Alguns dias haviam se passado, desde a proposta que Darcy fez à Elizabeth, para piorar tudo, ela tinha sido dispensada do trabalho. Sr. José pressupôs que Lizzie era frágil por ter desmaiado em trabalho e sua mente retrograda, achou por bem rescindir o contrato. Assim como Darcy havia mencionado anteriormente, sem ônus para ambas as partes. Pelo menos era o que ele achava. Portanto, Lizzie estava voltando do escritório de contabilidade da bomboniere, no qual tinha ido assinar os papéis da rescisão. Como tinha sido quebra de contrato, ela ganharia algum dinheiro a mais, porém, isso não a animava muito. Pois, com o pai desempregado e só Cecilia trabalhando fixo, Lizzie sentia-se praticamente acuada a aceitar o convite de Darcy. Sua família precisava mais do que tudo de sua renda. Pelo menos até o pai achar algo para ele, o que já estava difícil devido a idade. Os empregadores da região preferiam contratar rapazotes para preencher as vagas disponíveis. E, contra o vigor da juventude, nem muitos anos de experiência poderiam competir. Charlene também ficara bem decepcionada e até intercedeu a favor da amiga, mas sem sucesso.
Ela só não insistiu mais por medo de acabar ficando sem emprego também. Acabou se conformando mediante a possibilidade de a amiga vir a ser a nova assistente particular do bonitão da cidade. Isso, claro, se deixasse de ser cabeça dura. Entretanto, em seu interior, Charlene entendia os receios de Elizabeth, pois em pouco tempo de amizade, ela já havia lhe confidênciado o seu infortúnio referente aos assuntos do coração. Dessa forma, era compreensível que tivesse medo de apaixonar-se novamente, por Darcy ainda, um homem noivo e riquíssimo. Por mais que Charlene romantizasse a situação, sua razão lhe dizia que a vida real não era como nos livros. A possibilidade de um homem rico e comprometido apaixonar-se por uma garota simples do interior, eram praticamente remotas.
Resignada, Lizzie chegou em casa e foi para o quarto, por sorte a mãe tinha saído. Naquele horário, geralmente a casa costumava ficar vazia. Portanto, ela poderia pensar na vida e criar forças para aceitar a única proposta de emprego que tinha ao seu dispor. Enquanto isso, Melania e Darcy estavam cada dia mais distantes, tanto que ele passou a desconfiar de algo, principalmente depois da conversa que tivera com o amigo. Afinal, a noiva estava sempre arredia e sumia vez ou outra sem nenhuma explicação, Darcy sabia que Melania não tinha amigas naquela região e muito menos opções disponíveis para se divertir. De modo que começou a conjecturar o porquê de ela ficar ausente por tanto tempo. Depois retornar como se nada tivesse acontecido.
Gustavo, em contrapartida, estava a cada dia mais próximo de conseguir penetrar o campo de defesa reforçado, que Cecilia havia colocado em volta do próprio coração. Apesar de ele não fazer ideia disso ainda. Gustavo queria de todo jeito conquistá-la e aquilo já não era apenas um jogo. Estava começando a se apaixonar verdadeiramente por aquela morena misteriosa. Ele mesmo que sempre teve todas as mulheres que quisesse aos seus pés. Pela primeira vez, estava tendo dificuldades para conseguir conquistar o objeto de seu interesse. Diante do desespero, chegara até a pedir a ajuda do melhor amigo, Darcy. Esse, por sinal, negou veementemente:
— Eu não vou ajudá-lo a magoar essa garota. Você trata as mulheres como se fossem descartáveis, Cecília não merece isso, Gustavo! - Ralhou em meio a refeição que compartilhavam.
— Eu realmente estou começando a gostar dela, você precisa me ajudar, amigo. O que eu faço para conquistá-la? - Suplicou sem saber o que fazer.
— Está começando a gostar de Cecília, sério? - Perguntou sarcasticamente. - Você só gosta do desafio, é só isso que Cecília representa para você.
— Eu não tenho crédito nenhum contigo? Não tenho direito ao benefício da dúvida? - Rebateu indignado.
— Eu te conheço há muitos anos, Gus. Você só quer saber de zoeira, mulheres e agitação. Você nem tem um trabalho fixo, vive da herança do seu pai. Como pensa em ter um relacionamento sério assim? - Indagou novamente e seu tom era de repreensão.
— Poxa vida, Darcy. Você está um pé no saco hoje! - Resmungou ofendido. - O que aconteceu para você estar com esse mau humor todo?
Gustavo conhecia o amigo de longa data, por este motivo, sabia que tinha algo errado. Mesmo que Darcy ainda não tivesse falado sobre o assunto que tanto o afligia no momento. O outro respirou profundamente e decidiu dividir o que se passava em seu coração:
— Melania e Elizabeth.
— O que têm elas? - Gustavo inquiriu sem entender.
— Sua prima está muito estranha e eu não paro de imaginar o que ela pode estar fazendo na minha ausência. - Suspirou e massageou as têmporas por alguns segundos, então prosseguiu - Já Elizabeth - Ele hesitou, não queria assumir aquilo em voz alta, pois tinha impressão de que tornaria real o que estava sentindo - Eu não consigo deixar de pensar nela, desde aquele dia que quase a beijei sem querer. - Assumiu já esperando a reação do amigo.
Porém, essa demorou a vir.
— Cara, o que essas irmãs fizeram com a gente? - Questionou retoricamente. - Eu também não paro de pensar em Cecília, lembro dela dia e noite! - Exclamou exasperado. - Mas, voltando aos seus problemas, sobre Melania, vocês precisam conversar urgentemente. Porque se você pensa em outra garota dessa forma, algo está errado. E sobre Elizabeth... Bom, você precisa entender melhor o que sente por ela, afinal ainda é noivo da minha prima.
Darcy refletiu por alguns segundos e chegou à conclusão de que o amigo estava correto, aquilo tudo era estranho demais para ele. Sua intenção era investir na região, não encontrar uma garota com nome de personagem literário. E, ainda por cima, apaixonar-se por ela, aquela situação era completamente inusitada.
"Eu não posso ter esse tipo de interesse por Elizabeth e nem por ninguém mais, eu sou noivo.", ponderou em pensamento.
— Tem razão, vou resolver tudo com sua prima. Às vezes Melania pode estar chateada por algo que eu fiz sem notar. Já sobre Elizabeth... - Darcy hesitou novamente, parecendo refletir. - Acho que ela nem vai aceitar minha proposta, talvez seja melhor assim, eu devo estar confuso, acredito que isso vai passar.
"Tem que passar.", reforçou.
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Um pedido à estrela cadente
RomansaElizabeth Boaventura fazia o tipo tranquila, gostava de mergulhar em um romance e outro frequentemente. Sem pensar que um dia encontraria um amor só dela. Lizzie só não imaginava que sua vida sofreria uma reviravolta considerável. Quando o pedido es...