Capítulo 16 - Histórias pra contar - Parte II (Louis)

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     — Vocês preferem começar pela história desse lugar, ou por como cheguei nele?— Catarina perguntou, colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha.

     — Comece do começo, o que dessas coisas aconteceu primeiro?— Perguntei, estava desconfiada do que aquele lugar era, de tudo o que estava acontecendo.

     — Esse acampamento é um lugar onde podemos ficar bem, onde temos uma comunidade autossustentável com pessoas bem resolvidas que se ajudam com irmandade e harmonia.— Resmungou, as mãos cruzadas no colo. Me encarou por um momento, mais longo do que deveria pra quem não me conhece.— Mas isso não é o que vocês querem ouvir... Bom, nós somos um tipo de comunidade nômade, andando de um lado para o outro, evitando Zeloides e cidades, perigo e acolhendo todas as pessoas que querem e precisam ficar. Temos hortas relativamente grandes, em cima de carroças e uma criação de cavalos, além de uma grande junção de pessoas. Somos 63, a maioria mulheres, algumas crianças e homens, e apesar de termos um grande armamento de proteção, apenas algumas pessoas são autorizadas à andar com armas, apenas para se algum Zeloide ou outra ameaça chegar perto.— Ela parou por alguns instantes, tirando de cima da mesa algum dos papéis que estavam jogados ali. Comeu uma torta, e então continuou.— Como eu cheguei aqui é uma outra história. Depois do fim do primeiro apocalipse, eu acabei me tornando agente especial do governo russo, especializada em aviação. Eu era pilota do exército russo, até que fui transferida para forças especiais, da junção de governos, o SJG, logo no início, e lá fui pilota durante muito tempo. Era muito boa no que fazia, não procurei me especializar em uma aeronave, conseguia pilotar qualquer uma delas. Quando o apocalipse irrompeu de novo, eu não passei mais três meses como agente do governo. A podridão que tinha ali, naquela gente, era pior que os Zumbis do apocalipse anterior. Então decidi que viveria por mim, entrei na floresta à quatro anos, mais ou menos no mesmo tempo que vocês estavam na floresta. Passei seis meses até que todo o meu psicológico tenha se deteriorado, e então eu encontrei esse lugar. Quando eu cheguei, tinha 19 pessoas aqui, e apenas três tendas. Criamos a comunidade juntos, evoluímos tudo isso juntos, e quando chegamos à 40 pessoas, as coisas começaram a ficar caóticas. Então tivemos que eleger um líder, e eu acabei como essa líder, isso faz dois anos e 4 meses. Desde então estamos relativamente bem, e eu monitoro esse lugar e acolho todos os que querem isso. Não é muito emocionante, mas cuidamos de muitas pessoas e tenho uma burocracia grande por aqui com relação à...— Ela parou, mordeu o lábio e depois continuou.— Aos assuntos do acampamento. 

     Esperamos por um longo momento, pensando quem continuaria a falar depois daquilo. Mas ninguém disse mais nada por um tempo, e usei aquilo para digerir a história e sopesar as falas dela pela terceira vez. Nenhuma mentira, pelo que conseguia pensar. Mas ela escondia alguma coisa, isso estava bem mais do que claro.

     — Alguém vai continuar?— Devon resmungou, um pouco impaciente.

     — Eu falo.— Bruna deu de ombros, jogando os cabelos loiros pra trás dos ombros.— Depois que o navio naufragou, eu consegui chegar à praia em cima de uma porta, junto com Edu. Eduardo é o primo de vocês, não sei se lembram, ele tinha 6 ano na época e foi a unica pessoa que consegui salvar... Então eu não vi mais nenhum de vocês. Passei semanas naquela praia, pensando se um dia vocês me encontrariam. Depois que... Que eu perdi as esperanças, eu entrei na floresta com Edu no colo, e fiquei lá durante um mês. As vila de proteção para sobreviventes vieram logo em seguida. Morei em uma com Edu por 3 anos, até que ela foi atacada pelo NEICOGOZ e não tivemos a mesma sorte que vocês, a vila foi tomada. Antes que tudo acabasse e ficássemos presos, eu fugi com meu filho, de novo para floresta, mas acho que isso não é meu forte. Não completamos seis meses no mato e achamos esse lugar. Foi difícil sobreviver mas quando encontramos o acampamento, foi a melhor coisa já vista. Estamos aqui desde então, e hoje ele tem 12 anos... Esse acampamento nos salvou, e eu não considero ir embora.— Ela terminou, os braços cruzados, e fiz o mesmo que fiz com Catarina com ela, sopesando as palavras. Todas verdades, e não estava escondendo nada.

Emily contra o apocalipse ZumbiOnde histórias criam vida. Descubra agora