𝐂𝐚𝐩𝐢́𝐭𝐮𝐥𝐨 𝟎𝟐𝟖

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Desligou o telefone com um sorriso ainda nos lábios. E a ideia que já tinha tido antes se concretizando. Maite era boa, responsável, e com uma pontada a mais de ousadia e autoconfiança se tornaria a presidente ideal para a Torredo.

Colocaria tudo no nome de sua mãe. Exatamente tudo o que possuía iria para sua mãe. Cuidaria para que pelo resto da vida não passasse nem uma só dificuldade, uma vida confortável, com tudo do bom e do melhor, onde fosse que ela quisesse viver.

Abriu bem os olhos, encarando aqueles dois vidros em sua mão. Havia tanto dinheiro em sua conta, sua casa era tão grande, sua empresa tão bela e próspera... Mas Deus, aquilo já não a pertencia mais.

Seus olhos tornaram-se brilhantes pelas lágrimas. E estranhamente um sorrido brotou em seus lábios trêmulos. Recordou-se das festas, dos carros, do luxo e de toda a elegância da grande cidade. Mas não era aquilo que a fazia sorrir.

A panela de pressão queimando e espalhando gordura para todos os cantos era o que a fazia sorrir. A gargalhada de sua mãe, o sorriso maravilhoso de Christopher, o café da manhã feito todos os dias com muito riso e piadas, as noites de amor alucinantes, as discussões, o barro, os sapatos voando, os biscoitos de chocolate... Anahí, os meninos de Anahí, Elza, sua mãe, seu marido...

Uma lágrima escorreu e isso não tirou o sorriso de seus lábios. Suas mãos alisaram o vestido, exatamente como Anahí tinha o costume de fazer. Sorriu lembrando-se mais uma vez de sua amiga, que deveria estar tão linda!

O que seria de sua vida daqui para frente? O que faria? Onde esperaria até que o fim chegasse? Trabalharia noites e dias, de forma alucinada para tampar o vazio? Iria para o exterior, França, Holanda, Itália? Ela não tinha ideia.

E só tinha um desejo.

Seus olhos olharam o homem maravilhosamente vestido na porta do quarto, parado, a observando com tanta intensidade que chegou a lhe doer o coração. Por onde quer que fosse, ela o queria ao seu lado.

Ordenava, necessitava! Deus, se recusava a viver sem ele. Recusava-se a passar os últimos meses pensando na falta que ele lhe fazia.

Não queria voltar para a Torredo. Não queria voltar para sua casa enorme e vazia. Não queria mais aqueles vestidos pesados e luxuosos, os sapatos de marca, as bolsas caras e os carros de luxo. Não queria mais as festas, as madrugadas, os cartões de crédito.

Ela o queria...

Ela queria a perfeição e o conforto de Priori. Queria sua mãe.

Queria o calor das tardes, o riso do café da manhã, as madrugadas em claro de amor e prazer. Queria as estrelas das noites, o sorriso de Christopher que não era nada mais do que sua fonte de ar, de vida.

Aquilo a curava, aquilo a tornava viva.

Ela queria ser uma mulher perfeita. Uma das mulheres perfeitas de Priori, onde poucos a conheciam, onde ninguém a perseguiria.

Christopher caminhou até ela. Ajoelhando-se a sua frente, a acariciando na lateral de suas pernas.

— Quando estiver preparado, me fale... — Dulce sussurrou.

— Sobre o que fala? — Christopher perguntou confuso.

— Meu segredo... Apenas quando se sentir preparado me pergunte, e eu lhe direi qual é. — Ele engoliu a saliva, assentindo, levantando-se para a abraçar com força, com seu coração palpitando quando mais uma vez percebeu como ela encaixava-se perfeitamente em seus braços.

— Eu gostaria de ter a encontrado antes, Torredo. Quando ainda era tempo para mim...

— Havia Lavínia. — Dulce retrucou, triste.

Um Lindo HomemOnde histórias criam vida. Descubra agora