My Dark Angel » l.h.

3.

LUKE

Quando vi aquela rapariga nova na minha sala - Mary acho -, eu senti que a conhecia de algum lado. Bem, existem biliões de raparigas de cabelo castanho no mundo. Devo estar a confundir com alguém, só pode.

*

O toque para a saída foi acionado, e fui logo o primeiro a sair. Quer dizer um dos primeiros. Fui contra a rapariga nova, ou como andam a chamar-lhe "Dark Angel", por causa do seu aspeto angelical e o seu mau feitio. Sinceramente, sinto que lhe encaixa bem...

- Vê por onde andas! - resmunga.

Fiquei sem palavras. É a primeira vez que alguém me faz frente e sinceramente não esperava que fosse uma estúpida aluna nova. Chegou há uns dias aqui e já quer se armar em esperta? Era o que íamos ver. Reparei que os meus "amigos", estão especados a ver qual é a minha reacção.

- Que é?! - começo a andar para uma sala que já não se usa há anos nesta escola, no último piso: o meu pequeno esconderijo.

Assim que cheguei à velha sala de aula, tirei a mochila das minhas costas e pousei-a numa mesa que estava num canto. Dirigi-me a um pequeno armário e tirei de lá a minha guitarra. Sentei-me no chão e comecei a afinar as cordas. Tocar guitarra sempre me relaxou. A sensação que sinto quando vibro as cordas, quando dedilho algumas notas... Sensação de paz. Após alguns minutos a fazer estas ações, vejo-me a criar uma sequência de acordes. 

Uma melodia que senti ser bonita e tranquilizante... Quando dei por mim estava a murmurar umas palavras por cima dos pequenos acordes:

I wish that I could wake up with amnesia

And forget about the stupid little things

Like the way it felt to fall asleep next to you

And the memories I never can escape

Para além da música, outra coisa que me consegue relaxar é uma disciplina que pode ser um martírio para muitos: História A. Sempre me interessei por factos históricos e de como tudo foi consequência para o que acontece nos dias de hoje. Tenho memória fotográfica, então é fácil para mim decorar datas, momentos, documentos,... Nem preciso de apontar o que acabei de cantar, deixando isso para quando chegar à minha humilde casa.

Quando dei por mim, já eram 18h e definitivamente devia ia ir para casa antes que alguém aparecesse aqui. Guardei a guitarra no armário outra vez, peguei na mochila e segui pela rua até ao meu apartamento.