Capítulo 25 - Eliza (Lara)

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     A chuva dificultava bastante tudo o que precisávamos fazer, montando novamente o acampamento.

     Tínhamos chegado no lugar onde deveríamos montar novamente o acampamento, uma área que aparentemente tinha sido devastada pelo fogo, e exalava um odor constante de fumaça e fogueira. Arvores estavam caídas, folhas apodrecidas fumegavam no chão.

     As carroças pararam , alguns cavalos relinchando, quando Catarina subiu novamente em cima de uma das carroças, e a multidão voltou seu olhar pra ela. Bateu palma, até todos nós estivéssemos com a atenção total nela.

     — Aqui, nós faremos o acampamento, remontando as lonas.— Ela gritou de cima da carroça, fazendo todo o pessoal resmungar um pouquinho.— Mas vai ter algumas mudanças, o acampamento deve ser montado em círculo. Estamos em uma área com um pouco menos de vegetação do que a anterior, precisamos nos proteger de outra maneira, e dessa vez, selaremos alguma proteção. Montem as maiores barracas, e façamos um patio de circulação no meio. O inverno vai ser mais frio esse ano, por conta disso, no centro desse acampamento deve ter uma fogueira onde nos aqueceremos e aqueceremos o acampamento todo. Provavelmente, muitas das camas precisarão ser montadas em dormitórios coletivos, eu mesma dormirei em um deles, então, vamos todos ter um espirito de coletividade e ajuda com os outros!— Catarina desceu da carroça, com um pouco de dificuldade, e nós começamos a nos organizar para a montagem novamente do acampamento.

     Tossi um pouco, enquanto era levada pela multidão tentando mostrar serviço, por conta de toda a fumaça que subia do chão.

     — Você, vem cá por favor.— Uma moça qualquer me chamou, uma forquilha nas mãos.— Pode ajudar aqui, as folhas das arvores que queimaram estão no chão, e pode ter algum foco de incêndio aqui no meio. Não podemos arriscar incendiar o acampamento, então, se puder varrer as folhas e apagar alguma fagulha...— A moça me entregou a forquilha, assim que concordei com a cabeça.

     Bom, era alguma coisa para ocupar a mente, e tudo o que pudesse ocupar a mente era importante.

     Tinham outras pessoas com forquilhas, também tirando as folhas do chão. Então, me encaminhei para um lugar onde não tivesse tanta gente arrumando coisas, e comecei o trabalho, arrastando as folhas até um monte, e fazendo a fumaça que saia se dissipar.

     Murmurando alguma musica de antes do apocalipse, varri com a forquilha todas as folhas, até que a fumaça não existisse mais, isso, já tinha anoitecido e a lua acompanhava o som do vento frio que açoitava meus cabelos. Já tinham varias tendas completamente arrumadas, isso incluindo a tenda do refeitório, e o escritório de Catarina.

     — PUXEM!— Ouvi gritos estridentes, vindos um pouco mais para o lado.— Quem está com o martelo?!— A mesma moça que pediu para eu ir varrer as folhas gritava, com outras cinco pessoas que tentavam de toda maneira deixar a lona de uma barraca fixa no chão, mas a ventania não deixava.

     Corri para tentar ajudar, agarrando a corda que voava da tenda, deixando o vento entrar e não deixando que estendêssemos a tenda.

     Agarrei a corda, enroscando ela na mão, e puxando com toda a força que tinha, abaixando finalmente a lona e fazendo com que fosse possível fincar as estacas com a corda no chão. Quando todas elas já estavam fincadas no chão, a mulher que tinha falado comigo se aproximou, um sorriso no rosto.

     — Obrigada pela ajuda, estava bem complicado ali...— Disse, o sorriso perfeito brilhando um pouco.

     — Não foi nada...— Sorri de canto de boca.

     — Me chamo Eliza.— Disse, tentando continuar a conversa.

     — Lara.— Respondi, e quando percebi que tinha sido um pouco grosseira, continuei.— Prazer.

     — Prazer!— Riu, os olhos se iluminando como duas grandes estrelas. Eliza não parecia ter mais de 30 anos, a pele bem cuidada, apenas uma linha no canto dos olhos, uma feição oriental. Os cabelos negros escorriam pelas costas até a cintura, parando ali simetricamente, e a franja encostava nas sobrancelhas, constantemente arqueadas, cortada à navalha.

     Eliza corou, assim fazendo eu perceber que encarava ela por tempo demais, e corei também, na mesma intensidade, nossas peles pálidas ficando rosadas.

     — Quer ajudar a montar os aros lá dentro? Eles são pesados, e parece que você é bem forte...— Murmurou.

     — Vou ajudar sim...— Olhei para o chão, seguindo ela.

     Respirei fundo, tentando colocar os pensamentos no lugar, junto com meu cabelo completamente bagunçado.

     Pegamos os aros que sustentavam as lonas, enquanto eu segurava uma borda deles e Eliza organizava a lona por cima do aro. Isso, fizemos durante um longo tempo, com a ajuda de outras duas pessoas, até que o forro estivesse totalmente liso no chão e os aros estivessem rígidos no teto.

     Bati as mãos para tirar a poeira e um pouco de fuligem, e saí de dentro da cabana, olhando em volta.

     O acampamento estava quase pronto. Faltava apenas colocar as coisas dentro das tendas, e nos mudarmos para elas. Fora isso, só a fogueira que Catarina disse, faltava no meu campo de visão. Tinha dado trabalho tudo aquilo, mas dava uma sensação satisfatória no coração.

     — Admirando nosso trabalho bem feito?— Eliza perguntou, aparecendo do meu lado com os braços cruzados. Naquela posição, reparei nas suas unhas pintadas de azul claro, e franzi as sobrancelhas, imaginando onde conseguiu esmalte...

     — Mais ou menos, me parece um trabalho bom...— Disse, me sentindo idiota logo depois.— Quer dizer, me parece bom termos feito tudo tão rápido...— Encarei as tochas que crepitavam nos postes.

      Eliza riu baixinho, o que fez eu encarar os olhos dela, puxados e com um único pé de galinha no canto, um brilho engraçado no olhar.

     — Você fica engraçadinha quando está com vergonha!— Elogiou, me fazendo arquear as sobrancelhas.

     Eu nunca tinha sido chamada de engraçadinha, por ninguém... A palavra parecia menos estranha do que deveria na voz dela, e isso provavelmente me fez corar.

     — Obrigada. Eu acho...— Sorri um pouquinho.— Você é... Bem gentil.

     — LARA!!!— Um grito de uma voz conhecida me chamou, fazendo com que eu olhasse em volta, procurando alguém. Louis veio caminhando até mim, devagar quase parando, o que fez com que eu bufasse profundamente.— Estava te procurando, nós arrumamos nossas coisas em uma das tendas prontas, colocamos as suas lá também, tudo bem?

     — Tudo bem Louis.— Respondi, um pouco mais seca do que gostaria. Louis encarou Eliza ao meu lado.

     — Ola!— A oriental disse.— Sou Eliza, prazer!

     — OI, Louis, o prazer é meu...

     As duas se olharam por um momento meio longo.

     — Acho que você precisa ir não é?— Eliza disse, abrindo o maior sorriso que já vi alguém ter.— Até mais, Lara!

      E foi embora sem dizer mais nada. E eu, fiquei parada por um momento, encarando o espaço vazio onde Eliza esteve um segundo antes. O sorriso dela fez questão de não sair da minha cabeça...


     OIiieee milhos pra pipoca!!! Tudo bem com vocês? Espero que sim.

      Eu não vou dizer muita coisa sobre essas duas, kkkk. Coloquem suas opiniões e teorias nos comentários e não se esqueçam da estrelinha linda que me ajuda demais!!!

     Beijinhos!!!

Emily contra o apocalipse ZumbiOnde histórias criam vida. Descubra agora