REFÚGIO: Você irá encontrar a paz e o amor no improvável.

Capítulo 25

25 - Clarice

Os dias vão passando e estou cada vez mais feliz. Miguel é maravilhoso, se dá muito bem com o Gael, isso que me deixa ainda mais feliz e realizada. Não é mais segredo para ninguém que estamos juntos. Todos sabem que nutrimos sentimentos um pelo o outro, Miguel está até mais sociável e sorrindo mais vezes.

No último fim de semana almoçamos na casa dos meus pais, eles ficaram felizes por eu ter deixado alguém entrar na minha vida. Como já imaginava, ficaram encantados com Miguel, assim como eu sou.

— Está sorrindo de novo — Erika comenta, deitada no sofá ao meu lado em casa.

— Para. — Pego a almofada e jogo nela.

— Isso é cara de gente apaixonada. — Joga a almofada de volta.

— Estou mesmo e não nego. — Estou apaixonada, feliz com o rumo que minha vida tomou. Sou grata a Deus por ter colocado um pessoa em minha vida, mesmo que o nosso início não tenha sido legal, mas agora está sendo perfeito, mais do que um dia eu sonhei para mim.

— Quem diria que o pau do meu irmão ia te deixar assim, tão soltinha.

— Erika — repreendo, mesmo sabendo que não é só o pau do Miguel que me faz feliz.

— Digo apenas verdades. Pode confessar? Meu irmão é tudo de bom. — brinca.

— Não é bem assim, Miguel me faz bem em um todo.

— Inclusive, o que ele tem no meio das pernas, né. — Pisca para mim, pego a almofada e agora a acerto. — Brincadeirinha, boba, vocês dois juntos se fazem bem. Nem acredito que Miguel voltou à vida, meu irmão voltou a sorrir, voltou a ser o que era antes.

— Não acredito que ele é assim, tão bom, tão perfeito para mim. Aconteceu tudo tão rápido, quando dei por mim nós já estávamos juntos.

— Oh, que fofinha ela falando — brinca, fazendo voz de criança. — Muito bonitinho tudo isso, esse bichinho do amor é muito poderoso.

— Um dia esse bichinho vai te picar também — alerto.

— Sou imune a ele. — Ela fica séria por breves segundos. — Mas fico feliz que ele te picou.

— Estou parecendo àquelas adolescentes apaixonadas?

— Está. — Cubro meu rosto com as mãos. — Mas uma adolescente com corpo de mulher e um homem ao lado por quem coloco a mão no fogo. Tenho certeza que jamais vai feri-la. Você tem que ficar feliz sem vergonha, sem medo. Você, Gael e Miguel merecem ser felizes, merecem tudo de bom que vem acontecendo.

— Faz tempo que não me sentia tão feliz. Até a cobra sumiu, não tenho mais notícias dela, graças a Deus.

— Nem pronúncia ou pense nela. Energia ruim traz notícias ruins, que fique onde está, ou mais longe.

— Às vezes me sinto um pouquinho culpada — compartilho minha angústia.

— Culpada do quê? Por estar feliz? Por ter encontrado uma pessoa legal, que te ama e ama seu filho? Agora quem não está entendendo nada sou eu.

— Culpada por estar feliz — tento explicar o que sinto. — Para eu estar assim tão feliz hoje, Ryan teve que morrer. Eu amei Ryan com todas as minhas forças, ele é o pai do meu filho e fui muito feliz com ele. Hoje eu amo Miguel e ele é tão importante na minha vida quanto Ryan foi. Tenho medo, me sinto confusa, até mesmo culpada — desabafo.

— Clarice, não se sinta assim.

— Eu me sinto, não consigo evitar não sentir.

— Você foi feliz com Ryan?