gael fazem parte dessa cura.

— Mas, Ryan. — Olho para o meu lado e ele não está mais. O meu coração infla de saudade, de amor, gratidão e esperança.

Volto a olhar para Gael e Miguel e acabo sorrindo.

REFÚGIO:  Você irá encontrar a paz e o amor no improvável.Onde histórias criam vida. Descubra agora