Capítulo 35 - Ladras de aviões - Parte I (Louis)

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     Iríamos roubar o avião hoje.

     Quer dizer, não necessariamente hoje, mas sairíamos nessa noite, para a base do NEICOGOZ. Era como se eu já tivesse feito aquilo antes, e já tinha feito mesmo, uma sensação de dejavu me acompanhando.

     Catarina sorriu pra mim, assim que entrei na tenda dela, um sorriso um pouco apreensivo no rosto, as mãos tremendo. Parecia estranho ver ela tão desconcertada, Catarina sempre foi tão calma e controlada... Ela jogou um elástico pra mim, e fiz um rabo de cavalo bem alto, acompanhando Catarina que também prendeu o cabelo castanho claro.

     Wanessa e Lara entraram juntas. Lara tinha cortado o cabelo ainda mais curto, e repicado bem mais do que antes. Abri a boca pra perguntar, mas Lara apontou para Wanessa respondendo a pergunta que ainda nem tinha dito. Devon e nando chegaram um minuto depois, carregando um caixote como se fosse a última coisa que fariam na vida.

     — Vocês demoraram, está tão pesado assim?— Wanessa colocou as mãos na cintura, encarando os dois com as sobrancelhas juntas.

     Devon e Nando fuzilaram Wanessa com o olhar.

     A negra de ajoelhou, abrindo o caixote. Tirou cinco coletes a prova de balas e entregou para nós, junto com um cinto pra armas, que nos apressamos em colocar. Depois entregou as armas, entre pistolas, espingardas, escopetas e fuzis, além de organizar a munição no cinto.

     — Vocês sabem atirar, sabem o que fazer com elas. Vamos economizar um pouco de munição, então não matem as pessoas por favor, incapacitem apenas. Vamos tentar fazer tudo na surdina, para que não seja necessário confronto direto, mas se tudo der merda, não morram, é só o que eu peço!— Wanessa deu as instruções, enquanto arrastava o caixote para um canto.— Matas e coordenadas estão com a gente?— Concordamos com a cabeça, colocando a mão nos bolsos pra checar.— Ok, já que temos tudo, podemos ir.

      Ouvimos o barulho da apreensão, quando vários de nós engolimos em seco. O medo não poderia ser ignorado, mas a esperança das pessoas que iriam ficar também não. Era o momento de levantar a cabeça e foi o que eu fiz, levantei a cabeça e encarei cada um deles, com mais confiança do que antes.

     — Vamos.— Não era uma pergunta.

     Nos direcionamos para a entrada da tenda, dessa vez mais decididos do antes. Um por um, passamos para o lado de fora e para o silêncio que zumbia do acampamento. Todos dormiam Escolhemos esse horário pra sair por ser mais calmo, sem população e sem alarde. assim que demos dois passos pra fora da tenda, um corpo baixinho e esguio correu e saltou sobre Lara, abraçando ela mais rápido do que qualquer coisa. Era Eliza, os olhos puxados um pouco vermelhos e inchados, a pele pálida e corada de frio. As duas deram um olhar tão profundo uma com a outra, que eu mesma derreti com tamanho amor. As duas deram um beijo apaixonada, e mais um abraço forte. Eliza segurou o rosto de Lara, e disse em alto e bom som, a voz firme:

     — Eu demorei 32 anos pra encontrar você! Não quero perder a primeira pessoa que senti isso!— Disse.— Me prometa que vai voltar de lá viva!

     — Prometo, prometo pra você!— Lara respondeu.

     E com mais um beijo, as duas se separaram, Eliza se afastando um pouco, deixando a gente ir. Com uma ultima encarada, Lara e Eliza se despediram, e voltamos a caminhar, dessa vez pra fora do acampamento.

     Suspirei profundamente quando a floresta se abriu a nossa frente, e deixamos o acampamento pra trás. O escuro e os ons da floresta fazia a gente se assustar por qualquer coisa, até com um estalar de ossos ou um animal na mata. Tentávamos manter uma formação básica, mas não muito fácil.

Emily contra o apocalipse ZumbiOnde histórias criam vida. Descubra agora