Capítulo 3 - A grande cidade Zeloide. (Louis)

98 16 2
                                    

     Emily tinha febre e calafrios. Provavelmente era uma gripe um pouco mais forte, mas não era bom arriscar por Em ser muito nova e ter poucos anticorpos. Sem acesso às vacinas, era difícil manter a saúde, ainda mais dormindo no sereno (outro dos porquês a fogueira era importante mesmo no calor, nos ajudava à manter o nível de calor no corpo, já que dormíamos no chão, e a terra rouba o calor corporal). A ida na cidade garantiria algum remédio pra ela e comida, na melhor das hipóteses.

     Meu plano bolado na madrugada consistia em sermos discretos, sem fazer barulho e usarmos as armas em situações extremas. Os mercados não devem ter muita coisa, mas estou contando com enlatados, ou algum frigorífico que não tenha sido aberto nos últimos 7, 8 anos, e as carnes estejam congeladas o suficiente para não terem estragado mesmo sem energia.

     Enquanto fazíamos as últimas precauções para a missão, eu revisava todas as falhas nesse plano. Sim, era muitas, era um plano medíocre, preciso dizer. As falhas eram contar com a sorte, em querer um medicamento não vencido, era tantas que poderiam nos destruir, mas o que poderíamos fazer? Era apocalipse, e apesar de ser um plano medíocre, era tudo o que tínhamos.

     Verifiquei nosso estoque de munição (provavelmente a única coisa que não estava em falta atualmente), recarregando o revólver e colocando-o de volta no cinto. Arrumei a mochila nas costas, olhando a expressão perdida de Devon encarando o chão de terra.

     Daniel, Nando e Barb agacharam na altura de Emily, buscando conversar com ela, enquanto eu, Devon e Lara nos enfileirávamos para olhar. Mesmo sendo só 4 anos mais nova que Devon, ela era infinitamente mais ingênua.

     — Em, hoje é um dia importante, um dia que você precisa obedecer a mamãe.— Barb segurou o rostinho da filha com as mãos.— Sob hipótese alguma você pode desobedecer alguma coisa que eu disser.

     — Não saia do nosso lado, de jeito nenhum.— Nando avisou.— Sempre vamos estar te protegendo, então fique do nosso lado, ok?

     Emily concordou. Foi a vez de Daniel.

     — Emily, é arriscado. Você precisa saber que se alguma coisa de errado, você não pode se desesperar ou ficar com medo. Todo mundo aqui vai te proteger...

     — Ah, pelo amor de Deus, já entendemos!— Devon bufou, a cara mal humorada. Revirou os olhos, batendo os pés na terra impaciente.

     Os três arregalaram um pouco os olhos, perdendo o olhar em Devon. Então concordaram, se levantando. Não era segredo pra ninguém que Devon achava um absurdo a forma como cuidavam e educavam Em. Me confidenciou algumas vezes o quanto aquilo era perigoso para a menina no futuro... Conseguia ouvir a voz dele reclamando na minha mente...

     Estamos no apocalipse. Se por acaso acontecer uma chacina, se todos acabássemos mortos, ou sobrasse só eu e Emily, seria quase impossível sobrevivermos, porque ela é inútil e ingênua demais. É horrível o que estão fazendo com ela, não deixando que sobrevivam sozinha

     Eu não tinha realmente uma opinião sobre isso. Emily não era nada minha. Nem Lara parecia opinar, se bem que ela não dizia o que pensava em nada que não tivesse a ver com os gêmeos, ou o passado.

     Desliguei meus pensamentos, acionando os instintos de sobrevivência que deixava guardados. Nos voltamos para as sombras dos arranha-céus ao longe, suspirando antes de partir.


     Faltavam poucos metros para a rodovia que saia da cidade, nossa porta de entrada para a missão. Normalmente não levávamos todo mundo em uma missão, em caçadas ou para reunir suprimentos, mas essa era uma missão diferente, perigosa em um nível que precisávamos de toda ajuda possível, e que para manter ma estabilidade, era necessário que todos venham (apesar de não querer admitir, Nando e Daniel morrem de medo de deixar Emily e Barb sozinhas e a mãe fugir com a menina).

     — Olhem, a partir daqui começa o perigo real.— Virei para Barb e Emily.— Vocês duas são nosso grupo de risco, então fiquem por perto, sempre com a arma carregada Barb, mas só atire em caso extremo. Olhos bem abetos, vamos tentar não entrar muito na cidade, então procurem mercados e lugares de suprimentos o mais perto possíveis da saída. Entendidos?

      Concordaram com a cabeça.

     Pulei a mureta da rodovia, já preparada para o que der e vier. A rodovia estava sem uma alma viva, seja Zeloide ou animais, o que era bom para nós. Caminhamos, tentando fazer o mínimo de barulho possível, enquanto as pequenas casas e estabelecimentos começaram a aparecer.

     — Seria interessante entrarmos em alguma casa?— Nando murmurou, baixinho.

     — Não vamos encontrar nada, tudo já deve estar vencido a muito tempo dentro dessas casas.— Respondi.

     As casas começaram a ser frequentes, e fomos obrigados a escolher alguma rua pra entrar, vendo Zeloides caminharem devagar pelas ruas, gemendo e rosnando. Era até engraçado, como pareciam se comportar como civis, caminhando como se olhassem lojas e conversassem. Provavelmente resquícios de humanidade...

     Agora realmente estamos dentro da cidade. Em silencio e mal respirando, íamos o mais longe possível dos Zeloides que não era tantos quanto eu esperava (provavelmente por conta da questão do N.E.I.C.O.G.O.Z, que pelo que víamos, tinha pego muitos Zeloides nas cidades para pesquisa), mas que poderiam fazer um estrago enorme, caso reparassem na nossa presença. Arrastei o pé para um calçamento que parecia firme o suficiente para não fazer barulho, cuidadosamente seguindo em frente.

     — 500 metros à esquerda. Parece ter um dos grandes mercados, um hipermercado pra lá. É nossa melhor chance por enquanto.— Devon sussurrou baixinho do começo da fila indiana que andávamos.

     Concordamos todos com a cabeça, Devon virou na rua que segundo ele, nos levaria até o mercado, e todos o seguimos, ainda em silêncio.

     Não consegui evitar apontar a arma quando vimos a quantidade de Zeloides naquela rua, larga e pavimentada. Podia chamar de horda, já que pareciam andar em bando. A rua era um cruzamento com rotatória, infestada de Zeloides, onde do outro lado estava o mercado, uma construção enorme e provavelmente muito lucrativa pra nós.

     Tinha um posto de gasolina abandonado bem na esquina da rua, onde não havia nenhum Zeloide, e era uma forma de contornarmos a grande horda até certo ponto. Partimos instintivamente por ali, pé ante pé na fila indiana.

     Com os olhos presos nos Zeloides, já tínhamos atravessado metade do posto de gasolina. A horda ia em sentido contrário ao nosso, vagarosamente. Tudo indo nos conformes...

     Creck!!!

     Meu coração parou por um momento, o sangue correu mais rápido nas veias.

     O telhado precário do posto rachou, apoiado em fios elétricos.Devagar, um por um dos fios rompeu, e assim que último não aguentou, o poste de iluminação e a estrutura de plastico e metal despencaram. Todo isso fez um barulho estrondoso, atraindo olhares dos Zeloides.

     Antes mesmo que tudo aquilo chegasse ao chão, nós já estávamos correndo.


     Oieee milhos pra pipoca!!! Tudo bom com vocês? Espero que sim!!!

     Muitas coisas acontecendo nesse capítulo, principalmente muita treta! Na realidade, nesse momento vai começar a real treta de tudo nessa história! Coloquem suas opiniões e teorias nos comentários, e não se esqueçam da estrelinha linda que me ajuda demais!!!

     Té amanhã milhos pra pipoca, beijinhos!!!

Emily contra o apocalipse ZumbiOnde histórias criam vida. Descubra agora