— Ah querida, faça mil favores sim? Santo Deus, quem é você e o que fez com Dulce Torredo? — Pierre falou com indignação. Dulce sorriu, negando com a cabeça mais uma vez. — Você sabe o que fazer com esses bobões! Quem liga que estará amanhã na primeira capa dos jornais, das revistas com algumas histórias mentirosas? Você nunca ligou! Não precisamos dizer nada a eles.
— Estou saindo de um hospital Pierre, é mais que óbvio que amanhã sairá que estou entre a vida e a morte, o que não deixa de ser verdade. — Pierre deixou de sorrir. Seu semblante se tornou sério. — Pierre, por favor, está na hora de isso acabar, não vou mais morar aqui, administrar aquela empresa, não preciso mais manter a imagem de Presidente perfeita e saudável! Darei o que eles querem pela última vez.
— Ainda não acredito que vai ir embora.
— Nós já conversamos sobre isso.
— Não acredito que vai deixar a Torredo, sua empresa, construída com o seu suor. — Pierre negou com a cabeça.
— Não deixarei minha empresa, ela está segura, ficará segura! Vamos Pierre, não faça dessa forma, sim?
— Dulce, vou ao toalete. — Blanca disse.
— Sim mãe, é a primeira porta à esquerda, você pode... — Dulce mirou o painel de foto ao lado de onde haviam parado, Pierre fez o mesmo com curiosidade. Não encontrou nada que lhe chamasse a atenção; a gritaria lá embaixo, o barulho de flashs e carros chegando o alertou de seu trabalho.
— Eu vou descendo para organizar as coisas lá embaixo, demore mais dez minutos, e se lembre...
— Eu sei como funciona Pierre, eu sei exatamente como funciona. — Dulce disse o interrompendo, Pierre assentiu, caminhando em passos rápidos rumo ao elevador que o levaria até o piso térreo. Os olhos de Dulce voltaram-se para rosto de sua mãe, abrindo uma distância de um metro entre as duas. — Há algo que queira dizer?
— Se você quiser, eu posso me mudar para cá. Essa é a sua vida, essas pessoas te conhecem, apreciam seu trabalho e... — Interrompeu sua mãe.
Dulce negou com a cabeça.
— Não voltarei mais, Christopher... — Dulce murmurou, ascendo o abajur, desconectando seus corpos para que pudesse o olhar nos olhos, frente a frente. — Não voltarei para a cidade, para Priori, para toda aquela loucura.
— Você murcharia...
— Não, eu sobreviveria, com você...
— Chega mãe. Essas pessoas, ansiosas pela minha presença e pela minha entrevista, não estão preocupadas com a Dulce Torredo. Estão preocupadas com a Rainha Torredo. E eu estou cansada de ser a Rainha. Entende? — Blanca lhe sorriu, assentindo com a cabeça. — Vamos, eu quero que isso acabe e que você conheça a minha casa — Blanca voltou a assentir, quebrando a distância que a separava de sua filha. A abraçou com força, lhe alisando os cabelos lisos.
— Não permita que eles te machuquem.
— Eu sei me cuidar mãe, esse sempre foi o meu mundo, eu sei exatamente como agir perto deles. Ficarão chateados, mas logo vão superar! Em uma semana outro escândalo lhes apagará a memória, em alguns meses a Rainha Torredo será apenas reportagem de revista da seção Relembrar. — Dulce sorriu, beijando a bochecha de sua mãe de forma estalada. — Não se importe com isso, eles não podem me machucar, ninguém mais pode me machucar! — Blanca lhe soltou, penteando com os dedos a franja de Dulce.
Sua filha estava muito bonita. Vestia uma calça social preta, uma blusa regata, com um leve decote em V, banca. No ombro esquerdo uma bolsa da mesma cor que a blusa, no pulso levava um relógio também branco, no dedo anelar fazendo par com outro brilho dourado, um anel grosso com algumas pedrinhas brilhantes. Nas orelhas um pequeno ponto de luz, o rosto bem maquiado, os cabelos bem penteados. Talvez eles não vissem o mal-estar e o sofrimento naqueles olhos tão belos. Mas Blanca via, e aquilo a matava aos poucos.
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Um Lindo Homem
Fanfiction+16| Eu não precisava voltar, não precisava me desculpar, deixar tudo e fugir, eu apenas precisava de um motivo, um único motivo... Você! Finalizada em: dez 15, 2020. ATENÇÃO: TODOS OS CRÉDITOS PARA A MANDY, DO ORKUT. ESSA OBRA É APENAS UMA REPOSTAG...