Capítulo 10 - Forte e determinada (Barb)

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     Minhas costas doíam profundamente, com profundas alfinetadas toda vez que eu me movia um centímetro. Isso por conta da Emily. Mas não me arrependia um só segundo, protegeria minha filha até que o céu desabasse sobre nós, literalmente.

     Não faz mais que a sua obrigação, você é a mãe dela!  Era uma verdade, mas preferi alimentar um pouquinho meu ego.

     Com Em no colo, e ignorando as dores pelo meu corpo, olhei para a horda de Zeloides, e para o rosto de Louis, desfigurado por uma calma controlada e pacífica. Tentei imitar toda a calma que a garota tinha, mas falhava miseravelmente...

     Para que? Você deve estar passando vergonha Barbara! Tentar não ofende ninguém!

     Agarrei mais a Emily no colo, me impulsionando para frente, junto com Daniel e Nando que me escoltavam. Lara, Louis e Devon se adiantaram mais, indo em direção à horda.

     Os Zeloides viraram os rostos pálidos para nós, as pupilas invertidas brilhando em expectativa, alguns com sangue escorrendo da boca e colado no rosto. O medo começou a se espalhar pelo meu corpo, quando alguns Zeloides começaram a correr na nossa direção, mas Emily fez com que eu continuasse.

     Proteger ela.

     Protegeria minha filha!

     Continuei correndo. Nando afastou os Zeloides que chegavam perto com sua marreta, fazendo um tanto de sangue voar pra tudo quanto é lado, inclusive manchando meus sapatos e a minha jaqueta. Consegui que nada atingisse Emily.

     Placas na rua diziam, que a saída para a rodovia ficava a um quilômetro e meio de onde estávamos. Um quilômetro e meio para conseguirmos sair daqui, ficar em paz novamente.

     As coisas não estão em paz. Vai pra puta que pariu, voz da desgraça!

     Tiros foram disparados pela rua, e corpos caíram à nossa frente, dando passagem. Era uma horda grande demais, para poucos tiros que temos e para o que podemos tacar e atingir eles. Mesmo assim, continuamos a correr, abrindo o mar de Zeloides aos poucos para passarmos.

     — Vão se foder, desgraçados!!!— Lara gritou, uma irritação destroçando mais Zeloides com as facas de caça de Louis. Nunca vi ela ser tão destrutiva, psicopata quase, esfaqueando e impossibilitando vários Zeloides de uma vez.

     Era uma Lara diferente da Lara que eu conhecia... Bem diferente...

     Você não conhece ela. É uma verdade. Você acha que conhece ela. Ela pode ser uma serial killer, que assassinaria pessoas sem dó nem piedade... Eu já falei pra calar essa poha dessa voz! Você não pode calar sua consciência Barbara.

      Mordi o lábio forte, mas nem sentindo essa junto as outras dores que eram muito maiores no meu corpo. Meus passos fraquejaram durante a corrida, e por um momento achei que iria cair com Emily no asfalto quente, rodeadas de Zeloides.

     Eu reconhecia o nome daquela dor. Ela tinha dois nomes, que causavam o mesmo pânico em mim. Medo e cansaço. Um se sobrepondo ao outro, e ao meu autocontrole.

     Minha filha agarrou meu pescoço mais forte, buscando conforto e segurança; Me obriguei a poder dar isso a ela. Agarrando-a mais contra mim, assegurando que Emily não cairia. Protegeria ela.

     Mais e mais tiros, mais metros percorridos, mais perto da tão querida segurança. Cada vez mais dispersos. Nando e Daniel tentavam me acompanhar, mas era complicado derrubar tantos de uma vez só, e ainda cuidar de Emily. Mas eu era a mãe dela, e mesmo irmãos, ela era minha filha. Minha. Filha.

     Corri mais rápido, porque era por mim que estávamos tão devagar. Olhei para Devon, o mais próximo de mim agora, duas armas nas mãos. Pedi uma, e vi o olhar que me encarou, o sorrisinho de canto de boca, os olhinhos brilhando por um motivo que eu não sabia qual era, e jogou a arma no ar pra mim. Peguei. Carregada e engatilhada. Gosto de como Devon pensa.

      Segurei Em de outro jeito, deixando uma das mãos livres agora. Quatro tiros. Nada mal... Três na verdade agora...

     Isso era bom. A sensação do gatilho. Claro que eu já tinha atirado, mas agora tinha alguma diferença, que eu não conseguia identificar qual era, em puxar aquele gatilho e recarregar rapidamente.

     Sentido materno. Uma mãe faz rudo pra proteger sua cria. Seria realmente isso?

      Aquilo era como uma dança, mas muito mais caótica. Ainda não estava com os punhos no jogo, mas dançava em volta deles, passando entre a multidão. A arma, segurando os tiros. Já não via mais nenhum dos meus, e teria que me virar sem ver mais um porto seguro.

     Um deles pulo em mim, mas minha dança caótica o despistou. Eu corria, lutava e desviava de tudo, e a sensação de fazer tudo isso era completamente incrível. Destrutiva e forte.

      Já via um dos meus, lutando também, como sempre estava. Sorri, mas meu sorriso desapareceu junto à correria, por quê corria para que meu segundo tiro salvasse um dos meus. Louis olhou o corpo caído ao seu lado, que a poderia destruir, e me encarou por um breve momento, grata. Mas não tínhamos tempo para agradecer uma a outra, precisamos correr como nunca corremos antes. Mas dessa vez, juntas.

     Ao longe eu vi que Louis sabia onde os nossos estavam, por que a fatora corria em direção específica demais para ser apenas aleatória. O mar de inimigos estava caindo, mas não tínhamos como fazer com que todos caíssem também.

     Mais 50 metros adiante, encontramos Devon, e Daniel, as costas encontradas uma na outra, dois rostos sujos, não sabia ser de sangue ou algo mais. Estávamos em 4, faltavam dois para a correria vir aos meus pés. Recomecei as danças caóticas com Emily no colo, mas agora tomando cuidado para não me afastar tanto dos meus.

     Devon e Lara escorregaram por entre minhas pernas, quase fazendo com que eu e Emily caíssemos com tudo no chão.

     — Mãe... Eu to com medo.— Emily resmungou, se manifestando com a voz pela primeira vez.

     — Aguenta um pouco mais querida, já está quase acabando.— Respondi, abraçando ela mais forte.

     Não era uma mentira, agora estávamos todos reunidos, e não importa o que aconteça, vamos sair todos daqui. Dei uma guinada para perto da calçada, saindo do meio da maior concentração de Zeloides, e fiz Louis vir junto. Com isso, estabelecemos uma linha de raciocínio e correria igual, que nos levava para a rodovia, e de volta para uma vida calma.

     Corríamos tão rápido e sem olhar pra trás, que nenhum Zeloide conseguia chegar à alcançar um de nós. Era a própria personificação do desespero.

     Mas lá no fundo, conseguíamos ver as montanhas e os campos enormes, tão perto, que conseguiríamos chegar em minutos!

     Chegaríamos, não importa o que fosse preciso, estaríamos a salvo.

     Olhe só, Barbara tentando ser uma mulher forte... Determinada... Você vai falhar em algum momento, sabe disso, e quando acontecer...

     EU. JÁ. MANDEI. VOCÊ. CALAR. A POHA. DA BOCA.

     Eu posso calar.... Mas você não pode dizer, que o que eu digo é mentira. Calei minha mente, porque mais um segundo seria capaz de me matar.

     E também porque odiava quando essa voz esfregava verdades na minha cara.


     Oiieee, milhos pra pipoca!!!! Tudo bom com vocês?! Espero que sim!

     O que acharam de dona Barbara sendo mais foda? Oq pra vocês levou ela a ter que se tornar assim? E essa voz que a Barb ouve, tem ideia do que ela seja? Ou melhor, de quem ela seja..? Coloquem suas opiniões e teorias nos comentários, e não se esqueçam da estrelinha linda que me ajuda demais!!

      Beijinhos, e até amanhã milhos pra pipoca!!!

Emily contra o apocalipse ZumbiOnde histórias criam vida. Descubra agora