"A Liberdade que Limita" [parte 02] | Stéfani P. Paludo

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A última resenha sobre "A Liberdade Que Limita", de Stéfani P. Paludo, gerou alguns debates interessantes e me deu a oportunidade de desenvolver vários pontos que considero importantes e que acabam por amarrar muito do que eu já falei ao longo desse projeto.

Mas antes de começar eu preciso pedir licença à Stéfani para usar o livro dela. Pretendo desconstruir a cena do encontro da Luzia e do Gustavo, trazendo alternativas para ela. De forma nenhuma, as ideias que trarei aqui são obrigatoriamente melhores ou mais coerentes com a história. São apenas concepções diferentes que trazem novas interpretações.

Tentarei fazer o papel de um leitor crítico (amador... rs) para que possamos nos debruçar no ato de se construir uma história.

Na resenha anterior, eu salientei que a "tranquilidade" existente no primeiro contato de Luzia com um homem, na minha opinião, não só desperdiça poderosos conflitos, como também enfraquece o ótimo cenário criado pela própria Stéfani. E sugeri que a escritora criasse um encontro mais traumático para a protagonista, onde sua vida corresse risco para que, assim, ela pudesse ser resgatada por Gustavo, seu provável par romântico.

Muitos argumentaram que o ato de Gustavo salvar Luzia enfraqueceria a protagonista e iria contra a missão da história de estabelecer a força de uma personagem feminina.

Eu concordo com esse argumento, discordando (rs).

Robert McKee afirma que um valor positivo é reforçado por outro negativo. Ou seja, uma luz forte gera sombras fortes também. E o que eu quero dizer com isso?

Se queremos estabelecer a força de uma personagem é importante então que suas fraquezas sejam antes reveladas também.

Imaginemos que a missão de Luzia na história "A Liberdade Que Limita" seja a luta contra as forças tiranas que estabeleceram a sociedade dividida e escravagista (condição em que os homens se encontram) em que ela vive.

Considerando essa premissa, precisamos então nos debruçar no Arco Dramático de Luzia, ou seja, na sua jornada física e emocional que fará com que ela desenvolva uma força interna suficiente para concluir sua missão.

E o encontro da protagonista com Gustavo é a situação perfeita para nosso Ponto de Virada, o tal Incidente Incitante, já que não houve situação mais dramática e transformadora na vida de Luzia. Lembrando que o Incidente Incitante é um acontecimento que muda por completo a vida do protagonista, tirando-o do conforto de sua vida para jogá-lo numa jornada sem volta de aprendizado e crescimento.

Além disso, não há momento melhor que o Incidente Incitante para explorar as fraquezas de um protagonista, já que para que ele tenha uma jornada, ele não só precisará de uma "missão", um objetivo, mas também de desafios. E desafios são conflitos, barreiras que atrapalham a caminhada do personagem, deflagrando suas fraquezas e ajudando-o a crescer, a se aprimorar.

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