Epílogo

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     A campainha tocou, os sinos tocando um por um. Abri um sorriso de orelha a orelha, deixando o prato de arroz em cima da longa mesa pra atender. Abri a porta, Devon abrindo um sorriso de canto lindo.

     — Oi Em.— Me cumprimentou, um beijo rápido.

     — Oi.— Sorri, deixando ele entrar.

     — Senti saudades.— Ele riu, me abraçando enquanto o conduzia para a cozinha.

     — Devon sempre sendo pontual.— Nando entrou na sala de jantar, o prato principal nas mãos e um avental amarelo no corpo.

     — Você acha que eu ia chegar tarde pra comer tudo o que nosso chefe de cozinha faz?— Ele riu.

     — Vocês abusam da minha boa vontade.

     — Não.— Mamãe atravessou a porta que levava para o corredor, caminhando enquanto amarrava os cabelos que começavam a ficar grisalhos.— A gente abusa da sua boa mão pra ponto de carne.

     — Era pra você ser a avó de cabelo grisalho que faz bolo pras crianças.— Abracei mamãe, fazendo ela comer uma azeitona.

    — Você quer que eu envenene alguém, só pode.

     Nós 4 rimos.

     Nando arrumou o prato com um porco enorme no meio da mesa de toalha quadriculada, afastando o arroz e a tigela de batatas, pra mais perto do prato enorme de saladas. As saladas eram o orgulho da vida da minha mãe, com sua horta enorme e muito bem cuidada.

     Tentei me sentar novamente, onde sentava toda vez que almoçávamos na cada de dona Barbara, mas uma bola de pelos preta, enorme de gorda, tinha se apossado da minha cadeira.

     — Pra que dormir na cama que você tem, se pode roubar a cadeiras dos outros, não é Dara?— A gata me encarou com a maior cara de tédio, se espreguiçou e se aconchegou mais nas patas. Nando e mamãe se entreolharam.

     As vezes eu pensava que Nando era mais filho da minha mãe do que eu.

     — Oh de casa!!!— Mais alguém gritou, e sai correndo pra atender a porta de novo.

     Cinco pessoas sorriram pra mim de frente na porta, me assustando com tamanha felicidade.

     — Mas chegou todo mundo junto, é combinado isso?

     — Dona Barbara mora no fim do mundo, a gente pegou o mesmo portal pra cá.— Violet disse, entrando com Daniel atrás.

     Lara, Eliza e Maria Clara, a filha delas, entraram logo depois, duas travessas nas mãos.

     — Mamãe fez um pavê com chocolate e bolacha!— Maria Clara riu, dois dentes da frente faltando e formando uma janela enorme que não estava ali semana passada.

     — Os dois de uma vez!

     — Foram! Eu fiz sete anos e caíram os dois! Nem doeu!!!

     — Sortuda!— Comentei, lembrando da dificuldades que foram quando os meus dentes começaram a cair.

     — Eu sei que o pavê da Eliza é famoso, mas... Tem maionese também, muito bem feita.— Lara colocou a travessa em um canto, bem na frente de Daniel que já encarava a maionese, sorrindo.

     — Vamos comer antes que esfrie minha gente?— Mamãe perguntou.

     — Não repararam em um buraco na mesa não?— Encostada na parede, mais ruiva do que nunca, Louis cruzou os braços sobre a camisa social, com o brasão da prefeitura no peito.

     — Você nunca da tempo da gente reparar.— Abracei Louis. Não vou negar que ela é uma das minhas pessoas favoritas no mundo, por causa da sagacidade que compartilhamos.

     — Não consegui te dar um presente semana passada.— Ela me entregou um embrulho, que se parecia muito com um livro, que me fez sorrir de orelha a orelha.— Feliz 24 anos, Emily.

     A abracei novamente, agradecendo com um aperto grande.

     Nos sentamos pra almoçar, como era tradição da minha família. Olhar pra essas pessoas, sentadas em volta de uma mesa, Louis preparando o baralho pra depois, Devon segurando minha mão por debaixo da mesa, trazia uma paz que era difícil ter com uma mente complicada como a minha.

     Mas com aquelas pessoas era assim.

     Com o novo mundo, a nova humanidade era assim.

     Só tinha espaço pra paz.



     Eu não vou dizer nada. Vou deixar pros agradecimentos.

Emily contra o apocalipse ZumbiOnde histórias criam vida. Descubra agora