Propício ao Erro | ji+kook

é só um sentimento triplo.

Hoseok nunca fora muito lento sobre aquele assunto.

Desde antes do teste que houve entre ele e Taehyung, Jung pegava os dois amigos o observando mais do que deveriam, seja quando estavam juntos ou não. Ele não era bobo, a sexualidade de ambos não era um segredo e, bem, eles também pareciam não ligar muito para isso. Contudo, tudo mudou depois de ser trancado em um quarto com o Kim. Lembrava-se do modo como lidou com aquilo – muito provavelmente da mesma forma que Jeongguk, pensava ele – e, principalmente, lembrava-se de como tudo ficou diferente depois do acontecido.

Acabou saindo mais com os dois rapazes, até mesmo desenvolveu um apego pelos dois. Porém, Jungkook ficava em seu encalço, Hoseok possuía medo. Não queria que seu amigo descobrisse, não queria brigar, não queria que os outros soubessem do que estava fazendo.

No final, Hoseok possuía vergonha.

Na realidade, no fundo ele possuía vergonha. Yoongi, mais do que Taehyung, percebia como a personalidade afetuosa de Jung mudava quando estavam apenas os três no quarto ou quando andavam pelo campus. Porém, o mais velho não pensava em julgá-lo, muito pelo contrário, Yoongi sentia certa pena. Ele sentia muito por quem não conseguia se assumir.

Isto é, não conhecia até então um sentimento tão bom quanto o de ser si mesmo. Tudo bem que não havia sido fácil com seus pais e família em geral, mas o modo como podia ser ele mesmo em todas as formas possíveis o deixava feliz, genuinamente satisfeito. Sair do armário era, com toda certeza, a melhor sensação de plenitude que um ser humano poderia ter.

Já Taehyung ainda ficava confuso sobre o que pensar de Hoseok. Yoongi o protegia muito neste quesito, dizia que um dia o Jung seria livre como eles e, até lá, deveria manter distância quando estavam em público. Entendia que o Kim só queria que todos pudessem ser como desejavam e que, por isso talvez, Taehyung não visse tanto a maldade que existia entre eles. O mais novo chegava a ser até ingênuo para com todo o preconceito que sofriam e, por isso, Min o protegia. Havia sido assim desde que se conheceram e, talvez por isso, o que sentiam um pelo outro fosse tão forte – mesmo que sem nome.

Mas, de qualquer modo, os três sempre se encontravam vez ou outra.

Como namorados à distância, Yoongi, Taehyung e Hoseok tiravam algum tempo para passarem juntos; desta vez no quarto do mais velho. Eram raras as vezes que andavam pelo campus, afinal, ainda seria suspeito que ficassem juntos por aí.

O de fios negros, Yoongi, sentou-se em uma das pontas, vendo o amigo de Jungkook sentar na outra, deixando espaço para que Taehyung ficasse entre eles. O mais novo então deitou-se, pendendo a cabeça para fora da cama enquanto assistia ao jogo de ponta cabeça ao mesmo tempo com que abria a embalagem de seu picolé de chiclete. Vez ou outra ele fitava os dois rapazes consigo, sorrindo terno. Adorava quando os três conseguiam algum tempo juntos e sozinhos.

Nem sempre eles tinham algum contato carnal, afinal, as companhias eram boas e isso satisfazia cada um deles. Era como se fossem três amigos de longa data que, um dia, acabaram se envolvendo.

Como em um filme, sabe? Um filme inexistente.

— Como o Presidente está? — Yoongi perguntou à medida que apertava todos os botões do controle, fazendo combos seguidos no personagem de Hoseok.

— Você acha que eu sei? — respondeu retoricamente, suspirando quando o Min derrotou-o. — Tenho cara de babá?

— Eh... Tem sim. — Tae disse, acabando por rir. — Tem bastante, aliás.

Os três riram.

— Ele tem estado estranho, na verdade. Não o vejo desde a festa do Belas Artes e... Isso é um pouco preocupante. — admitiu. — Ontem foi o jantar da reitoria... — respondeu de forma pausada, tentava se concentrar no jogo também. — Para ser sincero, da festa da república pra cá ele tem agido de forma bizarra sobre tudo. Acho que o Jimin deu um nó naquele cérebro misterioso dele. Nunca vi o Jeongguk dar tantas voltas em uma mesa como ele fez depois de conversar com Jimin.