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MARY

Ainda não consegui esquecer a voz daquele rapaz e muito menos aqueles pequenos versos que inventou. Havia alguns sentimentos negativos naquela voz. Dava para sentir. Embora parecesse seguro no seu cantar, parecia magoado com algo. Depois daquele incidente, fui logo para casa e decidi tomar um banho. Já sabia que não iria conseguir estar com cabeça para estudar depois do que se passou. Os meus músculos puderam relaxar durante aquele que pareceu um longo dia. O meu pai quase nunca está em casa, então eu decidi, já que tenho 18 anos, em arranjar uma casa, o meu pequeno apartamento, para não andar de um lado para outro. O meu pai aceitou e está a ajudar a pagar a casa. Eu vou ter de arranjar um part-time quando me assentar nesta nova cidade e conhecer melhor os arredores, já que não posso ser dependente dele sempre. 

Fechei os olhos por uns minutos enquanto a água caía ao longo do meu corpo. Quando dei por mim, estava a cantarolar a melodia da pequena música que tinha ouvido há cerca de umas horas. A melodia era mesmo bonita, até mesmo para um adolescente com as hormonas aos saltos. Ok, estou a brincar, mas realmente fiquei com aquilo na minha cabeça durante algum tempo.

I remember the day you told me you were leaving

I remember the make-up running down your face

And the dreams you left behind you didn't need them

Like every single wish we ever made

É engraçado como consegui decorar o que pode ser o refrão, com apenas um audição da música. Sorri involuntariamente com uma das frases ainda na minha cabeça "I wish that I could wake up with amnesia". 

*

Quando acabei de tomar banho, vesti um pijama de verão já que os dias estavam quentes o suficiente, embora estivéssemos no mês de Março. Dirigi-me à cozinha e fiz um jantar leve, já que não tinha muita fome: uma salada de legumes e atum. Estava quase a por os molhos, quando ouço uma janela a bater. Suspeitei que fosse do meu quarto. Devo a ter deixado aberta quando lá estive, fazendo com que o vento a fizesse bater constantemente. Subi as escadas de encontro a minha divisão preferida da casa para inspecionar o que se verdadeiramente se passava. Alguém estava a lançar pequenas pedras contra o vidro. Embora vivesse num apartamento, não me encontrava num andar muito alto. Até uma pessoa com pouca agilidade conseguia atirar daquela altura. 

Abri a janela da varanda e vi um loiro. Demorei um pouco a perceber quem era por causa da pouca luminosidade, mas depois percebi que era O loiro. Ele não reparou que eu já estava a olhar para ele há algum tempo e atirou mais uma pedra acertando-me na testa.

- Au! - queixei-me com a mão na testa.

- O quê? Oh! Sorry.

- Eu digo-te o "sorry". O que estás aqui a fazer? Não. Como sabes onde eu vivo? - esfreguei a zona que ele me acertou.

- Eu...

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O que ele estará ali a fazer?

Comentem e votem.

xx


My Dark Angel » l.h.Onde histórias criam vida. Descubra agora