14.

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LUKE

Não posso acreditar. Todo este tempo a sentir falta da Mar e ela mesmo à frente do meu nariz. Ela mudou. Eu sei que ela sofreu, naquele tempo que não estive com ela. Primeiro violaram-na (e vou matar o gajo que fez-lhe isso), depois descobri que ela ainda se corta, e ainda ela vive agora sozinha, com medo de perder o último elemento da sua família que ainda se importa com: a irmã. Ela adormeceu no meu colo logo que se deitou. Ela é tão linda a dormir. Definitivamente, tenho que ir com calma. Ela está em baixo. Não é altura para isto. Ela foi a minha paixão de infância. Mas não sei... Nós crescemos. Amadurecemos. Se calhar, ela já me esqueceu. Tenho de viver o presente e esquecer o passado.

*

Acabei também por adormecer, porque quando abri os olhos, vi a Mary a olhar para mim.

- Estás a admirar-me, é? - decidi brincar um pouco.

- Não, idiota. Só estava à espera que acordasses. - respondeu olhando nos meus olhos. - Ah! E adoro o azul dos teus olhos. - deixou escapar. Logo que percebeu o que tinha dito, pôs as mãos à frente da cara. Estava envergonhada e muito querida.

- Ei. Não te preocupes. Eu também gosto dos teus olhos verdes. -  disse retirando as mãos de frente da cara dela. Ela riu.

- Eu sei. - gabou-se.

- Pois sim. - revirei os olhos. Consequência disso, levei com uma chapada no braço. Para rapariga ela é fortinha.

- Au! - riu-se.

- Lamento estar a interromper, mas trago noticias da menina Sarah. - pusemos-nos logo de pé.

- Bem... - eu dei a mão à Mary. - Pode falar, doutor. - disse.

- A menina levou muitas facadas e perdeu muito sangue, mas uma das facadas foi muito perto do coração, então, lamento dizer, mas ela pode vir a morrer a qualquer momento. Não há nada que nós possamos fazer, infelizmente. Só se houver algum milagre que possa a salvar...

A Mary começou a chorar. Ela vai ficar sozinha. Abracei-a e beijei-lhe o topo da cabeça. A minha camisola começou a ficar molhada, mas isso não importa agora. Eu sei o que é perder alguém que nós gostamos muito. Eu próprio fiquei em choque quando soube a morte da mãe dela e aquele acidente. Foi muito doloroso.

- Shh, calma. Olha para mim. - ela levantou a cabeça e olhou-me com os seus grandes olhos verdes, um pouco vermelhos e com algumas lágrimas. - Vai ficar tudo bem. Tens amigos. Tens o Calum, o Ash, o Michael... Tens me a mim. O teu melhor amigo. Vamos estar aqui sempre para te amparar. Se caíres, eu apanho-te... Quer dizer, nós apanhamos-te. - disse um pouco atrapalhado, no fim.

- Eu sei disso, Luke. Mas é a minha irmã. Ela vai morrer a qualquer momento, Lukey. Por favor, fica sempre comigo. Always. Nunca me deixes...

- Nunca, bebé. Vou estar ao teu lado até eu morrer, e eu espero isso não acontecer muito cedo.

- Obrigada. - abraçou-me forte.

- Ahm... Nós não recebemos um abraço, ou os namoradinhos não deixam? - o Mike disse, interrompendo o momento.

- Claro que recebem e nós não somos namorados. - disse corada.

- Ainda. - acrescentei baixo.

Demos um abraço de grupo.

*

Já tinha passado um dia. A Mary quis ir ver a irmã pela ultima vez, hoje. Estávamos à frente da cama onde estava o frágil corpo de uma rapariga morena, desacordada. Ela chegou-se mais perto da irmã e acariciou-lhe a bochecha. Depois começou a falar:

- Eu sei que tu não me estás a ouvir, mas eu tenho muita coisa para te dizer. Eu lamento não ter estado o tempo todo presente na tua vida. Fui uma má irmã. Admito. - suspirou e eu cheguei-me ao pé dela e abracei-a por trás e coloquei o meu queixo a descansar no seu ombro. - Espero que quando tu fores, que vivas mais feliz do que aqui. Tu vais estar sempre no meu coração. Desculpa por tudo que te causei. Vais ser o meu anjo da guarda. Eu sei que sim. - acariciou-lhe a mão e virou-se para mim, colocando os braços à volta da minha cintura. Encostou a cabeça no meu peito, enquanto eu pus o meu queixo em cima da sua cabeça.

*

Depois de sairmos do quarto, fomos para casa. A Mary foi tomar um banho enquanto eu fiquei no seu quarto, deitado na cama. De repente, o seu telemóvel tocou. Como ela ainda não tinha chegado, atendi.

- Menina Watson?

- Não. É o Luke Hemmings. Mas o que se passou?

- Oh. Era para informar que a menina Sarah morreu. Lamentamos muito.

- Também eu. Obrigado por ter ligado a avisar.

- Sem problema. E as minhas condolências.

- Obrigado. Adeus.

- Adeus.

Desliguei o telemóvel e pensei. Como lhe vou dar a notícia?

- Qual notícia? - devo ter falado em voz alta. Olhei para a porta e vi-a a secar o cabelo.

Ahm... Não sei como lhe dizer.

- Q-que...

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Matei a pobre rapariga :( Quer dizer, foi quem a esfaqueou.

1 - Quem acham que foi? E porquê?

2 - O Luke conseguirá dizer-lhe a notícia? Se sim, qual será a reação dela?

xx

My Dark Angel » l.h.Onde histórias criam vida. Descubra agora