Capítulo 06

215 16 0
                                    

O quarto estava completamente escuro. Não se via nem um palmo a frente dos olhos.

-Tem alguém aí?

Ricardo ia entrando lentamente no quarto. Tomando cuidado tanto para nao tropeçar em algo ou alguma possível armadilha. Davi tinha cara de quem faz isso.

Foi entrando aos poucos, com calma. Até que uma luz forte na sua frente acendeu. Ele parecia estar em uma cena de interrogatório americano nos anos 90.

Deu mais um passo em direção a luz e algo metálico prendeu suas pernas. Tentou se soltar, mas ele parecia estar preso no piso.

-Seja bem vindo a uma prévia do inferno! - Uma voz metálica falou invadindo todo o quarto.

Do outro lado do quarto uma luz se acendeu. Ricardo virou seu rosto para ver o que iluminava e lá estava Davi, sentado em uma cadeira de vidro com as pernas cruzadas.

-Isso é uma espécie de jogos mortais?

-Pense nisso como uma espécie de prova para saber se você é digno.

-Agora pronto! Vou ganhar o mijonir?

-Brinque enquanto pode.

Ele riu e se levantou. Foi até uma mesa e lá tinha um notebook. Ele digitou alguma coisa e alguns segundos depois uma mangueira saiu do teto e parou na frente de Ricardo.

-De onde esse negócio saiu?

-Eu que faço as perguntas aqui.

-Isso tá muito FBI.

-Acho que sou pior que eles.

-Me fudi!

-Olha a boca!

Davi apertou uma tecla no notebook e um jato de água gelada foi parar no rosto de Ricardo. Quando o jato parou o cabelo de Ricardo estava bagunçado, o rosto vermelho por causa do impacto.

Na mesa Davi estava rindo.

-Gostou não é?

-Adorei. Mas não foi para isso que eu lhe chamei aqui.

Davi foi se aproximando de Ricardo, ele ia calmamente até o garoto.

-Quero saber se você é uma boa escolha para minha filha, senão terei que usar meus métodos para impedi esse namoro.

-Como se você pudesse impedir algo em uma ilha tão grande.

-Você dúvida da minha capacidade?

-Duvido! Você pode saber o que acontece nos corredores e nas aulas, mas você não tem controle nos dormitórios. Normas do internato, sem câmeras nos dormitórios!

-Você leu o manual?

-Claro! Sou uma pessoa que gosta de saber meus diretos e deveres.

-Interessante. Mas isso não vai fazer você se livrar de mim. - Davi falou com a voz sombria.

-Imaginei... - falou Ricardo revirando os olhos.

-Você não tem medo de mim?

-Por que eu teria? Você nao pode fazer nada comigo que no mínimo sua relação com sua filha se desmorone e como você não tem aliança posso supor que você não é casado e portanto vai ficar só. E como eu acho que isso não vai ser bom pra ninguém você não irá fazer isso.

-Como? Como você sabe de tudo isso? - Davi se aproximou raivoso do garoto.

-Tenha calma que eu estudei linguagem corporal.

Davi se afastou um pouco e se acalmou um pouco. Pela primeira vez Ricardo sentiu medo. O sangue nos olhos do Diretor davam medo a qualquer pessoa. Davi se afastou um pouco mais e se acalmou. Ele respirou fundo e voltou ao seu estado normal. Foi o tempo de Ricardo se acalmar também do susto, se tivesse alguma coisa em sua bexiga ele poderia dizer adeus a isso.

-Me desculpe. Eu me descontrolei.

-Tudo bem.

Davi respirou fundo mais uma vez e se aproximou de Ricardo.

-O que você quer com a minha filha?

-Eu só quero fazer sua filha feliz.

"E fuder ela todo dia", pensou Ricardo.

-E se você fizer ela sofrer?

-Você pode fazer o que quiser comigo. Tem minha carta branca.

Davi sorriu. Ele então foi até a mesa do computador e clicou em algumas teclas. O apartamento se iluminou. Ele era grande, espaçoso e tinha uma janela grande que dava para a floresta envolta do internato. Davi clicou em mais algumas teclas e Ricardo se soltou das garras que seguravam suas pernas.

-Obrigado.

-Foi um prazer. Agora vamos comer.

-Vamos para o refeitório?

-Não, eu fiz um jantar aqui.

Davi foi até a cozinha e pegou uma travessa de macarronada nas mãos. Ricardo foi até a cozinha também e pegou os pratos e talheres. Davi pegou os copos e é uma jarra de suco de maracujá, para se acalmar depois de tudo o que passou.

Os dois se sentam e os dois ficam em silêncio. Até que Davi quebra o silêncio.

-Você foi um dos melhores alunos do seu antigo colégio, por que vir para cá?

-Aqui está um dos melhores colégios do mundo.

-Mas aqui você se torna mais um, aqui temos vários dos melhores alunos...

-Sabe, no colégio eu era uma das pessoas mais inteligentes do colégio, na verdade eu era o mais inteligente em todo o colégio. Durante toda a minha vida eu fui rejeitado, sofria bullying e tudo mais. Pelo único fato de ser o mais inteligente do colégio. Pegavam minhas coisas, me batiam e no último dia de aula quebraram meus óculos e alguns dos meus ossos. Por isso me atrasei num ano. Então quando soube dessa internato falei para os meus pais. Foi a primeira vez depois daquilo que falei sobre voltar para algum colégio. Eles me escreveram e fiz a prova e...

-Passou em primeiro lugar com uma taxa 102% de acerto. Corrigindo até mesmo o professor.

Ricardo deu um sorriso de canto de boca. Ele sabia que Davi iria falar isso. Ninguém como ela passava despercebido em qualquer colégio que passasse.

Os dois continuaram a conversar. Ficaram conversando por um bom tempo. Por volta das 23:00 Ricardo saiu do prédio dos professores. Chegou no dormitório por volta das 23:20. Mandou uma mensagem para Cláudia e caiu na cama exausto.

Internato Damian (Concluído) [Revisado!]Onde histórias criam vida. Descubra agora