é só um deles.

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Assim que entrou na sala de seu pai, Jeongguk sentiu que tudo o que construiu até ali poderia ser facilmente descartado.

O jeito como Junmi encarava a mesa onde suas mãos estavam apoiadas, ou talvez o modo como Seokjin alternava o olhar entre o primo e o tio. Era assustador. O ar condicionado estava ligado, mas Jeongguk tinha certeza que sentiria frio de qualquer modo. Seu corpo estava arrepiado, sua garganta seca e os pulmões desesperados por um ar que não conseguiam ter; então era assim que ele se sentiria quando finalmente encarasse seu pai?

Não achou que seria tão difícil.

— Sente-se, Jeongguk.

A voz de Junmi parecia calma e estável, o que era péssimo. Ele parecia calmo, os olhos atrás do óculos quadrado estavam vagos e fitavam as próprias mãos, ele estava pensativo. Porém, o presidente sabia que por dentro ele estava completamente alterado, tentando encaixar peças que não funcionavam juntas a fim de entender o que estava acontecendo.

Apressou seus passos e se ajeitou na cadeira, bem ao lado de seu primo. Respirou fundo, levando os dedos até onde sua gravata deveria estar, mas só então se recordou de que estava com roupas casuais, afinal, seu objetivo era encontrar com Yoongi, não Jeon Junmi. Então segurou de leve o tecido do moletom, respirando fundo.

— Seokjin disse que você anda confuso. — o homem mais velho disse, sério. A voz alheia contrastando com o silêncio doloroso. — O que aconteceu?

Engoliu em seco e percebeu, bem ali, a chance que tinha de mentir. Isto é, estava claro para ele que Jin havia o dado a chance de mentir e fingir que não, não estava pensando em se "revoltar" e começar a fazer as coisas do seu jeito. Claro, sabia que ele não fazia isso por bondade ou preocupação consigo, mas a chance ainda estava ali.

O único problema era que Jeongguk não sentia a mínima vontade de continuar se escondendo atrás das silhuetas de sua família.

— Na verdade... — respirou fundo, tocando de leve o próprio pescoço, então subindo o toque até a nuca. — Não, eu não estou confuso.

Sentiu os olhos de seu pai encarando os seus próprios e quase travou. Era um olhar congelante e extremamente intimidador, mas não se deixaria levar. Aquele era o seu momento e teria de usá-lo da melhor maneira possível.

— Como é? — Junmi questionou, estreitando as sobrancelhas. — Eu acho que você está sim. Você anda confuso e errôneo desde a apresentação, Jeongguk. E, falando nisso, quem te deu o direito de se apresentar e ainda por cima, doar o meu dinheiro?

Ficou automaticamente em silêncio, pois era o que aprendera a fazer desde pequeno. Seu corpo se encolheu e, com essa linguagem corporal, Junmi se viu no direito de continuar falando:

— Não ache que só porque é o Presidente do Conselho você pode fazer o que bem entender, Jeongguk. Ainda existe uma hierarquia e você tem de segui-la. Sem contar com o fato de que suas atitudes vão acabar prejudicando a faculdade, você parece com uma daquelas aberrações... Achando que pode mandar em tudo... — ele riu, debochado. — Atualmente, as pessoas tem a sensação errada de que todos têm voz, isso é tão absurdo... Só quem tem dinheiro e poder manda e opina.

Respirou fundo, quase revirando os olhos. Seu pai só sabia falar dele mesmo e do quão poderoso e rico era. Como Jeongguk não cansou-se disso antes?

— Eu só fiz o que tinha de ser feito, pai. — respondeu, baixo.

O presidente ainda estava acanhado, mas ainda sim sentia uma vontade gritante de se impor e mostrar o seu lado. Contudo, não chegaria a lugar nenhum se seu pai não o levasse realmente a sério.

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