7.

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No capítulo anterior...

Alguém estava a lançar pequenas pedras contra o vidro. Embora vivesse num apartamento, não me encontrava num andar muito alto. Até uma pessoa com pouca agilidade conseguia atirar daquela altura.

Abri a janela da varanda e vi um loiro. Demorei um pouco a perceber quem era por causa da pouca luminosidade, mas depois percebi que era O loiro. Ele não reparou que eu já estava a olhar para ele há algum tempo e atirou mais uma pedra acertando-me na testa.

- Au! - queixei-me com a mão na testa.

- O quê? Oh! Sorry.

- Eu digo-te o "sorry". O que estás aqui a fazer? Não. Como sabes onde eu vivo? - esfreguei a zona que ele me acertou.

- Eu...estou aqui, porque - ele trepou a árvore que está muito perto da minha varanda, ele deve ser o homem-aranha ou um esquilo só pode, para chegar ao pé de mim e saltar para a área que a minha varanda fazia - queria saber o que fazias naquela sala no último piso da escola.

Engoli em seco e tentei manter a calma, algo que não aconteceu.

- Aaa...Aaa... Eu n-não sei o q-que estás pra aí a f-falar - ia chegando para trás e ele aproximava-se mais. Tentei fazer pose de durona, cruzando os braços e tentando manter um olhar sério, mas não resultou visto ele ser mais alto que eu e intimidava-me mais ele a mim do que vice-versa.

- A sério? Tens a certeza? Então isto não te pertence? - mostrou um colar com o formato de uma lua. É claro que era meu. Toquei no meu peito nu percebendo que não o tinha ao pescoço. Como é que eu não reparei?

- Sim, é. - arranquei-lho das mãos. - Mas como sabes que eu perdi isto? Quer dizer que tu estavas a espiar-me. - voltei a colocar o colar.

- Bem... Tu fizeste barulho, então tinha de descobrir quem era. - encostou-me à parede e colocou os braços à volta para não fugir.

- O que estás a fazer? - olhei para os olhos azuis dele, mesmo para o profundo deles, encontrando curiosidade, brincadeira e um pouco de... medo.

- Nada... - ele respondeu 3 minutos depois. Então percebi que ele estava a fazer o mesmo que eu fiz com ele.

- Então podes largar-me?

- S... Sim. - demorou um pouco a perceber o que eu queria dizer e retirou os braços, colocando-se numa posição normal, mas a olhar fixamente para o chão.

- Então, se já sabes tudo, já podes ir embora. - disse tentando voltar à minha postura séria, embora estivesse chocada com o que tinha acabado de acontecer.

- Oh! - percebeu. - Até amanhã. - olha-me indeciso se devia fazer o que estava para fazer decidindo que sim. Deu-me um beijo na bochecha e desapareceu rapidamente dali, deixando completamente fora de mim. O que foi isto?

Fico na varanda até ele desaparecer da minha vista.

*

Entro em casa para poder finalmente comer o meu jantar descansada. Aquele loiro irritante - por incrível que pareça ele sabe o meu nome e eu não sei o nome dele -, não me deixou jantar a horas. Passo por um pequeno espelho que tenho na parede do corredor e reparo numa coisa estranha. Dou um passos atrás e vejo o sorriso mais estúpido de sempre na minha cara. WHAT THE HELL?! Só devem estar a gozar comigo. 

Sempre fui boa a esconder os meus sentimentos: sou muito mais racional do que emocional. É bom nas piores alturas, mas não me peçam um abraço que provavelmente vou mandar-vos à merda. Sempre fui assim desde o acidente. Não há grande coisa que possa mudar. Mas este loiro... Arg! Isto não pode acontecer outra vez. Tenho muitas paredes à minha volta para serem derrubadas com uns minutos.

- Loiro idiota. - resmungo.

*

Voltei ao meu quarto depois de desistir de ver televisão já que nada me interessava naquele momento. Pego no telemóvel e abro o Twitter. Tinha mais dez seguidores, entre eles, aquele idiota com cabeça loira. Depois de navegar mais um bocado pela internet, decidi desligar-me do mundo e tentar dormir. Virei-me de barriga para cima a olhar para o teto.

- Não consigo entender porque ele tem medo. - disse em voz alta.

O meu subconsciente quis acrescentar: "Isso é algo que tens de perguntar a ele pessoalmente.". Sim, vou mesmo falar com ele. Ele chegou aqui do nada, quase como um stalker, invadiu a minha propriedade para me esfregar na minha cara que percebeu que era eu na velha sala, entregar o meu velho colar e ainda sair daqui da maneira que saiu. E depois falava com ele, fazíamos uma festa e ainda lhe dava um beijo. Sim, claro. Poupem-me...

Matutei mais uns minutos com o meu subconsciente até finalmente conseguir dormir. Ou quase isso. Quando dei por mim, eram 2h da manhã e eu acordada. Sempre com o mesmo pensamento na cabeça. Medo? Mas porquê? O que vale é que no dia seguinte era sábado e não tinha de me preocupar com acordar cedo. Passaram mais 10 minutos naquilo e lá consegui dormir depois de decidir ouvir música baixinho.

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Espero que gostem.

Até ao próximo :)

xx

My Dark Angel » l.h.Onde histórias criam vida. Descubra agora