REFÚGIO: Você irá encontrar a paz e o amor no improvável.

Capítulo 27

capítulo 27 - clarice

Observo Gael correndo pelo jardim, ele fugindo do Miguel, que corre atrás para pegá-lo. Eles estavam lavando as bicicletas quando Miguel pegou a mangueira e molhou Gael, assim a brincadeira começou.

Fico de longe, sentada na grama apenas olhando os dois. Eles gritam e riem animados. São inseparáveis.

— Eu disse que iria ficar tudo bem.

— Você disse. — Olho para ele, estou feliz. — Ninguém mais vai tirar o nosso filho de mim.

Ryan senta ao meu lado.

— Você não está mais sozinha. — Olha para frente, para Gael e Miguel brincando juntos.

— Nunca estive só, tenho Gael e você.

— Agora você tem o Miguel. — Olho para ele e depois volto a olhar os dois homens da minha vida. — Daqui um par de meses terá outra vida em seus braços. A família estará completa.

— Será? — Coloco a mão em meu ventre.

— Ela já está crescendo. É uma menina.

— Uma menina. — Acabo sorrindo. — Vou amá-la tanto quanto amo Gael.

— Estão formando uma bela família. Gael vai ser um ótimo irmão. — Ficamos em silêncio. — Você terá muito orgulho do homem que ele vai ser.

— Já tenho orgulho dele hoje.

— Clarice, você está bem e feliz, Gael também, eu preciso ir.

— Está se despedindo?

— Vocês estão seguros agora. Vou aparecer cada vez menos, até ser uma lembrança.

— Por quê?

— Tem outras pessoas precisando de nós. Nunca estamos sozinhos, precisamos cuidar daqueles que estão sozinhos e nos pedem ajuda. A promessa continua, sempre irei cuidar de vocês dois, mas agora um pouco mais distante.

— Vou sentir saudades.

— Quando a saudade apertar, abrace o nosso filho, ele é um pedaço de mim aqui na terra.

— O abraço diariamente. Obrigada, Ryan, você me deu o meu maior presente. Por Gael continuei viva e lutando, você nunca me abandonou e nunca vou te esquecer.

Ryan sorri e caminha até Gael, que está sentado ajudando Miguel com a bicicleta, então beija sua cabeça. Uma mulher loira se aproxima de Miguel e o abraça, ela olha para mim e sorri. Ryan segura sua mão e eles caminham até desaparecer do meu campo de visão.

Abro meus olhos e coloco a mão em meu ventre. Está na hora de eu fazer o exame. Esse sono excessivo e essa fome não são normais, talvez sejam os sinais de uma nova vida crescendo dentro de mim.

— Mãe, mãe — Gael entra correndo no quarto e pula na cama. — Que dia que é hoje?

— Hum. Não sei. — Finjo não saber. — Sábado?

— Pense, mamãe, pense.

Sento-me na cama e o encaro.

— Me deixe pensar. — Finjo pensar. — Claro que sei que dia é hoje, é aniversário da pessoa mais importante da minha vida. — O puxo para um abraço. — Parabéns, meu amor, pelo seu sexto aniversário. Que papai do céu te abençoe imensamente, que continue sendo esse filho maravilhoso. Mamãe te ama muito.