Capítulo 36 - Rumar para o sul, para o novo (Violet)

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     O sol ainda nem tinha raiado e eu já estava de pé, um sorriso de orelha à orelha no rosto. Cada uma das vigas da minha tenda estavam no chão, e mesmo que as outras pessoas que dormiam ali estivessem mau humorados, e praticamente cantarolava de satisfação.

     Quando o céu começou a arroxear, e os primeiros raios de Sol iluminavam as nuvens, deixando um tom de laranja lindo e acolhedor no ar, metade das tendas estavam no chão, os animais se dispersavam, enquanto tentávamos controla-los.

     A essa altura eu não era a única com um sorriso no rosto. Eliza passava de um lado para o outro sorrindo, os olhos cheios de olheiras (provavelmente não tinha dormido nada). e Barb derrubava tenda depois de tenda, rápida o suficiente pra apressar as coisas. Além delas, parecia que todas as pessoas abriam grandes sorrisos quando recebiam ordens para arrumar tudo, como se aquilo fosse a melhor coisa que ouviriam o dia todo.

     Meu sorriso aumentou, quando constatei que realmente era.

     As lonas estavam dobradas rapidamente, e as estruturas das tendas começaram a ser amontoadas pra colocar nas carroças. O Sol finalmente surgiu, fazendo as arvores deixarem uma leve sobre sombre nós, e mesmo com todo o frio, eu já estava suando. Eliza tinha me emprestado uma piranha, e colocando meu cabelo meio preso, que estava bem suado.

     Reparei que estávamos um pouco atrasados, sem Catarina dando ordens por todo o lado, e isso me preocupou um pouco. Barb já tinha começado a organizar as crianças e seus pais, que seguiriam em um grupo protegido, o que me acalmou um pouco, sem deixar que a euforia de um novo lar se acalmasse dentro de mim.

     Eram mais ou menos oito horas quando nos encaramos, alguns olhares perdidos no meio da multidão, e anunciei aos outros que estava na hora de ir. A caravana começou a caminhar, tínhamos alguns longos quilômetros pra percorrer em pouquíssimo tempo...


     A primeira hora de caminhada foi tranquila, tranquila até demais pra tudo o que estava acontecendo. Talvez fosse o meu coração batendo forte, talvez fosse a grande importância que eu estava dando pra essas pessoas, mas eu sentia que algo ia dar errado. Sempre dava errado, sempre tem alguma coisa que dá de errado...

     Barb sorriu pra mim, caminhando ao meu lado, uma tranquilidade que não sabia de onde estava vindo estampada no rosto dela.

     — Você está pálida Violet, estou com medo de ter um piripaque aqui mesmo, e cair dura no chão.— Deu um risinho calmo, que só me fez ficar mais em pânico.

     — Como você está plena e calma, no meio dessa situação?!— Perguntei, os olhos levemente arregalados, suspirando profundamente. Barb me olhou, um pouco com pena de tudo o que eu estava passando, mas tudo o que ela fez foi me entregar um cantil d'água, uma sobrancelha arqueada.

     — Bebe, porque você está quase chorando.

     Eu não tinha reparado nisso, mas realmente estava completamente desconcertada, a ponto dos meus olhos lacrimejarem da mais pura agonia. Peguei o cantil e praticamente virei tudo de um gole só.

     — Ok, eu admito, estou surtando!— Bufei.

     — Jura? Eu nem teria percebido se você não dissesse.— Brincou, e vendo minha expressão brava, prosseguiu.— Emily percebeu que você estava quase explodindo. Violet, tecnicamente, quem está no comando realmente é você, Penelope está foda-se pra isso. Não sei se você reparou, mas as pessoas estão buscando a própria força em você, tem pessoas aqui em volta, que se inspiram na sua felicidade com tudo o que está acontecendo. Se você desmoronar, faz os outros desmoronarem. Pensa nisso. Eu recomendaria que você fosse ver aquela égua, que você gosta, eu não sei o nome dela...

Emily contra o apocalipse ZumbiOnde histórias criam vida. Descubra agora