Capítulo 34 - Tão perto que dói. (Violet)

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     A temperatura tinha despencado nos últimos 20 minutos, por isso, Catarina colocou uma tora pequena e mexeu com o atiçador, na lareira improvisada e o mais segura que conseguíamos deixar. Achávamos que não iria pegar fogo em tudo, ou pelo menos esperávamos que não.

     Eu e Catarina observávamos o fogo, sentadas em duas cadeiras estofadas, uma mesinha de centro abrigava dois copos de café e um rádio pequeno, espremido do lado de um bolo enorme. Eu, com os pés descalços envolvidos só por uma meia, aquecia do lado do fogo, que crepitava baixinho, esperando noticias e tomando mais café do que seria recomendado.

     Estávamos de vigia, esperando o radio chiar e nos trazer noticias dos outros acampamentos. Catarina passava boa parte do tempo ao lado do rádio, os pés batendo no chão, as unhas batucando a mesa de metal com impaciência. Ela estava ansiosa pelo próximo passo, pela próxima coisa que precisava fazer.

     Toda semana iríamos revezar para fazer companhia à Catarina, para assegurar que ela não tenha um ataque cardíaco. Essa semana era minha, então seguia Catarina com o olhar sempre, a impaciência dela sendo um pouco contagiosa.

     — Eu vou enlouquecer com essa espera.— Catarina resmungou.

     — Você precisa se acalmar, não acha que é até bom que as noticias não cheguem tão cedo?— Chamei a atenção dela, sorrindo do jeito mais amável que conseguia.— Assim que temos mais tempo pra treinar, nos preparar.

     — Eu penso nisso também. Mas a cada dia que passam, imagino que perdemos um dia de uma nova vida. A cada dia, penso que a gente poderia não ter que se preocupar com o NEICOGOZ ou os Zeloides, poderíamos só ter que pensar em viver e não sobreviver.— Catarina explicou, encarando as chamas com o olhar cansado.— É como se estivéssemos perdendo tempo...

     — Se pensar por esse lado, podemos dizer que sim.— Disse.— Mas se nem ao menos recebemos a primeira chamada, não é como se o cruzamento já tivesse começado a rodar, não temos um tempo pra fazer as coisas.

     — Acho que você tem razão...

     Ela suspirou, querendo realmente acreditar, mas seriamente, ainda com os olhos carregados de preocupação. O silêncio nos envolveu, o som da madeira quebrando e sendo engolida pelas chamas, crepitando devagar, as fagulhas subindo e desaparecendo logo depois, transformando tudo em carvão.

     — Como anda você e o Daniel?— Catarina perguntou, tão do nada que me fez dar um pulo na cadeira de susto.— Ainda estão juntos, são só amigos, algo mais...?

     — Ah...— Pensei um pouco, segurando a pontada de raiva que sempre vinha quando pensava em Daniel.— A gente se afastou um pouco, depois do que Louis fez a gente revelar. Era  um plano delas, para descobrir se éramos como NEICOGOZ, e mesmo se entendendo que eles estavam desconfiados e com medo, não consigo deixar de me sentir usada...

     Me calei subitamente, quando o rádio emitiu um chiado estupidamente alto, que fez eu e Catarina saltarmos das cadeiras, quase queimando os pés. Um segundo depois, o rádio começou a falar, fazendo nós duas ficar quietas e apreensivas pra ouvir:

     Atenção todos os acampamentos, atenção, todos os acampamentos. Acampamento 05, acaba de chegar na ilha.Inicia-se agora 6 meses antes do corte total de comunicações. Coordenadas da ilha são... Catarina se jogou em cima da mesa, anotando as coordenadas igual louca pela voz no rádio. Com um chiado ainda mais alto, o rádio ficou em silêncio novamente, deixando só o barulho do meu coração batendo forte, e dos meus neurônios funcionando mais rápido do que nunca. Resmunguei.

     — Ok, agora sim o cronometro foi ativado.


     O povo estava reunido em volta da fogueira, alguns flocos de neve rodopiando pelo ar, quando Catarina anunciou as novidades para todos, tão ansiosa,afobada e feliz que quase não se continha dentro de si mesma. Ao contrario do que aconteceu anteriormente, o povo ficou mais eufórico até do que Catarina. Foram necessárias quase 10 minutos para acalmar todos de novo, sentar as pessoas e conseguir pensar de novo. Uma pessoa na plateia perguntou.

     — Quando vamos pra essa nova ilha?!

     Catarina ponderou por 30 segundos, inúmeros pensamentos aparentes no seu rosto. Até que pareceu se decidir do veredicto.

     — Cinco dias. É o tempo necessário para começarmos a colocar o plano em ação. Em cinco dias vamos desmontar o acampamento e seguir para o ponto de encontro. Você serão orientados nesse meio tempo, e devem cooperar com tudo o que for dito.— Anunciou, as pessoas concordando.

      — Será como um dia normal quando mudamos o local do acampamentos, mas a diferença é que não remontaremos. Assim que dissermos, vocês devem se preparar para a desmontagem do acampamento, e nos acompanhar organizadamente ok?— Anunciei, sorrindo um pouco mais para falar com as pessoas.

     Todos parecerem se animar mais ainda, o burburinho se instalando no acampamento tão alto que se sobrepôs ao crepitar da grande fogueira. Eu e Catarina nos encaramos, sorrindo uma pra outra. O barulho do meu coração estava ensurdecedor.


     Os dias seguintes não foram nada menos que caóticos.

     A equipe de elite já tinha sido escolhida, e Daniel tinha escolhido ficar no acampamento, e não participar dessa norma formação da equipe de elite, assim como Barb. Os dois pareciam ter motivos suficientes pra isso, e mesmo eu ainda estando com um pé atrás em relação à Daniel, aceitei que ajudassem com o resto do povo. Penélope tinha me deixado como sua ajudante, para que fosse possível organizar todas as pessoas.

     Nos últimos 3 dias, eu corri de um lado para o outro, o suor escorrendo quase o tempo inteiro, organizando como chegaríamos lá. Lara estava estupidamente amigável e sorridente, e me ajudou a traçar a rota direitinho, já que por algum motivo desconhecido ela tem uma facilidade imensa com mapas e cartografia.

     Penélope não estava fazendo muita coisa, de modo que eu que organizava a maior parte. Mas sinceramente, eu não me importo, até que gosto que tudo esteja na minha mão, da uma sensação de que estou fazendo minha parte e ajudando bem mais do que antes, todas as pessoas. É quase como se tivessem me promovido, e a sensação de ajudar as pessoas é incrível...

     Até agora, eu tinha definido Barb e Daniel como meus principais ajudantes, e Andressa estava por perto sempre, também como uma das principais candidatas. Na noite de hoje, a equipe de elite vai sair, e a última batalha vai acontecer, se tudo der certo... E na manhã, devemos desmontar o acampamento e caminhar para o ponto de encontro.

     Estamos tão perto de conseguir que até dói, tão perto de uma nova vida que me impedia de dormir...

     A nova humanidade está logo ali.

     Só falta conseguirmos chegar lá.



     Oiiiee milhos pra pipoca!! Tudo bom?!! Espero que bem!!

     Desculpa ter atraso o capitulo e estar postando na sexta, caiu uma chuva que queimou meu roteador e não consegui portar, perdoem loves!! Agora a batalha está batendo na porta, acreditem!! Coloquem suas opiniões e teorias nos comentários e não se esqueçam da estrelinha linda que me ajuda demais!

     Beijinhos com sabor de pipoca!!

Emily contra o apocalipse ZumbiOnde histórias criam vida. Descubra agora