Elizabeth foi para o quarto completamente desnorteada, não havia motivo algum para Darcy indicar seu pai para a vaga em questão. Porém, mesmo assim ele o fez. Ela estava muito feliz com a notícia, como se um peso saísse de seus ombros; mas também, sentia-se extremamente confusa com sua atitude. Desde que passara a trabalhar com Darcy, Lizzie fazia o possível para não dar vasão a nenhum sentimento que não deveria existir e, ainda mais, para não ficar muito tempo a sós com ele. Apesar de um certo incomodo apoderar-se de todo o seu ser sempre que o via com a noiva; entretanto, já havia decidido não pensar nele de outra forma e pretendia cumprir a promessa que fez a si mesma a todo custo. Mesmo assim, precisava agradecer o que ele fizera por seu pai; afinal, Darcy não tinha obrigação alguma de se importar com seus problemas. No entanto, teve a bondade de intervir a favor de sua família. O que para Lizzie era um ato que precisava ser agradecido pessoalmente, tendo isso em mente; Elizabeth começou a ficar ansiosa novamente, só de lembrar que precisaria abordá-lo sozinho.
Todavia, de acordo com o que fora mencionado no ato da contratação, ela teria uma avaliação de desempenho em breve, só não sabia quando. Seria mais ou menos um feedback de como estava se saindo naquela nova função. Ou seja, essa seria a oportunidade perfeita; já que, provavelmente, nem Gustavo nem Melania participaria, seriam somente ela e Darcy.
Enquanto isso, naquela mesma noite, Cecília chegou eufórica em casa, além de ter um brilho diferente nos olhos. Tudo indicava que algo havia acontecido. E a mais velha das Boaventura não tardou a relatar o ocorrido à irmã do meio.
— O que houve, Cecil? Por que está tão exultante? - Exigiu Elizabeth, se aboletando na cama confortável.
— Ah irmã, Gus me beijou e eu não pude resistir, foi tão bom. Sinto-me nas nuvens! - Cecilia suspirou.
— Me explica isso melhor, vocês se beijaram mesmo?
Lizzie ainda não conseguia acreditar, estava claro como o dia que a irmã estava começando a gostar dele. Mas, ainda assim, não achava que Cecília cederia às investidas de Gustavo.
Não por hora.
— Talvez eu não devesse, Lizzie. Porém, Gustavo está sendo tão fofo comigo esse tempo todo, eu realmente não consegui resistir. - Afirmou resignada. - Além disso, ele foi tão contido, achei que teria problemas se um dia nos beijássemos; só que, contrariando minhas expectativas, Gus foi um perfeito cavalheiro. - Garantiu por fim e Elizabeth assentiu.
Cecília estava nitidamente feliz e isso a alegrava, até porque, por mais que tivesse algum receio de a irmã sair machucada de uma relação com um playboy rico. Gustavo tinha conseguido cativá-la também, dessa forma, era quase que impossível não acompanhar Cecília em sua felicidade.
— Se Gustavo te machucar eu vou matá-lo lentamente. - Sussurrou Elizabeth e a irmã gargalhou alto em resposta.
— Sei que não tenho nada a temer, desde que minha irmã superprotetora esteja comigo. - Cecília foi abraçar Elizabeth.
Ambas ficaram assim por algum tempo, até que a curiosidade da irmã falou mais alto, então Cecília lhe segredou tudo o que tinha ocorrido em detalhes. O que deixou Elizabeth incomensuravelmente feliz, sabendo que agora, com o emprego do pai e a vida sentimental estável. Cecília finalmente poderia cuidar mais de si e quem sabe até poderia finalmente cursar uma faculdade.
Na manhã seguinte, Elizabeth acordou disposta a ir mais cedo para organizar algumas coisas que não havia tido tempo de resolver. Só não imaginava que Darcy também decidira fazer a mesma coisa, já que estava na fase final do projeto. Dessa forma, ele precisava agilizar tudo o quanto antes, Melania também iria ao escritório mais ao entardecer, para resolver algumas questões da sua parte do projeto. Por isso mesmo, Darcy optou por adiantar a papelada para poder falar com Elizabeth posteriormente, como programado. Pois ele queria que a moça soubesse o quanto estava sendo necessária em tudo aquilo, Darcy a achava extremamente competente e ficava muito mais tranquilo sabendo que Lizzie estava cuidando de tudo o que ele não tinha tempo de resolver.
Embora, a urgência de avaliar o desempenho da sua assistente se dava também, devido a vontade de olhar naqueles olhos novamente. Sem nenhuma maldade, ele só gostava de admirá-los, mesmo que jamais assumisse isso para outra pessoa, além de si mesmo. Nem mesmo Gustavo deveria saber, já que tornaram-se próximos demais; ou seja, Darcy temia que o amigo não conseguisse conter a língua e revelasse algo que não deveria à Elizabeth. Ele não queria criar outra situação constrangedora, aquela de um mês atrás, quando a noiva quase os flagrou tão próximos um do outro ainda o atormentava. Darcy sentia-se extremante envergonhado por ter sido tão negligente com seu noivado e, ainda mais, com o coração de uma garota tão doce. Afinal, Lizzie poderia ter interpretado sua atitude erroneamente e isso provavelmente acarretaria um problema futuro. Se bem que, nem mesmo Darcy saberia interpretar o que acontecera naquele dia, era uma incógnita. Porquanto, uma coisa ele tinha em mente, algo assim jamais poderia voltar acontecer, do contrário, Darcy não saberia dizer aonde aquela aproximação os levaria.
— Lizzie! - Darcy exclamou surpreso. - Bom dia, não está um pouco cedo para você estar no escritório? - Indagou e seu sorriso alargou-se por ela lhe fazer companhia.
Era sempre bom vê-la todos os dias pela manhã.
— Bom dia, Sr. Darcy. - Cumprimentou educada. - Eu queria resolver algumas coisas, então cheguei mais cedo.
— Tudo bem, achei que iríamos abandonar essa coisa de senhor. Mas, já que está aqui, me acompanha no café? - Perguntou ele, esperançoso.
Era só um café, que mal haveria?
— Certo. - Concordou Elizabeth sem saber como recusar. - Você é meu patrão, é normal te chamar de senhor.
— Gustavo não me chama assim. - Argumentou Darcy.
— Ele é seu amigo. - Revidou Elizabeth.
— E nós não somos? - Retrucou Darcy erguendo apenas uma sobrancelha.
Elizabeth constatou que era quase impossível que ele ficasse feio, qualquer expressão de seu rosto parecia harmoniosa e natural, seus traços eram completamente simétricos e graças ao jeito educado e atencioso. Darcy tornava-se praticamente irresistível, além de todas essas qualidades, ainda havia a questão do nome que lhe atribuía uma carga a mais de charme, como se ele precisasse disso. Lizzie ponderou que tantos atributos a favor de um só homem chegava a ser covardia.
— Bom, talvez, na verdade eu gostaria de conversar sobre algo com você. - Ela tocou no assunto e o encarou esperando encorajamento.
— Estou à disposição. - Brincou ele, fazendo Elizabeth relaxar a postura.
Ela nem havia percebido quão rígida estava, estar perto dele era tão intimidador, não era como ficar com Gustavo, por exemplo; natural e confortável.
Lizzie acomodou a bolsa de lado no armário e foi para a copa com ele, em seu interior ela estava ensaiando a melhor forma de abordar o assunto. Queria agradecê-lo, mas ainda se sentia acuada e sem jeito em sua presença.
Darcy a serviu de um expresso com um pouco de leite, enquanto ele optou por café puro, precisava acordar para enfrentar o dia, então, ambos acomodaram-se em silêncio.
— Como você sabe que eu gosto de café com pouco leite? - Questionou Elizabeth, curiosa.
Visto que ela sempre tomava café com Gustavo, não com Darcy.
— Já te ouvi comentar isso com Gustavo. - Afirmou ele com um sorriso de canto.
Na verdade Darcy prestava muita atenção em Elizabeth e já descobrira várias de suas manias, claro que não diria isso a ela. Ainda assim, ele não conseguiu conter um sorriso quando observou de perto uma dessas manias. Lizzie sempre assoprava o café duas vezes antes de dar o primeiro gole, era automático. Tanto que, no começo, quando Darcy via Elizabeth voltar da copa com café para tomar enquanto trabalhava, ele sempre enrolava conversando com Gustavo para observá-la melhor. Era tão natural dela, que a garota nem parecia notar. Entretanto, Elizabeth conseguia chamar a atenção de Darcy nas pequenas coisas. Elizabeth era simples, mas tão graciosa. Darcy só não conseguia entender o porquê de ela parecer tão incomodada em sua presença. Afinal, com Gustavo era diferente, Lizzie se soltava e agia com espontaneidade; e, por um momento, Darcy invejou o fato de que o amigo tinha conquistado sua confiança, já ele, aparentemente, estava longe disso. Mas, talvez fosse melhor assim.
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Um pedido à estrela cadente
RomansaElizabeth Boaventura fazia o tipo tranquila, gostava de mergulhar em um romance e outro frequentemente. Sem pensar que um dia encontraria um amor só dela. Lizzie só não imaginava que sua vida sofreria uma reviravolta considerável. Quando o pedido es...