"O CEO É O Limite" | Nrixx Noctis

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Já que eu uso o Wattpad como um confessionário muitas vezes, vamos a mais uma confissão

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Já que eu uso o Wattpad como um confessionário muitas vezes, vamos a mais uma confissão. Boba, mas ainda assim uma confissão de preconceito. Eu sempre tive resistência em relação aos livros sobre CEOs e suas secretárias. Sempre gostei de personagens ativos, que tomam suas decisões, erram, e esse gênero acabou pavimentado por protagonistas passivos, que sofrem por tempo demais até despertarem para seus arcos dramáticos.

Para isso já bastam as novelas da Globo. Sim, já vi algumas. Adorava as com cunho fantástico, que permearam a década de 90. (rs)

E, continuando com as confissões, devo admitir que adorei o início de "O CEO É O Limite" de Nrixx Noctis. O humor cáustico e a postura ativa de Alexandra Turner me ganharam.

Mas antes de chegarmos à Alexandra, falemos um pouquinho sobre a narração em primeira pessoa.

Nrixx Noctis opta por colocar sua protagonista falando diretamente para o leitor, discorrendo sobre os encantos econômicos de Nova Iorque e detalhando as características necessárias para se vencer numa cidade como esta. No cinema, essa técnica é conhecida como "quebrar a quarta parede". Essa "parede" seria a tela, a única coisa que separa personagem do espectador.

Posso te contar uma coisa sobre Nova York?

O PIB da área metropolitana de NY soma mais de $1,2 trilhões, é a décima quinta maior economia do mundo.

Quer outra coisa interessante?

Ocupamos o segundo lugar dos Estados Unidos em companhias estabelecidas numa só cidade, nos tornando uma das maiores comunidades de negócios internacionais do mundo, fato do qual nos orgulhamos muito.

Essa é uma ferramenta muito utilizada em histórias que circulam ao redor do mercado financeiro, de agências e empresas que movimentam muito dinheiro. "O Lobo De Wall Street" e "A Grande Aposta" são dois exemplos de filmes em que o protagonista se dirige diretamente para o espectador, assim como o faz Alexandra. Um clichê, como vocês podem ver, mas um clichê quase impossível de escapar.

Mas por quê? Eu te pergunto. (rs)

Primeiro, porque muitas vezes as operações financeiras retratas na história, os contratos e as dinâmicas do mercado, precisam ser explicadas para nós, leigos. É uma forma de nos passar uma teoria mais complexa, que requeria uma bagagem prévia que não temos.

Segundo, e aqui entra a história de Nrixx, porque na esmagadora maioria das vezes os protagonistas são os verdadeiros anti-hérois, que se tornam gananciosos, inescrupulosos muitas vezes, alcançando o sucesso por meio de falcatruas e puxadas de tapete. E a narração direta com o leitor/espectador é uma maneira de atenuar as atitudes questionáveis desses personagens, permitindo com que eles mesmos nos convençam de suas desculpas, de suas deturpadas intenções. Ou seja, o protagonista usa de sua natural desenvoltura para nos envolver, para nos tornar mais um de seus aliados, mais um de seus admiradores.

E normalmente conseguem.

É, por exemplo, o que faz o diretor José Padilha em "Tropa de Elite". Não há dúvida de que o Capitão Nascimento é um homem corrompido pelo seu meio, com uma visão bem deturpada da sociedade. Um assassino e torturador que justifica suas atrocidades por meio da busca insana por justiça. Uma justiça frágil, equivocada, perdida em meio aos seus desejos de controle e vingança. Caso o filme não tivesse sua narração, seu ponto de vista comentado por ele mesmo, dificilmente os espectadores se envolveriam com Nascimento, aceitariam sua postura. Mas seu charme, sua habilidade em distorcer o real, em nos convencer de suas ideias, sua inteligência e seu humor afiado, nos cativa desde o início, nos carrega pelo filme como admiradores e entusiastas de seu modo de operar.

Uma técnica muito bem utilizada por Nrixx Noctis em "O CEO É O Limite".

Eu gostaria de dizer que sou a presidente da Thompson, mas quis o destino que eu nascesse na pacata família Turner do Harlem, com valores de vida modestos e bem opostos ao que sempre quis. Não sou a presidente, mas sou assistente direta dele, o Poderoso de Midtown, como minhas amigas, os tabloides de economia, e qualquer pessoa que quer um lugar neste mundo dos negócios conhece.

Percebemos, desde a introdução, que Alexandra, a protagonista do livro, é ambiciosa, destemida, manipuladora e vingativa. Características que a tornam, obviamente, uma bela anti-heroína. Mas seu humor e suas justificativas nos ganham rapidamente, nos enfeitiçando, nos tornando aliados contra seu chefe, sem nem mesmo termos conhecido ele.

Ethan Thompson é o único motivo de eu estar com a carreira estacionada no cargo de assistente.

E por isso, internamente o chamo de CEO. Como se ele pudesse ler meus pensamentos e se irritar, como se eu pudesse tirar ele só um pouquinho do sério, assim como ele faz questão de fazer comigo todos os dias só de estar respirando. Ethan Thompson quer que eu desista. Que eu pire, vá limpar a minha mesa num acesso de choro e suma da sua vida para todo o sempre.

Só que eu jamais vou desistir. Quis a vida que dois teimosos natos trabalhassem juntos, sempre numa guerra interna de quem conseguisse ser melhor. Sei até onde posso provocá-lo, instiga-lo. E ele sabe que só me tira daqui me demitindo, e eu não faço nada que possa dar motivos para isso. Pro azar dele, vem de uma família correta demais para fazer tal coisa só por mero capricho. Ethan tem um código a seguir, e enquanto eu for brilhante aqui, estarei protegida.

Há muitos anti-heróis na literatura, no cinema, mas quanto mais inescrupuloso ele for mais habilidoso o escritor deverá ser para conseguir contornar o caráter duvidoso de seu protagonista. Terá de temperá-lo com uma inteligência aguda e encantadora, um humor ácido e envolvente, sempre aproveitando os momentos ideais para humanizá-lo, para revelar para o leitor suas fraquezas sem enfraquecê-lo, sem torná-lo vítima, frágil demais, cedendo seu posto de predador para o antagonista.

Objetivos esses alcançados por Nrixx Noctis com sua maravilhosa personagem Alexandra Turner.

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Mais uma resenha entregue! \o/
Espero que gostem, em especial a Nrixx Nocttis. E desta vez o atraso não foi culpa minha (rs). Como fiquei sem internet no trabalho durante a semana, não consegui lançar a resenha na quarta-feira.

De qualquer forma, peço perdão pelo atraso e pela demora também de responder os comentários.

Agradeço de coração todos os comentários a respeito do meu livro. Muito obrigado mesmo e fico muito feliz em saber que terei leitores tão especiais. \o/

Pessoal, a partir da segunda semana de fevereiro entrarei de férias. Por isso não criarei ainda o grupo no Whatsapp (eu sei que to enrolando demais da conta com isso... rs), mas tentarei manter as resenhas, caso eu tenha internet na viagem e um espacinho no tempo para escrever. Vou me esforçar ao máximo para manter o projeto certinho. ;)

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Vcs já usaram essa técnica de colocar o protagonista falando diretamente com o leitor? Quais motivos fizeram vcs usá-la?

E vc, como leitor, gosta desse tipo de narração? 

1001 Resenhas [Fechado]Onde histórias criam vida. Descubra agora