— O que quer me dizer, Lizzie? - Darcy quebrou o silêncio, fazendo-a falar.
Afinal, percebeu que travada como estava, sem dúvidas não iria iniciar o assunto tão logo.
— Bom, é sobre o meu pai, eu soube que você o indicou para a vaga de eletricista. - Começou ainda receosa, pois não sabia quais eram as intenções dele ajudando-a, Elizabeth já havia percebido que Darcy era altruísta. Mesmo assim, ainda conseguiu se surpreender com tal atitude. - Gostaria de agradecê-lo pelo que fez, meus pais estão extremante felizes e devemos isso a você. - Concluiu desviando os olhos da xícara de café em sua mão, para o homem à sua frente.
Darcy ficou extremamente comovido com o tom de agradecimento que ela usou, ainda assim, preferia que o segredo tivesse sido mantido. Ele fora taxativo em pedir para o síndico não envolver seu nome, não era do seu feitio fazer algo almejando agradecimentos. Porém, ver Elizabeth lhe dirigir a palavra daquele jeito, acabou aplacando a vontade de ir questioná-lo imediatamente pela sua falta de discrição.
— Não precisa agradecer, você e sua família merecem tudo de melhor, fico feliz por tê-los ajudado. - Afirmou nitidamente constrangido.
Não foi em busca de agradecimento que Darcy resolveu ajudar a família de Elizabeth, ele só não gostava de vê-la preocupada pela situação de seu pai e isso foi o bastante para que fizesse o possível e o impossível para fazê-la sentir-se melhor.
Ambos ficaram em silêncio por alguns segundos, até que ouviram o barulho da porta do escritório ser aberta.
— Gus. - Os dois falaram em uníssono e sorriram.
Darcy percebeu que seria melhor deixar a copa e concentrar-se no projeto, apesar de sentir-se extremamente animado por ter conversado com Elizabeth ainda pela manhã. O trabalho que ele tinha pela frente ainda martelava em sua mente; e, antes de sua noiva aparecer, Darcy esperava ter quase tudo resolvido.
Sendo assim, ambos deixaram a copa e foram de encontro ao rapaz que parecia andar nas nuvens, assim como Cecília.
— Bom dia, Gus. - Elizabeth saudou, abrindo um sorriso para o amigo.
— Bom dia, Liz. - Cumprimentou retribuindo o sorriso. - Bom dia, chefinho. - Provocou o amigo.
— Oi, Gus. Posso saber qual é o motivo desse seu extremo bom humor? - Questionou Darcy, cruzando os braços sobre o peito largo.
— Bom, na verdade... - Ele hesitou, temendo a reação da amiga.
Mal sabia que Cecília já havia lhe contado tudo nos mínimos detalhes.
— Finalmente Gus beijou Cecília. - Lizzie jogou às cartas na mesa e o amigo a encarou estupefato.
— Como você sabe? - Indagou ele surpreso.
— Querido, somos irmãs, o que você esperava? - Retrucou Lizzie, ligando seu computador.
— Você é tão inocente, Gus. - Darcy ironizou e seus lábios se curvaram em um sorriso.
Ele estava genuinamente feliz pelo amigo, Cecília parecia ser uma boa moça, assim como sua irmã. E, apesar de presumir no começo que Gustavo só queria brincar com os sentimentos da garota, agora ele tinha outra opinião a respeito. Passara a acreditar que Gustavo estava realmente gostando de Cecília, então, achou até que bom essa mudança toda em seu comportamento. Afinal, o amigo parecia outra pessoa, não ficava mais falando de mulheres o tempo todo e estava trabalhando duro juntamente com ele, para beneficiar àquela cidadezinha do interior. Ou seja, provavelmente, tudo isso dava-se ao seu repentino interesse pela segunda irmã mais bonita da família Boaventura. Sim, porque para ele, Elizabeth era a primeira.
— Bom, você pode vir até minha sala às dez, Elizabeth? - Indagou, lembrando-se da avaliação de desempenho.
— Claro. - Lizzie assentiu com naturalidade, mas sentiu o estômago revirar, só de imaginar passar mais algum tempo a sós com ele.
— Tudo bem. - Darcy finalizou e girou os calcanhares para ir embora.
Porém, Gustavo o interrompeu:
— É tão bom estar verdadeiramente apaixonado, não é amigo?
Darcy parou por um momento, tentando entender o tom de sarcasmo na voz de Gustavo e respondeu:
— Com certeza é.
Dito isso, ele os deixou.
Gustavo tinha falado aquilo somente para provocá-lo, ele sabia que há tempos o amigo não era mais tão apaixonado pela sua prima. E na verdade, não o julgava por isso, Melania tinha um gênio difícil de tolerar, e apesar do amigo sempre ser condescendente com suas atitudes, ele sabia que Darcy não aprovava muitas delas. Gustavo só não conseguia entender o porquê de o amigo ainda levar adiante aquele noivado, que com certeza estava fadado ao fracasso. E, por mais que Darcy alegasse estar tudo bem entre os dois, ele sabia que seu coração já não estava de cabeça naquela relação. Gustavo ponderou por um momento se não valia a pena tentar abrir seus olhos, não era justo manter um relacionamento apenas por comodismo ou por medo de machucar a outra pessoa. Mesmo que esta em questão fosse sua prima, ele conhecia Darcy tão bem como a palma de sua mão e a cada dia tinha mais certeza de que ele sentia algo por Elizabeth. Todavia, seu caráter jamais permitiria que rompesse com Melania senão por um bom motivo, muito menos que a traísse. Até porque, Elizabeth jamais sujeitaria-se a tal situação também, pelo o que conheceu da garota nesse tempo em que se tornaram amigos, Gus percebeu que ela tinha um caráter impecável e em hipótese alguma ficaria entre Darcy e sua noiva.
Entrementes, Gustavo estava sentindo-se completamente feliz e realizado por ter conseguido quebrar o muro imaginário que separava ele de Cecília. Finalmente tinha conseguido entender como era diferente estar com uma mulher quando se está apaixonado. Coisa que ele jamais tinha vivenciado, até encontrar a irmã de Elizabeth. Gustavo sentia-se quase como se devesse algo à amiga pelos conselhos que ela lhe deu e, também, porque simplesmente gostaria de vê-la feliz. Ele sabia que as duas irmãs tinham sido magoadas no passado e por isso mantinham-se solteiras, como que para se defenderem.
Portanto, seria muito justo que Elizabeth encontrasse alguém que a valorizasse da forma que ela merecia, já que ele decidira cuidar de Cecília, era assim que ele pensava. Por esse motivo, seria conveniente que sua recente amiga e seu melhor amigo se acertassem, ele tinha em mente anteriormente que não deveria envolver-se naquilo. Porém, alguma coisa havia mudado em seu interior, como se tivesse despertado um outro Gustavo. E ele gostava muito de Elizabeth, não só por ela ser irmã da mulher que aos poucos estava roubando seu coração. Mas sim porque Lizzie era uma garota adorável e seria impossível não gostar dela. Já com relação a Darcy, ele nem saberia dizer o tamanho da estima que nutria pelo amigo, por isso mesmo, não queria vê-lo em um relacionamento que já não o fazia feliz. Entretanto, Gustavo tinha noção de que não era tão fácil terminar tudo e entendia muito bem porque Darcy não jogava àquele noivado pelos ares. Um relacionamento de tanto tempo deveria ser difícil de romper, pelo menos um regado a companheirismo e amor. Duas coisas que Gustavo já não conseguia enxergar na relação do amigo com sua prima, Melania parecia mais interessada no status daquele noivado, do que no noivo em si. Só Darcy parecia não perceber.
Todavia, Gustavo refletiu que deveria abordar o assunto com cautela, se por acaso resolvesse realmente intrometer-se, caso contrário, ele poderia criar uma bola de neve impossível de ser contida. Óbvio que a prima jamais poderia sonhar com isso, se ela sequer imaginasse que o primo estava tentando sabotar seu relacionamento e tirar sua galinha dos ovos de ouro, conhecendo-a tão bem, sabia que Melania poderia fazer um escândalo e até mesmo prejudicar Elizabeth. De modo que, era melhor que a prima não soubesse de nada sobre Lizzie, muito menos que Darcy parecia ter uma queda por ela. Melania era ardilosa demais, ele sabia disso e sempre notava que sua atitude com relação ao noivo era extremamente forçada quando estava na frente de Elizabeth. Quase como se a prima quisesse marcar o território, parecia até que o noivo era um objeto.
— Pobre Darcy. - Gustavo balbuciou.
— O que disse? - Inquiriu Elizabeth, curiosa.
— Nada demais, pensei alto. - Ele desconversou e resolveu que seria melhor começar a trabalhar.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Um pedido à estrela cadente
Любовные романыElizabeth Boaventura fazia o tipo tranquila, gostava de mergulhar em um romance e outro frequentemente. Sem pensar que um dia encontraria um amor só dela. Lizzie só não imaginava que sua vida sofreria uma reviravolta considerável. Quando o pedido es...